TJPA - 0800719-92.2022.8.14.0104
2ª instância - Câmara / Desembargador(a) Desembargadora Maria do Ceo Maciel Coutinho
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Ativo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Polo Passivo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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07/11/2023 07:31
Remetidos os Autos (por julgamento definitivo do recurso) para Baixa ou Devolução de Processo
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07/11/2023 07:30
Baixa Definitiva
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07/11/2023 00:38
Decorrido prazo de ROMUALDO CALDAS DOS SANTOS em 06/11/2023 23:59.
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26/10/2023 00:23
Decorrido prazo de ROMUALDO CALDAS DOS SANTOS em 25/10/2023 23:59.
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25/10/2023 00:17
Decorrido prazo de BANCO PAN S.A. em 24/10/2023 23:59.
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28/09/2023 00:09
Publicado Intimação em 28/09/2023.
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28/09/2023 00:09
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 28/09/2023
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27/09/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ DESEMBARGADORA MARIA DO CÉO MACIEL COUTINHO 1ª TURMA DE DIREITO PRIVADO JUÍZO DE ORIGEM: VARA ÚNICA DA COMARCA DE BREU BRANCO APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº: 0800719-92.2022.8.14.0104 APELANTE: ROMUALDO CALDAS DOS SANTOS Advogado(s) do reclamante: SANDRO ACASSIO CORREIA APELADO: BANCO PAN S.A.
Advogado(s) do reclamado: ANTONIO DE MORAES DOURADO NETO RELATORA: Desembargadora MARIA DO CÉO MACIEL COUTINHO DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de recurso de AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO (ID 14190889) interposto por ROMUALDO CALDAS DOS SANTOS contra decisão monocrática (ID 13810137) que conheceu e negou provimento ao recurso de Apelação por si interposto.
Historiam os autos, que a Apelação foi manejada pelo agravante, contra sentença (ID 13744616) proferida pelo Juízo Vara Única da Comarca de Breu Branco, nos autos da Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica c/c Reparação de Danos Materiais com Repetição do Indébito e Pedido de Indenização por Danos Morais com Pedido Subsidiário de Anulação de Negócio Jurídico, ajuizada em face de BANCO PAN S/A, que indeferiu a inicial por ausência de interesse de agir (art. 330, III c/c art. 485, I do CPC) e condenou o causídico ao pagamento de multa por litigância de má-fé (art. 80, III c/c e art. 81, §2º do CPC).
Nas razões do Agravo Interno, a parte ora agravante aduz a impossibilidade de julgamento monocrático do recurso, ante a existência de posicionamento não pacífico na turma quanto a matéria controvertida nos autos, porquanto há inúmeros julgados cuja apelação foi provida para anular a sentença em casos semelhantes.
Afirma que colacionou documentos e vídeos que afastam qualquer suspeita acerca da aquiescência dos autores para o ingresso das demandas proposta pelo causídico.
Em razão do exposto, requereu o conhecimento e provimento do Agravo Interno, a fim de reformar a decisão ora agravada para dar provimento ao recurso de Apelação por si interposto.
Instada a se manifestar, a parte agravada apresentou contrarrazões (ID 14415022). É o relatório.
Decido. 1.
Admissibilidade Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. 2.
Mérito recursal O objeto do presente Agravo Interno é a decisão monocrática que conheceu e negou provimento ao recurso de Apelação, mantendo a sentença de indeferimento da petição inicial por ausência de interesse de agir.
A priori, ressalto que na via estreita deste Agravo Interno cabe tão somente verificar se a decisão guerreada, proferida por esta relatora, está corretamente alicerçada para negar provimento ao recurso de apelação.
Nesse sentido, verifico assistir razão à parte agravante, pois apesar de a exordial apresentar irregularidades, que conduziriam ao seu indeferimento, o juízo a quo não oportunizou a emenda da inicial para a correção do vício, na forma imposta pelo art. 321 do CPC.
A sentença indeferiu a petição inicial do autor, com base nos artigos 330, III e 485, I do CPC, por ausência de interesse de agir, diante da identificação de suposto vício nas procurações e da configuração de litigância predatória, considerando o ajuizamento de centenas de ações idênticas, em curto espaço de tempo pelo mesmo causídico.
Contudo, entendo que o ponto fulcral, que culminaria no indeferimento da inicial, é a ausência de indicação clara da causa de pedir, consistente na correta indicação dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, uma vez que a parte autora realmente não aponta, no bojo da inicial, qual a suposta ilegalidade, pois afirma não ter certeza se realizou ou não o negócio jurídico, e que somente poderia confirmar tal circunstância no decorrer do trâmite processual, com a apresentação do contrato.
Tal alegação conduziria ao entendimento de que a parte não tem interesse para ajuizar a ação - diante da inexistência de ilícito -, ou que a medida judicial adequada para o caso era a de produção antecipada de provas, regulada nos artigos 381 a 383 do CPC[1], própria para situações em que a parte busca averiguar se a contratação operou ou não de forma regular.
O demandante apresenta causas de pedir diversas e contraditórias: i) que não realizou a contratação; (ii) ou que, comprovado que realizou, a celebração do negócio foi nula por vício de consentimento, consubstanciado na ausência de informações claras sobre a contratação.
Ora, a parte tem que decidir: está ingressando com a ação porque não realizou a contratação, ou está ajuizando a ação para questionar vício de consentimento porque não foi informada sobre os termos contratuais.
Não há como compatibilizar as duas causas de pedir na mesma ação, pois essas alegações genéricas e contraditórias evidenciam que a parte sequer sabe se o ilícito ocorreu, além de inviabilizar o exercício de defesa da parte contrária.
A exigência lógica da correta indicação dos fatos na petição inicial, componentes da causa de pedir, encontra fundamento no art. 319, III do CPC, e a descrição suficiente dos fatos e sua conexão com o pedido são requisitos para o conhecimento da ação a fim de viabilizar minimamente a defesa.
Tal desconexão leva à inépcia da inicial.
Neste sentido a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça: EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.
INSCRIÇÃO DE ESTADO-MEMBRO NO SIAFI/CAUC/CADIN.
AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO SUFICIENTE DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO.
CAUSA DE PEDIR.
REQUISITO PARA O CONHECIMENTO DA AÇÃO.
INÉPCIA.
PEDIDO GENÉRICO.
INVIABILIDADE.
AÇÃO EXTINTA SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1.
A descrição suficiente dos fatos e dos fundamentos jurídicos compõe a causa de pedir e sua deficiência, sob pena de inviabilizar a defesa, leva ao indeferimento da petição inicial por inépcia na forma prevista no Código de Processo Civil. 2.
O pedido deve ser formulado de forma certa e determinada, não se admitindo sua formulação em termos genéricos, salvo as exceções expressamente previstas (nenhuma delas aplicável ao presente caso).
Precedentes. 3.
Agravo regimental a que se nega provimento. (ACO 2968 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 04/11/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-268 DIVULG 09-11-2020 PUBLIC 10-11-2020) “A aptidão da inicial pressupõe a articulação harmoniosa de alguns requisitos, dentre eles a indicação precisa dos fatos e dos fundamentos jurídicos que dão suporte ao direito vindicado.” (REsp 1305878/SP, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 11.11.2013, destaquei) AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.
INSCRIÇÃO DE ESTADO-MEMBRO NO SIAFI/CAUC.
PEDIDO GENÉRICO.
INVIABILIDADE.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
I.
O pedido deve ser formulado de forma certa e determinada, não se admitindo sua formulação em termos genéricos, salvo as exceções expressamente previstas (nenhuma delas aplicável ao presente caso).
II.
Agravo regimental a que se nega provimento, com majoração de honorários advocatícios, nos termos do art. 85, § 11º, do CPC.” (ACO 1449 AgR, Relator Min.
Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe 07.6.2017, destaquei) Não obstante o apelante não tenha indicado, de forma suficiente, como exige o Código de Processo Civil (art. 330, § 1º, I, do CPC), a causa de pedir de sua ação, antes do indeferimento da inicial, o juízo deve ser oportunizar ao demandante a regularização do vício, com intimação para emendar a inicial, por força do art. 321 do CPC, in verbis: Art. 321.
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único.
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
Nesse sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSO CIVIL.
COMPETÊNCIA DA SEGUNDA SEÇÃO.
PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO.
ARTS. 14, II E 34, IV E XII, AMBOS DO RISTJ.
PREQUESTIONAMENTO FICTO PREVISTO NO ART. 1.025 DO CPC.
ADMISSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE SE APONTAR VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC.
ART. 321 DO CPC.
EMENDA À INICIAL.
PRECEDENTES. 1.
Recurso especial submetido a julgamento por parte da Segunda Seção, nos termos dos arts. 14, II e 34, IV e XII, ambos do RISTJ.
Observância dos princípios da segurança jurídica e da duração razoável do processo. 2.
A admissão de prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC), em recurso especial, exige que no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do CPC, para que se possibilite ao órgão julgador verificar a existência do vício inquinado ao acórdão, que, uma vez constatado, poderá dar ensejo à supressão de grau facultada pelo dispositivo legal. 3.
O indeferimento da petição inicial, quer por força do não-preenchimento dos requisitos exigidos nos arts. 319 e 320 do CPC, quer pela verificação de defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, reclama a concessão de prévia oportunidade de emenda pelo autor, nos termos do art. 321 do CPC.
Precedentes. 4.
Provimento jurisdicional deve ser emitido de forma fundamentada, sob pena de ofensa ao art. 11 do CPC e ao art. 93, IX, da CRFB. 5.
Recurso especial conhecido e provido para reformar o acórdão impugnado e determinar o retorno dos autos ao Juízo de 1º Grau, a fim de que seja cumprido o art. 321 do Código de Processo Civil. (STJ - REsp: 2013351 PA 2022/0213261-8, Data de Julgamento: 14/09/2022, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 19/09/2022) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO CAUTELAR DE ARRESTO.
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL POR SUPOSTA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 813 DO CPC.
NECESSIDADE DE PRÉVIA OPORTUNIDADE DE EMENDA À INICIAL.
ART. 284 CPC/1973.
ATUAL ART. 321 CPC/2015. 1.
No presente caso, a Corte de origem, entendendo ausentes os requisitos dos arts. 813 e 814 do CPC de 1.973, indeferiu de plano a petição inicial da cautelar de arresto. 2.
Como pretendeu, de logo, indeferir a inicial, reconhecendo a aplicabilidade do art. 283 do CPC/1973 somente em grau de apelação, caberia ao Tribunal devolver os autos à instância de início para oportunizar à parte sanar o vício.
Ao não fazê-lo, violou o revogado art. 284 do CPC/1973, atual art. 321 do CPC/2015. 3.
Segundo a jurisprudência consolidada desta Corte Superior, o indeferimento da petição inicial, quer por força do não-preenchimento dos requisitos exigidos nos arts. 282 e 283 do CPC, quer pela verificação de defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, reclama a concessão de prévia oportunidade de emenda pelo autor (art. 284, CPC).
Precedentes. 4.
Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial. (STJ - AgInt nos EDcl no AREsp: 1186170 RS 2017/0262350-3, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 22/03/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/04/2018).
PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO REGIMENTAL.
RECURSO ESPECIAL.
PETIÇÃO INICIAL.
INDEFERIMENTO LIMINAR.
IMPOSSIBILIDADE.
ART. 284 DO CPC.
OPORTUNIDADE DE EMENDA.
OBRIGATORIEDADE.
I – A emenda da petição inicial é um direito subjetivo do autor, constituindo cerceamento de defesa o indeferimento liminar da petição inicial, sem se dar oportunidade para a emendar.
Nesse sentido, estando deficiente a petição inicial, deve o juiz, obrigatoriamente, determinar a oportunidade de emenda e, somente se não for atendido, é que poderá decretar a extinção do processo.
II - "Ofende o Art. 284 do CPC, o acórdão que declara extinto o processo, por deficiência da petição inicial, sem intimar o autor, dando-lhe oportunidade para suprir a falha" (REsp nº 390.815/SC, Relator Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, DJ de 29/04/2002, p. 00190).
III - Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 556.569/RJ, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2003, DJ 22/03/2004, p. 243). (grifo nosso) Dessa forma, verificando o juízo singular que a inicial apresentou defeitos, deveria ter promovido o chamamento do autor, por intermédio do seu advogado, para sanar o vício que havia sido constatado, conforme o dispositivo legal acima transcrito.
Por derradeiro, registre-se que inexiste previsão legal para o indeferimento da inicial pela prática de advocacia predatória.
Contudo, nada impede que o magistrado, no exercício do poder geral de cautela, adote medidas para coibir o ajuizamento de demandas fabricadas, como a solicitação de informações às partes, a inversão dinâmica do ônus da prova (a fim de determinar à parte autora a produção da prova que lhe seja de fácil obtenção, como os extratos bancários), a determinação de comparecimento da parte para ratificar a procuração outorgada (sobretudo se a data da assinatura da procuração for muito anterior ao ajuizamento da demanda) e a reunião das ações para julgamento conjunto, inclusive para eventual fixação de danos morais, a fim de evitar o enriquecimento sem causa por parte do demandante. 3.
Dispositivo Ante o exposto, exercendo o Juízo de retratação, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO ao presente Agravo Interno a fim de reformar a decisão monocrática agravada e, por conseguinte, acolhendo a preliminar de nulidade da sentença, DAR PROVIMENTO ao recurso de Apelação interposto pela ora agravante, no sentido de que a sentença de 1º grau seja desconstituída, ao tempo em que delibero: 1.
Devolvam-se os autos ao Juízo a quo para que seja oportunizado à parte autora a emeda a inicial na forma do art. 321, do CPC; 2.
Intimem-se as partes; 3.
Transitado em julgado, arquivem-se imediatamente os autos, com a respectiva baixa em sistema; 4.
Poderá servir a presente decisão como mandado/ofício, nos termos da Portaria n.º 3.731/2015-GP.
Belém-PA, 26 de setembro de 2023.
Desembargadora MARIA DO CÉO MACIEL COUTINHO Relatora [1] Código de Processo Civil Art. 381.
A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: (...) II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. -
26/09/2023 15:21
Expedição de Outros documentos.
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26/09/2023 15:21
Expedição de Outros documentos.
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26/09/2023 14:05
Provimento por decisão monocrática
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26/09/2023 13:03
Conclusos para decisão
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26/09/2023 13:03
Cancelada a movimentação processual
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29/06/2023 11:02
Cancelada a movimentação processual
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16/06/2023 00:15
Decorrido prazo de BANCO PAN S.A. em 15/06/2023 23:59.
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15/06/2023 00:15
Decorrido prazo de BANCO PAN S.A. em 14/06/2023 23:59.
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04/06/2023 16:25
Juntada de Petição de contrarrazões
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23/05/2023 00:05
Publicado Ato Ordinatório em 23/05/2023.
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23/05/2023 00:05
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 23/05/2023
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20/05/2023 00:05
Decorrido prazo de BANCO PAN S.A. em 19/05/2023 23:59.
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19/05/2023 12:56
Expedição de Outros documentos.
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19/05/2023 12:56
Expedição de Outros documentos.
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19/05/2023 12:56
Ato ordinatório praticado
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19/05/2023 12:47
Juntada de Petição de petição
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19/05/2023 00:14
Decorrido prazo de BANCO PAN S.A. em 18/05/2023 23:59.
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27/04/2023 00:06
Publicado Decisão em 27/04/2023.
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27/04/2023 00:06
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 27/04/2023
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26/04/2023 00:00
Intimação
Processos: 0801157-55.2021.8.14.0104 0800719-92.2022.8.14.0104 0800676-58.2022.8.14.0104 0801212-69.2022.8.14.0104 0801228-23.2022.8.14.0104 0801074-05.2022.8.14.0104 0801027-31.2022.8.14.0104 0800697-34.2022.8.14.0104 0800564-89.2022.8.14.0104 0800879-54.2021.8.14.0104 0800653-15.2022.8.14.0104 0801180-64.2022.8.14.0104 0800954-93.2021.8.14.0104 0800862-18.2021.8.14.0104 0801078-42.2022.8.14.0104 0800856-74.2022.8.14.0104 0800732-91.2022.8.14.0104 0801152-96.2022.8.14.0104 0801149-44.2022.8.14.0104 0800800-41.2022.8.14.0104 0800828-09.2022.8.14.0104 0800572-66.2022.8.14.0104 0801200-55.2022.8.14.0104 0801153-81.2022.8.14.0104 0800728-54.2022.8.14.0104 0800712-03.2022.8.14.0104 DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de APELAÇÕES CÍVEIS interpostas pelos autores das ações acima relacionadas, contra sentenças proferidas pelo Juízo da Comarca Breu Branco, as quais indefeririam as petições iniciais, ajuizadas contra diversas instituições financeiras, em razão da identificação da prática de litigância predatória, especificamente por ter verificado que os demandantes desconheciam os advogados que ingressaram com as ações.
Irresignados, os autores manejaram os recursos aduzindo a necessidade de reforma da sentença, em especial diante da comprovação da efetiva contratação do escritório de advocacia responsável pelas causas, conforme vídeos em anexo, o que afastaria a suposta mácula ao instrumento procuratório.
Alegam violação dos princípios do devido processo legal, da inafastabilidade da jurisdição e da vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor, afirmando que não houve, por parte do juízo sentenciante, indicação clara e precisa de qual aspecto do “interesse processual” fora violado por parte da demandante, apenas insinuações desprovidas de qualquer observação apurada dos fatos, além de não ter sido oportunizada à parte manifestação sobre eventual diligência junto à instituição financeira para obtenção dos documentos referentes às contratações.
Defendem que, antes do indeferimento da petição inicial, a parte deve ser intimada para sanar eventual vício, nos termos dos artigos 9º, 10º, 319, 320 e 321 do CPC.
Sustentam ser indevida a presunção de má-fé dos causídicos, bem como, a ausência de imparcialidade do juízo a quo, o qual sedimentou entendimento acerca das características morais dos advogados dos demandantes, sem cogitar atribuir responsabilidade às instituições financeiras pelo elevado número de ações distribuídas na comarca, quando é cediço sobre a atuação temerária dos bancos, cujos principais alvos são idosos aposentados e pensionistas, chancelando a prática do chamado “dano eficiente” Argumentam a impossibilidade de condenação de litigância de má-fé ao patrono da causa e sobre a competência para apuração de infrações disciplinares de advogados.
Em razão do exposto, requereram o conhecimento e provimento dos recursos, para cassar as sentenças recorridas e determinar o retorno dos autos ao juízo de origem para o prosseguimento das ações. É o breve relato.
Decido. 1.
Análise de admissibilidade Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço dos recursos.
Prefacialmente, tenho que os feitos em análise comportam julgamento monocrático, conforme autorização contida no art. 133, XII, “d”, do Regimento Interno desta Corte, por estar a decisão pautada em entendimento firmado em jurisprudência deste Tribunal, bem como admite o julgamento prioritário em razão do seu enquadramento na exceção contida no art. 12, § 2º, VII do CPC c/c Lei nº 10.741/2003, art. 3º, § 2º. 2.
Análise de mérito O objeto dos presentes recursos são as sentenças que indeferiram as petições iniciais dos autores, com base nos artigos 330, inciso III e 485, inciso I do CPC, diante da identificação de suposto vício nas procurações e da configuração de litigância predatória, ante o ajuizamento de centenas de ações idênticas, em curto espaço de tempo pelo mesmo causídico.
Em que pese os argumentos dos apelantes, entendo que as sentenças devem ser mantidas, na medida em que tais ações carecem de interesse de agir e apresentam nítido caráter de “demandas fabricadas/ predatórias”. É cediço que inúmeros advogados identificaram a possibilidade de ajuizamento de centenas ou milhares de demandas idênticas contra instituições financeiras, para supostamente proteger os interesses de consumidores lesados pela alegada conduta predatória dos bancos contra idosos aposentados e pensionistas.
Contudo, tem-se verificado que não há o real interesse em proteção dos consumidores.
Em muitos casos concretos, as partes têm plena ciência de que a contratação foi efetivamente realizada.
Porém, praticamente em todos os casos são pessoas idosas, “humildes” e sem qualquer formação acadêmica, que são atraídas por advogados com a promessa de vantagens econômicas e cancelamento de empréstimos regularmente contratados.
Nesse contexto, exige-se do Poder Judiciário bastante cautela, atenção e análise pormenorizada nos casos submetidos ao seu exame, a fim de se tornar um inibidor de demandas descabidas de quaisquer fundamentos fáticos ou jurídicos, sob pena de prejudicar o direito dos jurisdicionados que legitimamente exercem o direito de ação.
Aliás, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ editou a Recomendação n.º 127/ 2022, que versa sobre litígios predatórios e demandas repetitivas, com causas de pedir semelhantes, através da qual orienta os Tribunais do país a adoção de medidas de cautela com o fim de coibir ações predatórias e o ajuizamento em massa de ações no território nacional, as quais, inclusive, prejudicam e cerceiam o direito de defesa das partes.
Nos casos dos autos, é nítido que os autores não sabem ao certo o porquê estão ingressando com as ações, conclusão corroborada, sobretudo, com os vídeos anexados pelo causídico em algumas das apelações.
Nos vídeos as partes afirmam, num primeiro momento, que não realizaram a contratação, e em outro momento dos vídeos questionam as taxas e encargos contratuais incidiram no negócio jurídico, inclusive instigada a falar pela própria pessoa que gravou o vídeo, a qual questiona se a parte foi informada do valor dos juros e demais encargos contratuais no momento da contratação.
Ora, a parte tem que se decidir: está ingressando com a ação porque não realizou a contratação, ou está ingressando com a ação para questionar a abusividade dos encargos contratuais incidentes.
Não há como compatibilizar as duas causas de pedir na mesma ação, pois essas alegações genéricas evidenciam que a parte não tem conhecimento da razão de ingressar com a ação, relevando a ausência de interesse de agir e conduzindo à conclusão de que se trata de demanda fabricada.
Portanto, tais vídeos revelam, indubitavelmente, que as partes não sabem ao certo o fundamento pelo qual estão ajuizando a ação, maculando o interesse de agir, relevando-se escorreita a sentença do juízo de primeiro grau.
Deve-se pontuar que nas iniciais que questionam os empréstimos consignados, as partes afirmam que não estavam “certas” das contratações, razão pela qual estavam buscando o Poder Judiciário, demonstrando que nem mesmo tinham certeza se tinham ou não realizado tal contratação e que iriam verificar tal circunstância em juízo, quando da apresentação dos contratos.
Por derradeiro, nas ações que versam sobre cartões de crédito com reserva de margem consignável (RMC), as apelações contrariam as alegações constantes na inicial, na medida em que na exordial as partes afirmam que realizaram a contratação, mas que as cláusulas contratuais são abusivas, sendo que nas apelações afirmam que “jamais firmara qualquer contrato referente ao objeto da ação originária desta lide”.
Tais elementos evidenciam de a ausência de interesse de agir, pois as partes não sabem ao certo o motivo pelo qual estão acionando o Judiciário.
No que concerne à ausência de intimação das partes para emenda da inicial, o art. 321 do CPC[1] impõe tal providência apenas quanto às causas de extinção dos artigos 319 e 320[2] do mesmo diploma legal, não existindo tal exigência para as ações extintas por ausência de interesse, fundamentada no art. 330, inciso III do CPC[3].
No mais, ainda que fosse possível a aplicação do mencionado dispositivo aos casos em análise, a medida se revela despicienda pois nas apelações os autores não regularizaram a ausência de interesse que deu causa ao indeferimento da inicial, muito pelo contrário, corroboraram com a conclusão adotada pelo juízo de primeiro grau.
No mesmo sentido outros membros deste E.
Tribunal estão decidindo pela manutenção de sentenças semelhantes às presentes, como abaixo exemplifico: DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C CONVERSÃO DE CONTA CORRENTE PARA CONTA CORRENTE COM PACOTE DE TARIFAS ZERO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
VÍCIO NA OUTORGA DA PROCURAÇÃO JUDICIAL.
AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO.
CARACTERIZAÇÃO DE DEMANDA PREDATÓRIA.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
DESPROVIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL.
Configurado o vício de consentimento no ato de outorga da procuração judicial, o ato jurídico é considerado inexistente, restando caracterizada a irregularidade da representação processual e, por consequência, a ausência de pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo, apta a extinguir o feito sem resolução de mérito.
Desprovimento do recurso de Apelação, monocraticamente, com fulcro no art. 932, IV, do CPC c/c art.133, XI, “d”, do Regimento Interno. (Apelação Cível nº 0800275-17.2020.8.14.0076, Relator Des.
Leonardo de Noronha Tavares, julgado em 21/03/2023) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS.
INTIMAÇÃO DA PARTE AUTORA PARA CONFIRMAR A OUTORGA DA PROCURAÇÃO E A PROPOSITURA DA AÇÃO.
NÃO CONFIRMAÇÃO.
AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (Apelação Cível nº 0800280-68.2022.8.14.0076, Relatora Desa.
Margui Gaspar Bittencourt, julgado em 17/02/2023) 3.
Dispositivo Ante o exposto, CONHEÇO e NEGO PROVIMENTO às presentes Apelações, mantendo os integralmente os termos da sentença apelada, diante da ausência de interesse de agir das partes (art. 330, I do CPC).
Encaminhem-se cópia dos autos à OAB/PA, ao Ministério Público Estadual e à Polícia Federal, esta última por envolver empréstimos em aposentadoria/benefícios previdenciários junto ao INSS, para que ciência e providências que entenderem pertinentes.
P.R.I.C.
Servirá a presente decisão, por cópia digitalizada, como MANDADO DE CITAÇÃO/INTIMAÇÃO/NOTIFICAÇÃO, nos termos do artigo 4º, parágrafo único, c/c artigo 6º, da Portaria nº 3731/2015-GP.
Após, certifique-se o trânsito em julgado e proceda-se à baixa e ao arquivamento definitivo dos autos.
Belém-PA, 25 de abril de 2023.
Desembargadora MARIA DO CÉO MACIEL COUTINHO Relatora [1] Art. 321.
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único.
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. [2] Art. 319.
A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Art. 320.
A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. [3] Art. 330.
A petição inicial será indeferida quando: (...) III - o autor carecer de interesse processual; -
25/04/2023 15:03
Expedição de Outros documentos.
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25/04/2023 15:03
Expedição de Outros documentos.
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25/04/2023 14:59
Conhecido o recurso de ROMUALDO CALDAS DOS SANTOS - CPF: *15.***.*12-55 (APELANTE) e não-provido
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25/04/2023 13:51
Conclusos para decisão
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25/04/2023 13:51
Cancelada a movimentação processual
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24/04/2023 11:30
Cancelada a movimentação processual
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20/04/2023 11:08
Recebidos os autos
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20/04/2023 11:08
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
20/04/2023
Ultima Atualização
26/09/2023
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
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