TJPB - 0803003-83.2025.8.15.0381
1ª instância - 2ª Vara Mista de Itabaiana
Polo Ativo
Polo Passivo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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25/08/2025 00:20
Publicado Decisão em 25/08/2025.
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23/08/2025 00:29
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 22/08/2025
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22/08/2025 08:28
Juntada de documento de comprovação
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22/08/2025 00:00
Intimação
Poder Judiciário da Paraíba 2ª Vara Mista de Itabaiana PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) PROCESSO N. 0803003-83.2025.8.15.0381 [Acidente Aéreo] AUTOR: SEVERINO FELIPE DA FONSECA FILHO REU: SABEMI SEGURADORA SA DECISÃO Vistos, etc.
Trata-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS POR CONTRATO NÃO AUTORIZADO E REPETIÇÃO DE INDÉBITO ajuizada por Severino Felipe da Fonseca Filho contra Sabemi Seguradora S.A. por meio da qual busca a declaração da ilegalidade de descontos consignados em sua folha de pagamento referentes a seguro de vida supostamente não contratado, bem como a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e à repetição em dobro dos valores descontados indevidamente ao longo de 17 (dezessete) anos e 04 (quatro) meses.
Alega o autor ser funcionário público federal aposentado e que, ao verificar seu contracheque, deparou-se com desconto mensal de R$ 115,45 (cento e quinze reais e quarenta e cinco centavos) em favor da credora "CONTRIBUIÇÃO PREV/ABERTA – SABEMI".
Aduz que, ao entrar em contato com a requerida, foi informado de que se tratava de seguro de vida atrelado a empréstimo consignado realizado em março de 2008, com descontos iniciados em abril daquele ano.
Sustenta o demandante que não se recorda de haver contraído o empréstimo consignado e que, caso tenha ocorrido, em nenhum momento a SABEMI lhe informou sobre a contratação do seguro de vida, caracterizando venda casada e prática abusiva nos termos dos artigos 39, inciso I e III, do Código de Defesa do Consumidor.
Argumenta que tentou junto à requerida o cancelamento do contrato e a restituição dos valores irregularmente debitados, mas foi informado de que se tratavam de descontos legais, sem possibilidade de restituição.
Fundamenta seus pedidos nos artigos 14 e 84 do Código de Defesa do Consumidor, pleiteando a aplicação do artigo 42, parágrafo único, do CDC para repetição de indébito em dobro, bem como indenização por danos morais sob o argumento de que os descontos indevidos comprometeram seus parcos recursos na condição de aposentado.
Requereu, em tutela de urgência, que seja oficiado à SABEMI para cessar imediatamente os descontos consignados.
No mérito, postula: (a) declaração da ilegalidade dos descontos; (b) condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00; (c) oficiar à SABEMI para informar os valores descontados mês a mês durante todo o período; (d) pagamento em dobro dos valores descontados indevidamente; (e) condenação da ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios de 20% sobre o valor da condenação.
Pleiteia, ainda, os benefícios da assistência judiciária gratuita, a inversão do ônus da prova e que a tramitação siga o rito da Lei nº 9.099/95, renunciando a eventuais valores que ultrapassem 40 (quarenta) salários mínimos. É o relatório.
Passo a decidir.
A essência da controvérsia, nos presentes autos, reside na legalidade dos descontos realizados diretamente em benefício previdenciário da parte autora.
Embora a ação tenha sido proposta exclusivamente contra a associação que teria se beneficiado de tais descontos, observa-se a ausência de inclusão do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS no polo passivo da demanda.
O INSS, na qualidade de autarquia federal responsável pela administração e pagamento dos benefícios previdenciários, possui atribuições que extrapolam o mero repasse de valores.
O órgão previdenciário é o responsável por processar e operacionalizar os descontos em folha de pagamento dos benefícios, e, mais importante, possui a incumbência de verificar a existência de autorização expressa do segurado para a efetivação de tais descontos.
Essa responsabilidade decorre de expressa previsão legal, contida no artigo 115, inciso V, da Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social) e no art. 6° da Lei nº 10.820/2003, que dispõem sobre a autorização para consignação em folha de pagamento de benefícios.
Da mesma forma, o Decreto 8.690/2016 traz expressamente, em seu artigo 4º, § 1º, que as consignações somente poderão ser incluídas na forma de pagamento após a autorização expressa do consignado.
Todas as alterações que impactem os proventos dos segurados devem, obrigatoriamente, decorrer de ato administrativo emanado do INSS, salvo nos casos em que houver sentença judicial que expressamente determine a modificação.
No âmbito administrativo, portanto, não é possível promover suspensão, majoração ou redução dos benefícios sem ordem específica do Instituto.
Assim, em razão de sua função enquanto órgão pagador de benefícios, deve ser reconhecida a legitimidade do INSS para figurar no polo passivo da demanda.
Ademais, é fato público e notório que estão sendo apuradas fraudes praticadas contra beneficiários do INSS.
Recente operação denominada "Sem Desconto" revelou que a associação promovida, ao lado de outras que já foram descredenciadas pelo INSS (https://www.gov.br/inss/pt-br/noticias/noticias/acordos-de-cooperacao-sao-suspensos-e-descontos-serao-devolvidos), estariam sendo investigadas pelo desvio de recursos de aposentados e pensionistas, mediante cadastros associativos sem autorização, que teriam sido feitos por meios fraudulentos.
Referida operação teria apurado, ainda, veementes indícios de envolvimento de servidores públicos do INSS na prática desses crimes, bem como falhas no seu dever de fiscalização, o que atrai a responsabilidade objetiva da autarquia previdenciária para responder pelos descontos indevidos, que são objeto desta demanda, por força da redação do art. 37, § 6º, da CF.
Destaque-se que o INSS suspendeu o desconto das mensalidades associativas não autorizadas a partir de abril de 2025.
Diante desse contexto, resta caracterizada a legitimidade passiva, na medida em que compete ao INSS averiguar a existência de manifestação expressa de vontade do beneficiário vinculado como condição para a efetivação dos descontos.
Impõe-se, portanto, o seu necessário chamamento ao processo.
A jurisprudência pátria já tem repisado o mesmo entendimento: “RESPONSABILIDADE CIVIL.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
DESCONTO INDEVIDO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
CONTRIBUIÇÃO PARA A CENTRAPE NÃO AUTORIZADA.
FILIAÇÃO NÃO DEMONSTRADA.
RESTITUIÇÃO SIMPLES DEVIDA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO.
RAZOABILIDADE.
RECURSO INOMINADO DO AUTOR DESPROVIDO.
RECURSO DA CENTRAPE PARCIALMENTE PROVIDO”. (TRF-5 - Recursos: 05066505620194058312, Relator.: POLYANA FALCÃO BRITO, Data de Julgamento: 28/08/2020, Terceira Turma, Data de Publicação: Creta 31/08/2020). “LEGITIMIDADE PASSIVA INSS.
TEMA 183 TNU.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
PRESCRIÇÃO.
RECURSO PROVIDO EM PARTE. 1.
Trata-se de sentença que reconheceu a ilegitimidade passiva do INSS em caso de pedido de condenação em danos morais por empréstimo fraudulento. 2.
No tocante à ilegitimidade suscitada pelo INSS, percebe-se que a Autarquia possui legitimidade passiva ad causam, uma vez que é responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários decorrentes do RGPS, bem como pela operacionalização dos descontos nesses benefícios. (...). (TRF-1 - (AGREXT): 10171504820204013900, Relator.: ILAN PRESSER, Data de Julgamento: 09/02/2022, PRIMEIRA TURMA RECURSAL - PA/AP, Data de Publicação: PJe Publicação 09/02/2022 PJe Publicação 09/02/2022).
Em igual sentido, decide-se no âmbito do TJPB, senão vejamos: Juizado Especial Estadual.
Ação de repetição de indébito.
Desconto em benefício previdenciário.
Necessidade de inclusão do INSS no polo passivo da demanda.
Litisconsórcio necessário e legitimidade passiva do INSS.
Incompetência.
Reconhecimento.
Extinção do processo sem mérito.
Provimento do recurso.
I – O INSS não é mero agente executor dos descontos correspondentes às mensalidades devidas a sindicatos, associações e entidades de créditos, é na realidade responsável pela verificação de existência de manifestação expressa da vontade do beneficiário em contratos que envolvam descontos em seus benefícios previdenciários.
II – O INSS é parte ilegítima para discutir a validade do vínculo associativo e a legalidade dos descontos efetuados e, portanto, necessita ser incluído como polo passivo da demanda, a deslocar a competência para Justiça Federal e, via de consequência, a extinção do processo no âmbito do Juizado Especial Estadual.
III – Recurso conhecido e, de oficio, reconhecida a incompetência dos Juizados Especiais Estaduais, para anular a sentença, extinguir o processo sem resolução de mérito e tornar prejudicado o recurso. (TJPB, Turma Recursal de Campina, Recurso Inominado nº 0821280-60.2024.8.15.0001, Rel.
Juiz Edvan Rodrigues Alexandre, julgado em 28/05/2025).
Outrossim, sobreveio a homologação, pelo STF, de acordo de cooperação técnica e operacional celebrado entre o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, UNIÃO, MPF, Defensoria Pública da União e Conselho Federal da OAB voltado à operacionalização da devolução dos descontos realizados indevidamente em folha de pagamento de benefícios previdenciários (https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-homologa-acordo-para-devolucao-de-descontos-fraudulentos-em-aposentadorias-e-pensoes-do-inss/).
O referido acordo, firmado em âmbito federal, estabelece mecanismos para “prevenção, responsabilização administrativa e ressarcimento integral dos descontos associativos indevidos efetuados em benefícios previdenciários de segurados do Regime Geral de Previdência Social, no período compreendido entre março de 2020 e março de 2025”, nos exatos termos da cláusula primeira, parágrafo único, do referido instrumento.
O acordo prevê a possibilidade e situações em que o INSS promoverá, administrativamente, o ressarcimento dos valores considerados por ele indevidamente descontados nos benefícios de seus segurados, mediante estabelecimento de diretrizes e critérios de avaliação da legalidade dos descontos.
A formalização do mencionado acordo reforça, pois, a legitimidade passiva do INSS, tendo em vista: 1) a assunção, pelo INSS, de responsabilidade pelo ressarcimento dos descontos, nas hipóteses previstas no acordo; 2) a possibilidade de ressarcimento em duplicidade (administrativo e judicial) em caso de não inclusão do INSS no polo passivo; 3) responsabilidade solidária ou, no mínimo, subsidiária entre a entidade e o INSS pela existência do desconto ilegal.
Trata-se, portanto, de relação jurídica triangular, na qual a valoração da atuação do INSS revela-se elemento central da controvérsia, sendo indispensável à solução da lide a análise da legalidade e validade dos procedimentos adotados no âmbito da administração federal que permitiram a incidência de descontos controvertidos na ação.
Dessa forma, evidenciado o interesse jurídico da autarquia federal e a necessidade de interpretação de normas e convênios firmados por ela, impõe-se o reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça Estadual Comum para processar e julgar a presente ação, nos termos do art. 64, §1º, do CPC/2015.
Ante o exposto, DECLINO A COMPETÊNCIA para processar e julgar a presente demanda um dos Juizados Federais da Subseção Judiciária da Paraíba, com fundamento no art. 109, inciso I, da Constituição Federal.
Remetam-se os autos com as cautelas de estilo.
CUMPRA-SE.
ITABAIANA(PB), datada e assinada eletronicamente MICHEL RODRIGUES DE AMORIM Juiz de Direito -
21/08/2025 09:29
Juntada de documento de comprovação
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21/08/2025 09:25
Arquivado Definitivamente
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21/08/2025 09:25
Remetidos os Autos (declaração de competência para órgão vinculado a Tribunal diferente) para Órgão Jurisdicional Competente
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21/08/2025 08:43
Expedição de Outros documentos.
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21/08/2025 08:43
Determinada a redistribuição dos autos
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21/08/2025 08:43
Determinada diligência
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21/08/2025 08:43
Declarada incompetência
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20/08/2025 18:04
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
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20/08/2025 18:04
Conclusos para decisão
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20/08/2025 18:04
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
20/08/2025
Ultima Atualização
25/08/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
Documentos
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
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