TJPB - 0801015-27.2025.8.15.0381
1ª instância - 2ª Vara Mista de Itabaiana
Polo Ativo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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10/09/2025 13:54
Decorrido prazo de ASSOCIACAO DE APOSENTADOS MUTUALISTA PARA BENEFICIOS COLETIVOS - AMBEC em 04/09/2025 23:59.
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10/09/2025 13:53
Decorrido prazo de AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA em 04/09/2025 23:59.
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28/08/2025 02:41
Publicado Decisão em 28/08/2025.
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28/08/2025 02:41
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 27/08/2025
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27/08/2025 00:00
Intimação
Poder Judiciário da Paraíba 2ª Vara Mista de Itabaiana PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) 0801015-27.2025.8.15.0381 DECISÃO Vistos, etc.
Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débitos c/c Repetição de Indébito c/c Indenização por Danos Morais ajuizada por AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA, devidamente qualificado, contra ASSOCIACAO DE APOSENTADOS MUTUALISTA PARA BENEFICIOS COLETIVOS.
Na petição inicial, a autora alega é titular de benefício previdenciário de aposentadoria junto ao INSS (NB: 164.544.315-6), conforme se demonstra no extrato em anexo.
Ocorre Excelência, que conforme pode-se verificar nos extratos, o requerido implementou descontos mensais no benefício do requerente em valores mensais que gravitam em torno de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) desde a competência 01/2024 até 12/2024, valores estes, não autorizados nem solicitados.
Postula a concessão da assistência judiciária gratuita.
Requer, em sede de tutela de urgência, o cancelamento dos descontos sofridos.
No mérito, pleiteia a declaração de inexistência ou nulidade da relação jurídica, a repetição do indébito em dobro de todo o valor descontado, e indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). É o relatório.
Passo a decidir.
A essência da controvérsia, nos presentes autos, reside na legalidade dos descontos realizados diretamente em benefício previdenciário da parte autora.
Embora a ação tenha sido proposta exclusivamente contra a associação que teria se beneficiado de tais descontos, observa-se a ausência de inclusão do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS no polo passivo da demanda.
O INSS, na qualidade de autarquia federal responsável pela administração e pagamento dos benefícios previdenciários, possui atribuições que extrapolam o mero repasse de valores.
O órgão previdenciário é o responsável por processar e operacionalizar os descontos em folha de pagamento dos benefícios, e, mais importante, possui a incumbência de verificar a existência de autorização expressa do segurado para a efetivação de tais descontos.
Essa responsabilidade decorre de expressa previsão legal, contida no artigo 115, inciso V, da Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social) e no art. 6° da Lei nº 10.820/2003, que dispõem sobre a autorização para consignação em folha de pagamento de benefícios.
Da mesma forma, o Decreto 8.690/2016 traz expressamente, em seu artigo 4º, § 1º, que as consignações somente poderão ser incluídas na forma de pagamento após a autorização expressa do consignado.
Todas as alterações que impactem os proventos dos segurados devem, obrigatoriamente, decorrer de ato administrativo emanado do INSS, salvo nos casos em que houver sentença judicial que expressamente determine a modificação.
No âmbito administrativo, portanto, não é possível promover suspensão, majoração ou redução dos benefícios sem ordem específica do Instituto.
Assim, em razão de sua função enquanto órgão pagador de benefícios, deve ser reconhecida a legitimidade do INSS para figurar no polo passivo da demanda.
Ademais, é fato público e notório que estão sendo apuradas fraudes praticadas contra beneficiários do INSS.
Recente operação denominada "Sem Desconto" revelou que a associação promovida, ao lado de outras que já foram descredenciadas pelo INSS (https://www.gov.br/inss/pt-br/noticias/noticias/acordos-de-cooperacao-sao-suspensos-e-descontos-serao-devolvidos), estariam sendo investigadas pelo desvio de recursos de aposentados e pensionistas, mediante cadastros associativos sem autorização, que teriam sido feitos por meios fraudulentos.
Referida operação teria apurado, ainda, veementes indícios de envolvimento de servidores públicos do INSS na prática desses crimes, bem como falhas no seu dever de fiscalização, o que atrai a responsabilidade objetiva da autarquia previdenciária para responder pelos descontos indevidos, que são objeto desta demanda, por força da redação do art. 37, § 6º, da CF.
Destaque-se que o INSS suspendeu o desconto das mensalidades associativas não autorizadas a partir de abril de 2025.
Diante desse contexto, resta caracterizada a legitimidade passiva, na medida em que compete ao INSS averiguar a existência de manifestação expressa de vontade do beneficiário vinculado como condição para a efetivação dos descontos.
Impõe-se, portanto, o seu necessário chamamento ao processo.
A jurisprudência pátria já tem repisado o mesmo entendimento: “RESPONSABILIDADE CIVIL.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
DESCONTO INDEVIDO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
CONTRIBUIÇÃO PARA A CENTRAPE NÃO AUTORIZADA.
FILIAÇÃO NÃO DEMONSTRADA.
RESTITUIÇÃO SIMPLES DEVIDA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO.
RAZOABILIDADE.
RECURSO INOMINADO DO AUTOR DESPROVIDO.
RECURSO DA CENTRAPE PARCIALMENTE PROVIDO”. (TRF-5 - Recursos: 05066505620194058312, Relator.: POLYANA FALCÃO BRITO, Data de Julgamento: 28/08/2020, Terceira Turma, Data de Publicação: Creta 31/08/2020). “LEGITIMIDADE PASSIVA INSS.
TEMA 183 TNU.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
PRESCRIÇÃO.
RECURSO PROVIDO EM PARTE. 1.
Trata-se de sentença que reconheceu a ilegitimidade passiva do INSS em caso de pedido de condenação em danos morais por empréstimo fraudulento. 2.
No tocante à ilegitimidade suscitada pelo INSS, percebe-se que a Autarquia possui legitimidade passiva ad causam, uma vez que é responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários decorrentes do RGPS, bem como pela operacionalização dos descontos nesses benefícios. (...). (TRF-1 - (AGREXT): 10171504820204013900, Relator.: ILAN PRESSER, Data de Julgamento: 09/02/2022, PRIMEIRA TURMA RECURSAL - PA/AP, Data de Publicação: PJe Publicação 09/02/2022 PJe Publicação 09/02/2022).
Em igual sentido, decide-se no âmbito do TJPB, senão vejamos: Juizado Especial Estadual.
Ação de repetição de indébito.
Desconto em benefício previdenciário.
Necessidade de inclusão do INSS no polo passivo da demanda.
Litisconsórcio necessário e legitimidade passiva do INSS.
Incompetência.
Reconhecimento.
Extinção do processo sem mérito.
Provimento do recurso.
I – O INSS não é mero agente executor dos descontos correspondentes às mensalidades devidas a sindicatos, associações e entidades de créditos, é na realidade responsável pela verificação de existência de manifestação expressa da vontade do beneficiário em contratos que envolvam descontos em seus benefícios previdenciários.
II – O INSS é parte ilegítima para discutir a validade do vínculo associativo e a legalidade dos descontos efetuados e, portanto, necessita ser incluído como polo passivo da demanda, a deslocar a competência para Justiça Federal e, via de consequência, a extinção do processo no âmbito do Juizado Especial Estadual.
III – Recurso conhecido e, de oficio, reconhecida a incompetência dos Juizados Especiais Estaduais, para anular a sentença, extinguir o processo sem resolução de mérito e tornar prejudicado o recurso. (TJPB, Turma Recursal de Campina, Recurso Inominado nº 0821280-60.2024.8.15.0001, Rel.
Juiz Edvan Rodrigues Alexandre, julgado em 28/05/2025).
Outrossim, sobreveio a homologação, pelo STF, de acordo de cooperação técnica e operacional celebrado entre o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, UNIÃO, MPF, Defensoria Pública da União e Conselho Federal da OAB voltado à operacionalização da devolução dos descontos realizados indevidamente em folha de pagamento de benefícios previdenciários (https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-homologa-acordo-para-devolucao-de-descontos-fraudulentos-em-aposentadorias-e-pensoes-do-inss/).
O referido acordo, firmado em âmbito federal, estabelece mecanismos para “prevenção, responsabilização administrativa e ressarcimento integral dos descontos associativos indevidos efetuados em benefícios previdenciários de segurados do Regime Geral de Previdência Social, no período compreendido entre março de 2020 e março de 2025”, nos exatos termos da cláusula primeira, parágrafo único, do referido instrumento.
O acordo prevê a possibilidade e situações em que o INSS promoverá, administrativamente, o ressarcimento dos valores considerados por ele indevidamente descontados nos benefícios de seus segurados, mediante estabelecimento de diretrizes e critérios de avaliação da legalidade dos descontos.
A formalização do mencionado acordo reforça, pois, a legitimidade passiva do INSS, tendo em vista: 1) a assunção, pelo INSS, de responsabilidade pelo ressarcimento dos descontos, nas hipóteses previstas no acordo; 2) a possibilidade de ressarcimento em duplicidade (administrativo e judicial) em caso de não inclusão do INSS no polo passivo; 3) responsabilidade solidária ou, no mínimo, subsidiária entre a entidade e o INSS pela existência do desconto ilegal.
Trata-se, portanto, de relação jurídica triangular, na qual a valoração da atuação do INSS revela-se elemento central da controvérsia, sendo indispensável à solução da lide a análise da legalidade e validade dos procedimentos adotados no âmbito da administração federal que permitiram a incidência de descontos controvertidos na ação.
Dessa forma, evidenciado o interesse jurídico da autarquia federal e a necessidade de interpretação de normas e convênios firmados por ela, impõe-se o reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça Estadual Comum para processar e julgar a presente ação, nos termos do art. 64, §1º, do CPC/2015.
Ante o exposto, DECLINO A COMPETÊNCIA para processar e julgar a presente demanda uma das Varas Federais da Subseção Judiciária da Paraíba, com fundamento no art. 109, inciso I, da Constituição Federal.
Remetam-se os autos com as cautelas de estilo.
CUMPRA-SE.
ITABAIANA(PB), datada e assinada eletronicamente MICHEL RODRIGUES DE AMORIM Juiz de Direito -
26/08/2025 16:58
Expedição de Outros documentos.
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26/08/2025 16:58
Determinada a redistribuição dos autos
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26/08/2025 16:58
Declarada incompetência
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10/06/2025 20:37
Decorrido prazo de ASSOCIACAO DE APOSENTADOS MUTUALISTA PARA BENEFICIOS COLETIVOS - AMBEC em 09/06/2025 23:59.
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31/05/2025 09:45
Decorrido prazo de KARINA DE ALMEIDA BATISTUCI em 29/05/2025 23:59.
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29/05/2025 12:27
Conclusos para despacho
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23/05/2025 16:14
Decorrido prazo de AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA em 22/05/2025 23:59.
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23/05/2025 16:14
Decorrido prazo de AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA em 22/05/2025 23:59.
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08/05/2025 20:11
Juntada de Petição de petição
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06/05/2025 09:13
Expedição de Outros documentos.
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06/05/2025 09:12
Ato ordinatório praticado
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29/04/2025 12:14
Juntada de Petição de contestação
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29/04/2025 06:30
Publicado Decisão em 29/04/2025.
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29/04/2025 06:29
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 28/04/2025
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28/04/2025 11:27
Juntada de Petição de petição de habilitação nos autos
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27/04/2025 09:34
Expedição de Outros documentos.
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27/04/2025 09:34
Determinada diligência
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27/04/2025 09:34
Determinada a citação de ASSOCIACAO DE APOSENTADOS MUTUALISTA PARA BENEFICIOS COLETIVOS - AMBEC - CNPJ: 08.***.***/0001-00 (REU)
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27/04/2025 09:34
Concedida a Assistência Judiciária Gratuita a AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA - CPF: *56.***.*64-08 (AUTOR).
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27/04/2025 09:34
Concedida a Medida Liminar
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23/04/2025 12:51
Conclusos para despacho
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16/04/2025 17:07
Juntada de Petição de petição
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26/03/2025 12:48
Expedição de Outros documentos.
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24/03/2025 10:52
Concedida a Assistência Judiciária Gratuita a parte
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24/03/2025 10:52
Determinada a emenda à inicial
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24/03/2025 10:52
Determinada diligência
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24/03/2025 10:52
Concedida a Assistência Judiciária Gratuita a AGEMILSON APARECIDO ANDRADE DA SILVA - CPF: *56.***.*64-08 (AUTOR).
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21/03/2025 09:58
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
-
21/03/2025 09:58
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
21/03/2025
Ultima Atualização
10/09/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
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