TJPB - 0813954-83.2023.8.15.0001
1ª instância - 4ª Vara Civel de Campina Grande
Polo Ativo
Polo Passivo
Partes
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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27/07/2025 18:50
Proferido despacho de mero expediente
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27/07/2025 18:49
Evoluída a classe de PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) para CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
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26/06/2025 12:54
Conclusos para despacho
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07/05/2025 17:43
Juntada de Petição de comunicações
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06/05/2025 16:45
Publicado Expediente em 05/05/2025.
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05/05/2025 17:32
Juntada de Petição de execução / cumprimento de sentença
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02/05/2025 01:13
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 01/05/2025
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30/04/2025 11:28
Expedição de Outros documentos.
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30/04/2025 11:27
Ato ordinatório praticado
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30/04/2025 11:25
Transitado em Julgado em 30/04/2025
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27/03/2025 06:34
Decorrido prazo de BRAISCOMPANY SOLUCOES DIGITAIS E TREINAMENTOS LTDA em 24/03/2025 23:59.
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27/03/2025 06:14
Decorrido prazo de ANTONIO INACIO DA SILVA NETO em 24/03/2025 23:59.
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27/03/2025 06:14
Decorrido prazo de FABRICIA FARIAS CAMPOS em 24/03/2025 23:59.
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24/03/2025 15:46
Juntada de Petição de informações prestadas
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28/02/2025 02:39
Publicado Sentença em 26/02/2025.
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28/02/2025 02:39
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 25/02/2025
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25/02/2025 10:56
Juntada de Petição de cota
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25/02/2025 00:00
Intimação
Poder Judiciário da Paraíba 4ª Vara Cível de Campina Grande PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) 0813954-83.2023.8.15.0001 [Indenização por Dano Moral, Rescisão do contrato e devolução do dinheiro, Cláusulas Abusivas] AUTOR: FELIPPE AUGUSTO CAVALCANTI CERQUEIRA REU: BRAISCOMPANY SOLUCOES DIGITAIS E TREINAMENTOS LTDA, ANTONIO INACIO DA SILVA NETO, FABRICIA FARIAS CAMPOS SENTENÇA AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL E RESTITUIÇÃO DE VALORES – CONTRATAÇÃO E QUEBRA CONTRATUAL COMPROVADAS – CITAÇÃO EDITALÍCIA – CURADOR NOMEADO – CONTESTAÇÃO APRESENTADA – INADIMPLÊNCIA INCONTROVERSA – MORA CONFIGURADA – RESTITUIÇÃO DO INVESTIMENTO DEVIDA – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA POSSÍVEL – REQUISITOS PRESENTES – PAGAMENTO DE SUPOSTOS RENDIMENTOS E MULTA PELA PROMOVIDA – IMPOSSIBILIDADE – RESCISÃO QUE IMPLICA RETORNO AO STATUS QUO ANTE – DANO MORAL – INOCORRÊNCIA – MERO ABORRECIMENTO – PROCEDÊNCIA PARCIAL DOS PEDIDOS.
Vistos etc.
Trata-se de AÇÃO ORDINÁRIA ajuizada por FELIPPE AUGUSTO CAVALCANTI CERQUEIRA em desfavor de BRAISCOMPANY SOLUCOES DIGITAIS E TREINAMENTOS LTDA, ANTONIO INACIO DA SILVA NETO e FABRICIA FARIAS CAMPOS.
Aduz a inicial, em síntese, que a parte autora celebrou 10 (dez) contratos de cessão temporária de ativos digitais com a ré Braiscompany, nos valores de R$ 10.016,93, R$ 13.161,35, R$ 9.962,59, R$ 55.955,11, R$ 12.256,48, R$ 39.860,63, R$ 20.127,60, R$ 203.411,59, R$ 24.863,72 e R$ 10.520,75, respectivamente, totalizando o valor de R$ 400.136,75 (quatrocentos mil, cento e trinta e seis reais e setenta e cinco centavos).
Diz que, a partir de dezembro de 2022, a locatária deixou de efetuar o pagamento dos rendimentos mensais, conforme previsto em contrato, justificando a presente ação.
Pugnou, ao final, pela declaração de rescisão do contrato e restituição do valor total investido, no importe de R$ 400.136,75 (quatrocentos mil, cento e trinta e seis reais e setenta e cinco centavos), acrescidos de multa contratual no valor de 30% do valor total dos contratos e rendimentos em atraso, totalizando o valor de R$ 636.248,06 (seiscentos e trinta e seis mil, duzentos e quarenta e oito reais e seis centavos), devidamente atualizados, e indenização por danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Pugna ainda pela concessão de tutela de urgência para anulação de cláusulas contratuais e rescisão dos contratos, consoante petição inicial (Id 72526979).
Juntou documentos.
Deferidos parcialmente os benefícios da justiça gratuita na forma de redução e parcelamento (Id 76001418), comprovou o autor o recolhimento das custas processuais, de forma parcelada (Id 76831460 e outros).
Foi indeferida a tutela de urgência pleiteada (Id 77802734).
Expedido edital de citação dos promovidos (Id 85943690), decorreu o prazo legal sem manifestação (Id 91938847), sendo nomeado curador especial na pessoa do Defensor Público atuante nesta unidade judiciária, que apresentou contestação por negativa geral (Id 91966793).
Intimadas para especificação de provas, a parte autora e o curador dos promovidos informaram não terem outras provas a produzir e requereram o julgamento antecipado da lide (Id 98398776 e 98921175).
Vieram-me os autos conclusos. É O RELATÓRIO.
DECIDO. 1 DO MÉRITO Inicialmente cumpre esclarecer que o feito comporta julgamento antecipado na forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, não sendo necessária a dilação probatória.
A parte autora pretende a rescisão do contrato de aluguel de criptoativos firmado com os promovidos, sob a alegação de descumprimento contratual.
Diante da alegação de falha na prestação do serviço no âmbito de relação de consumo, a demanda deve ser resolvida a luz do CDC.
A parte autora se desincumbiu do seu ônus probatório, conforme preceitua o art. 373, I do CPC, colacionando aos autos documentos que demonstram a contratação dos seguintes serviços: Contrato C8-*33.***.*23-90 (Id 72526985), contrato C9-*33.***.*23-90 (Id 72526986), contrato C10-*33.***.*23-90 (Id 72526987), contrato C11-*33.***.*23-90 (Id 72526988), contato C12-*33.***.*23-90 (Id 72526989), contrato RSA13-*33.***.*23-90 (Id 72526990), contrato RSA14-*33.***.*23-90 (Id 72526992), contrato CM15-35156495429112022 (Id 72526991) e contrato RSA16-818292820402023 (Id 72526995).
Extrai-se dos documentos que a parte promovente realizou dois investimentos nos valores de R$ 10.016,93, R$ 13.161,35, R$ 9.962,59, R$ 55.955,11, R$ 12.256,48, R$ 39.860,63, R$ 20.127,60, R$ 203.411,59, R$ 24.863,72 e R$ 10.520,75, respectivamente, totalizando o valor de R$ 400.136,75 (quatrocentos mil, cento e trinta e seis reais e setenta e cinco centavos), a título de “LOCAÇÃO TEMPORÁRIA DE CRIPTOATIVOS” junto à empresa acionada que, em contrapartida, lhe forneceria um repasse mensal e variável, a título de aluguel (cláusula 2ª), pelo prazo de 12 meses (cláusula 1ª), com início dos pagamentos 30 dias após a assinatura (cláusula 9ª).
Conforme convencionado, caberia à promovida Braiscompany promover o repasse dos aluguéis até os dias 10, 20 e 30 de cada mês, referentes aos meses subsequentes à assinatura nos contratos.
Porém, não fez o repasse a partir de janeiro de 2023, encontrando-se em mora até a presente data.
No tocante à distribuição legal do ônus da prova, inscrita no art. 373, II, caberia a ré comprovar serem inverídicas as alegações exaradas na exordial, porém, deixou de apresentar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora.
Ao revés, confirma o inadimplemento contratual, ao não apresentar os comprovantes de pagamentos dos meses supramencionados.
Ao caso presente, aplica-se o disposto no artigo 475 do Código Civil, segundo o qual “a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.” Ademais, é de conhecimento público e notório a crise enfrentada pela empresa demandada, que deixou de honrar com os seus compromissos contratuais desde meados de dezembro de 2022.
Referido inadimplemento foi confirmado com as investigações intentadas pelo Ministério Público Estadual, no âmbito do inquérito civil 002.2023.005414, que culminou na ação cautelar antecedente de ação civil pública n.º 0807241-09.2023.8.15.2001, em tramitação na 11ª Vara Cível da Comarca da Capital.
Frise-se que, segundo o órgão ministerial, “com contratos que trazem pouca ou nenhuma informação, a empresa tem se utilizado de cláusulas abusivas, publicidade ostensiva e agressividade na captação de clientes, que detêm pouco ou nenhum conhecimento nas áreas de finanças e de tecnologia, para manter um crescimento exponencial, em muito se assemelhando aos conhecidos esquemas Ponzi”.
Também pontua que “a prática comercial adotada pelos requeridos é abusiva e ilegal.
Em termos doutrinários e jurisprudenciais, prevalece o entendimento de que a abusividade de uma prática comercial está ligada a uma desvantagem exagerada, experimentada pelo contratante mais frágil, ou ainda, a uma violação do princípio da boa-fé objetiva, o que, sem sombra, ocorreu na espécie.”.
A empresa demandada foi alvo de operação realizada pela Polícia Federal no dia 16/02/2023 (operação Halving), com o objetivo de combater crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais.
Neste diapasão, têm-se por verossímeis as alegações da parte autora em relação ao inadimplemento contratual, razão pela qual reconheço a mora contratual da ré e, por este motivo, declaro a rescisão do pacto entabulado entre as partes, por culpa exclusiva da parte demandada, ficando afastadas, por consequência, as disposições contratuais elencadas nas cláusulas 15ª, 16ª e 17ª, ou seja, não deve ser cobrado do consumidor lesado o pagamento do chamado “percentual redutor” (multa) de 30% pela quebra contratual, uma vez que quem motivou a rescisão foi a própria empresa promovida.
Assim, quanto ao requerimento de restituição da integralidade dos valores investidos pela parte autora, deve a empresa ser impelida a efetuá-la sem aplicar o “percentual redutor”, de modo que a parte autora direito a ser restituída no valor total de R$ 400.136,75 (quatrocentos mil, cento e trinta e seis reais e setenta e cinco centavos).
No tocante ao rendimento, não houve, ao contrário do que pretende fazer crer a parte autora, garantia de que o investimento ensejaria o acréscimo patrimonial pretendido, pois o contrato traz percentual apenas a título informativo.
Não merece acolhimento a fundamentação de ausência de culpa ou ilícito contratual pela parte ré, eis que tendo o contrato objeto da ação natureza de relação de consumo, é objetiva a responsabilidade da parte demandada não de oferecer lucro ao cliente, mas de propiciar a este o direito de reaver os valores que estejam com ela depositados, fazendo parte do risco de sua atividade a gestão de causas externas para viabilizar, em qualquer tempo, aos contratantes dos seus serviços, o direito de saque dos valores a estes pertencentes que estejam com ela depositados.
Nesse sentido: APELAÇÃO.
AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
GESTÃO DE NEGÓCIOS.
INVESTIMENTOS.
BITCOIN.
INADIMPLEMENTO DA REQUERIDA.
AUSÊNCIA DE REPASSE DOS LUCROS.
DEVOLUÇÃO DOS VALORES INVESTIDOS.
RENDIMENTOS QUE NÃO SE PRESUMEM.
MERO ABORRECIMENTO.
SENTENÇA MANTIDA.
A rescisão do contrato implica o retorno das partes ao status quo ante, ou seja, a requerida deve devolver ao autor tão somente os valores investidos por ele.
Aliás, não havia garantia de que haveria algum rendimento, tratando- se de um investimento de alto risco, apenas uma previsão a título informativo.
Ademais, a devolução dos valores com correção monetária e juros é suficiente para recomposição da moeda. - Sendo certo que foi a mora da requerida que ensejou a rescisão contratual, a devolução dos valores devidamente corrigidas é suficiente para recompor o patrimônio do autor. - Ainda que se reconheça a culpa exclusiva da requerida, a situação trazida nestes autos é de inadimplemento contratual, a qual se trata de mero aborrecimento. - A sucumbência é recíproca, nos termos do art. 86, do CPC, pois, ao contrário do que insiste, o autor não decaiu de parte mínima de seus pedidos.
Apelação desprovida, com observação. (TJSP Apelação Cível 1053937-38.2019.8.26.0002; Relator: Lino Machado; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 30a Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 10/02/2021; Data de publicação: 10/02/2021).
Sobre a aplicação de multa de 30% decorrente do inadimplemento contratual por parte da empresa ré, também não deve prosperar.
Referida pretensão afronta à boa-fé objetiva, princípio orientador do Código de Defesa do Consumidor.
Isto porque a parte demandante, insatisfeita com a interrupção dos pagamentos a título de rendimentos do capital investido, pretende a anulação do negócio apenas naquilo que lhe é favorável, em evidente desequilíbrio na relação existente entre as partes – o que não se pode admitir.
Neste sentido: RECURSO INOMINADO.
AÇÃO DE COBRANÇA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER.
PIRÂMIDE FINANCEIRA.
NEGÓCIO NULO QUE NÃO PRODUZ EFEITO.
DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS.
RETORNO AO STATUS QUO ANTE.
RECEBIMENTO DE VALORES PELO AUTOR NÃO COMPROVADO.
SENTENÇA MANTIDA. (...) 2.
No mérito, de acordo com o art. 104 do Código Civil, a validade do negócio jurídico pressupõe agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.
Nesses termos, a captação de investimentos para formação de pirâmide financeira é objeto ilícito, o que faz do negócio jurídico celebrado entre as partes nulo, nos termos do art. 166, II, do Código Civil. 3.
O negócio "Top Premium" possui características próprias das pirâmides financeiras, fato que não foi impugnado pelo réu no recurso. 4.
O negócio jurídico intitulado pirâmide financeira é considerado crime contra a economia popular e, por isso, é nulo de pleno direito, não produzindo nenhum efeito.
Logo, sendo nulo de pleno direito o negócio subjacente (art. 166, II, do CC), não tem a parte contratante o direito de exigir o seu cumprimento. (...) 8.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 9.
CONDENO o recorrente nas custas e despesas, mais honorários, que fixo por equidade em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), art. 55 da Lei 9.099/95.
SUSPENSA a exigibilidade, por ser beneficiário da gratuidade da justiça."(TJ-GO 56252323120198090051, Relator: RICARDO TEIXEIRA LEMOS, 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais, Data de Publicação: 06/04/2022) Imperiosa, portanto, a determinação de retorno das partes ao status quo ante mediante a restituição dos valores investidos, sem cumulação com eventuais rendimentos a serem obtidos ou multa por inadimplemento.
No que se refere ao dano moral, entendo que não restou configurado, uma vez que se trata de hipótese de mero inadimplemento contratual.
Necessário mencionar que, não sendo o caso de dano que decorre só do fato da coisa (in re ipsa), o dano moral não é presumido, devendo ser cabalmente demonstrado.
Ausente a notoriedade do dano moral, não basta o fato do acontecimento em si, sendo imprescindível a prova de sua repercussão, comprovando que o fato gerou dor e sofrimento, ou seja, que tenha afetado os sentimentos íntimos que ensejam o dano moral, o que não ocorreu no caso concreto.
Como é cediço, o dano moral se caracteriza pela dor, vexame, sofrimento, humilhação etc., enfim, sentimentos que fogem à normalidade da vida cotidiana, causando angústia, aflição e desequilíbrio, e isso não restou demonstrado.
Não há evidências, segundo as provas dos autos, de que a honra da parte autora houvesse sido efetivamente atingida em razão da quebra de expectativa com relação aos investimentos realizados através da empresa ré, mesmo porque, conforme se asseverou, trata-se de mercado de alta volatilidade.
Descumprimento contratual, como no caso concreto, não induz, por si só, à caracterização de agressão à personalidade ou ofensa à dignidade.
Não se pode pretender divisar lesão à personalidade em razão de um fato que não ultrapassa o mero aborrecimento ou dissabor cotidiano.
Nesse sentido: RECURSOS INOMINADOS.
AÇÃO ANULATÓRIA DE CONTRATO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA.
REVELIA DA RÉ S.A CAPITAL.
INCIDÊNCIA DO ART. 20 DA LEI Nº 9.099/95.
UNICK.
PIRÂMIDE FINANCEIRA DE INVESTIMENTOS.
PROMESSA DE LUCROS RÁPIDOS E BAIXO INVESTIMENTO.
PUBLICIDADE ENGANOSA.
PRÁTICA ABUSIVA.
INDUÇÃO EM ERRO.
DEVER DA RÉ RESTITUIR OS VALORES DESEMBOLSADOS.
DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS.
MERO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL QUE, POR SI SÓ, NÃO É CAPAZ DE ENSEJAR INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
SENTENÇA REFORMADA PARA JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTE A AÇÃO.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível, Nº *10.***.*60-79, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em: 20-05-2021) Desta feita, apesar dos transtornos vividos pela parte demandante, não se verifica, no caso dos autos, hipótese de dano moral.
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA No que pertine ao pedido de desconsideração da personalidade jurídica da empresa promovido, e cediço que a personalidade jurídica é uma ficção que foi criada pelo Direito com o intuito de ser um instrumento para a consecução de interesses e fins aceitos e valorizados pela Sociedade.
Representa um destaque patrimonial para a exploração de certos fins econômicos, respondendo esse patrimônio pelas obrigações sociais assumidas.
Contudo, essa autonomia não tem o condão de transformar a pessoa jurídica em ente totalmente alheio às pessoas dos sócios, os quais, excepcionalmente, devem ser chamados a responderem por determinados atos praticados pela pessoa jurídica, cuja exteriorização nada mais é do que o reflexo da vontade de seus integrantes, pessoas físicas.
No caso em apreço, verifica-se possível ocorrência de esquema de pirâmide financeira.
Essa espécie de fraude, por si só, revela fortes indícios de que a condução dos negócios da empresa demandada ocorre de forma totalmente desviada de seu objetivo social, sendo utilizada tão somente para tentar afastar a responsabilidade de seus sócios pelas obrigações assumidas em nome das empresas, o que denota o abuso de direito.
Considerando que o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, no Direito do Consumidor, adota a teoria menor, conforme previsto no art. 28, § 5º, do CDC, revela-se suficiente que o consumidor demonstre o estado de insolvência do fornecedor ou o fato de a personalidade jurídica representar um obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados.
No presente feito, resta evidenciado que os sócios, que já foram inclusive condenados no âmbito criminal, por sentença ainda não transitada em julgado, participavam da gestão da empresa, devendo responder pelos danos causados à parte promovente, em futura execução.
Assim, pelos motivos acima narrados, é de ser desconsiderada a personalidade jurídica da empresa promovida, mantendo os sócios FABRICIA FARIAS CAMPOS e ANTONIO INACIO DA SILVA NETO no polo passivo da presente ação, devendo responder de forma solidária com a empresa demandada, para que os atos executórios incidam sobre seus patrimônios. 2 DO DISPOSITIVO Isso posto, tendo em vista o que mais dos autos consta, dispositivos legais e princípios gerais de direito aplicáveis à espécie JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS formulados na exordial, e extingo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, CPC, para: 01 - DECRETAR a desconsideração da personalidade jurídica da promovida BRAISCOMPANY, mantendo no polo passivo da presente ação, para todos os fins, os sócios FABRICIA FARIAS CAMPOS e ANTONIO INACIO DA SILVA NETO; 02 - DECLARAR a resolução dos seguintes contratos: Contrato C8-*33.***.*23-90 (Id 72526985), contrato C9-*33.***.*23-90 (Id 72526986), contrato C10-*33.***.*23-90 (Id 72526987), contrato C11-*33.***.*23-90 (Id 72526988), contato C12-*33.***.*23-90 (Id 72526989), contrato RSA13-*33.***.*23-90 (Id 72526990), contrato RSA14-*33.***.*23-90 (Id 72526992), contrato CM15-35156495429112022 (Id 72526991) e contrato RSA16-818292820402023 (Id 72526995), celebrado entre as partes, por culpa exclusiva da contratada; 03 - CONDENAR os promovidos a restituírem à parte autora o valor integral do capital investido, a saber, R$ 400.136,75 (quatrocentos mil, cento e trinta e seis reais e setenta e cinco centavos), devidamente corrigidos pelo INPC a contar do desembolso e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação; 04 – REJEITAR os demais pedidos autorais, nos termos da fundamentação acima exposta.
Condeno os promovidos ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados estes em 10% do valor da condenação, com fulcro no art. 85, § 2º, do CPC.
Com o trânsito em julgado, intime-se a parte autora para, no prazo de 30 (trinta) dias, promover o cumprimento da sentença, observando os limites da condenação e o disposto no art. 523 do CPC.
Caso haja interposição de apelação, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões no prazo legal.
Decorrido o prazo, ou apresentadas as contrarrazões, encaminhem-se os autos ao TJPB, nos termos do art. 1.010, § 3º, do CPC, com as cautelas legais.
P.R.I.
Intime-se a parte promovida, revel sem procurador constituído nos autos, por meio de seu curador especial, bem como através de DJE, conforme entendimento do STJ proferido no RESP 1.951.656.
Cumpra-se.
Campina Grande, data e assinatura eletrônicas Audrey Kramy Araruna Gonçalves Juíza de Direito -
24/02/2025 09:47
Expedição de Outros documentos.
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23/02/2025 20:45
Julgado procedente em parte do pedido
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11/09/2024 01:33
Decorrido prazo de LAERCIO GOMES DE ALMEIDA SEGUNDO em 10/09/2024 23:59.
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11/09/2024 01:33
Decorrido prazo de ODON DANTAS BEZERRA CAVALCANTI em 10/09/2024 23:59.
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10/09/2024 16:34
Juntada de Petição de informações prestadas
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10/09/2024 16:33
Juntada de Petição de informações prestadas
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22/08/2024 10:54
Conclusos para julgamento
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21/08/2024 22:44
Juntada de Petição de petição
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14/08/2024 15:48
Juntada de Petição de petição
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14/08/2024 11:41
Expedição de Outros documentos.
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14/08/2024 11:41
Expedição de Outros documentos.
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14/08/2024 00:11
Proferido despacho de mero expediente
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13/08/2024 13:01
Conclusos para despacho
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12/06/2024 10:11
Juntada de Petição de contestação
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11/06/2024 15:52
Expedição de Outros documentos.
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11/06/2024 15:50
Expedição de Certidão de decurso de prazo.
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17/04/2024 01:26
Decorrido prazo de BRAISCOMPANY SOLUCOES DIGITAIS E TREINAMENTOS LTDA em 16/04/2024 23:59.
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17/04/2024 01:26
Decorrido prazo de ANTONIO INACIO DA SILVA NETO em 16/04/2024 23:59.
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17/04/2024 01:26
Decorrido prazo de FABRICIA FARIAS CAMPOS em 16/04/2024 23:59.
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06/04/2024 17:35
Juntada de Petição de petição
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02/03/2024 17:31
Juntada de Petição de petição
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23/02/2024 00:34
Publicado Edital em 23/02/2024.
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23/02/2024 00:34
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 22/02/2024
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22/02/2024 00:00
Edital
EDITAL DE CITAÇÃO, com prazo de 20 (vinte) dias.
A Exmª.
Srª.
Drª.
Audrey Kramy Araruna Gonçalves.
Juíza de Direito nesta 4ª Vara Cível da Comarca de Campina Grande, Estado da Paraíba, em virtude da Lei, etc...
FAZ SABER a todos quantos o presente edital virem ou deste conhecimento tiverem, que por este CITA, as promovidas por edital a BRAISCOMPANY SOLUÇÕES DIGITAIS E TREINAMENTOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 30.541.179/0001- 55,estabelecido na Rua Doutor Severino Cruz, nº 729 - Centro, Campina Grande – PB,, FABRÍCIA FARIAS CAMPOS, inscrita no CPF sob o n° *83.***.*68-84; e ANTONIO INÁCIO DA SILVA NETO, portador do CPF n° 013.903704-70, brasileiros, casados, empresários, 0807425-48.2023.8.15.0001, com endereço profissional na Rua Dr.
Severino Cruz, nº 729, bairro Centro, Campina Grande/PBatualmente em lugar incerto e não sabido, para todos os termos da AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL COM RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO , nº 813954-83.2023.8.15.0001, para no prazo de 15 (quinze)dias, contestar os termos da exordial, cientificando-a de que não contestando a ação no prazo legal, presumir-se-ão aceitos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor, ainda com as advertências dos artigos 250 e 257, inciso IV, todos do CPC.
CUMPRA-SE.
Dado e passado neste cartório do 4º Ofício Cível de Campina Grande – PB, aos 21/02/2024.
Eu, Maria Iolanda Vilar de Queiroz técnica judiciária o digitei e assino.
Audrey Kramy Araruna Gonçalves - Juíza de Direito -
21/02/2024 14:59
Expedição de Edital.
-
20/02/2024 15:38
Proferido despacho de mero expediente
-
22/12/2023 16:30
Juntada de Petição de petição
-
30/11/2023 19:00
Juntada de Petição de petição
-
02/11/2023 12:27
Juntada de Petição de petição
-
25/10/2023 00:59
Decorrido prazo de LAERCIO GOMES DE ALMEIDA SEGUNDO em 24/10/2023 23:59.
-
25/10/2023 00:59
Decorrido prazo de FELIPE SOLANO DE LIMA MELO em 24/10/2023 23:59.
-
25/10/2023 00:59
Decorrido prazo de ODON DANTAS BEZERRA CAVALCANTI em 24/10/2023 23:59.
-
27/09/2023 22:48
Decorrido prazo de LAERCIO GOMES DE ALMEIDA SEGUNDO em 25/09/2023 23:59.
-
27/09/2023 22:48
Decorrido prazo de FELIPE SOLANO DE LIMA MELO em 25/09/2023 23:59.
-
27/09/2023 22:48
Decorrido prazo de ODON DANTAS BEZERRA CAVALCANTI em 25/09/2023 23:59.
-
21/09/2023 08:00
Conclusos para despacho
-
20/09/2023 17:57
Juntada de Petição de petição
-
19/09/2023 15:14
Juntada de Petição de petição
-
18/09/2023 12:59
Expedição de Outros documentos.
-
18/09/2023 12:52
Ato ordinatório praticado
-
12/09/2023 16:19
Juntada de Petição de certidão
-
12/09/2023 16:18
Juntada de Petição de certidão
-
12/09/2023 16:15
Juntada de Petição de certidão
-
29/08/2023 12:41
Juntada de Petição de comunicações
-
28/08/2023 10:53
Juntada de Petição de petição
-
21/08/2023 13:12
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
21/08/2023 13:12
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
21/08/2023 13:12
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
21/08/2023 13:12
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
21/08/2023 13:12
Expedição de Outros documentos.
-
20/08/2023 08:24
Não Concedida a Antecipação de tutela
-
03/08/2023 09:43
Conclusos para despacho
-
31/07/2023 11:15
Juntada de Petição de petição
-
12/07/2023 15:39
Expedição de Outros documentos.
-
12/07/2023 15:39
Gratuidade da justiça concedida em parte a FELIPPE AUGUSTO CAVALCANTI CERQUEIRA - CPF: *33.***.*23-90 (AUTOR)
-
12/06/2023 10:54
Conclusos para despacho
-
05/06/2023 19:36
Juntada de Petição de petição
-
03/05/2023 23:45
Expedição de Outros documentos.
-
03/05/2023 23:45
Proferido despacho de mero expediente
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03/05/2023 23:43
Conclusos para despacho
-
03/05/2023 23:43
Proferido despacho de mero expediente
-
28/04/2023 19:43
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
-
28/04/2023 19:43
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
28/04/2023
Ultima Atualização
27/07/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
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EXECUÇÃO / CUMPRIMENTO DE SENTENÇA • Arquivo
Execução / Cumprimento de Sentença • Arquivo
ATO ORDINATÓRIO • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
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ATO ORDINATÓRIO • Arquivo
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