TJPI - 0836584-23.2023.8.18.0140
1ª instância - 9ª Vara Civel de Teresina
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Passivo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
-
13/06/2025 00:00
Intimação
poder judiciário tribunal de justiça do estado do piauí GABINETE DO Desembargador JOSÉ JAMES GOMES PEREIRA PROCESSO Nº: 0836584-23.2023.8.18.0140 CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198) ASSUNTO(S): [Indenização por Dano Moral, Empréstimo consignado, Repetição do Indébito] APELANTE: GONCALO DE SOUSA COSTA E SILVA APELADO: BANCO BRADESCO S.A., BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A DECISÃO TERMINATIVA APELAÇÃO CÍVEL.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
MÁ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS.
RELAÇÃO CONSUMERISTA.
INVALIDADE DA CONTRATAÇÃO.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS.
ART. 42, CDC.
TRANSFERÊNCIA DE VALORES NÃO COMPROVADA.
SÚMULA 18 DO TJ/PI.
DANOS MORAIS IN RE IPSA.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO DE APELAÇÃO E CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO DE APELAÇÃO.
Relatório Cuida-se de Apelação Cível interposta por ambas as partes, tendo como Primeiro Apelante – GONÇALO DE SOUSA COSTA E SILVA e, Segundo Apelante – BANCO BRADESCO S/A contra sentença proferida pelo Juízo da 9º Vara Cível da Comarca de Teresina/PI, nos autos da AÇÃO ANULATÓRIA C.C.
OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, todos qualificados e representados.
Em sentença (ID 21837730), o d. juízo de 1º grau julgou procedente o pedido contido na inicial da seguinte maneira: (…) “Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos, com fundamento no artigo 487, I, do Novo Código de Processo Civil, para, reconhecendo a nulidade do CONTRATO nº 813578942, determinando a imediata cessação dos descontos dele decorrentes, caso ainda ativos, e, consequentemente, declarar inexigíveis as obrigações dele oriundas, além de CONDENAR a instituição financeira demandada a restituir à parte autora, EM DOBRO, os valores descontados a título do empréstimo consignado em referência, tudo acrescido de correção monetária pelo INPC e juros legais, a contar de cada pagamento feito pela parte autora.
Tal valor será apurado por simples cálculos aritméticos por ocasião do cumprimento de sentença.
CONDENO, ainda, a instituição financeira demandada a pagar à parte autora indenização por danos morais no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), corrigida a partir da data do arbitramento (Súmula 362/STJ), e acrescido de juros remuneratórios de 1% a.m. (um por cento ao mês) a contar do fato danoso (Súmula 54/STJ).
CONDENO, por fim, a pessoa jurídica demandada ao pagamento custas e de honorários advocatícios, ante a sucumbência majoritária nestes autos, que nos termos do art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil, fixo em 10 % (dez por cento) do valor total da condenação.” (...) GONÇALO DE SOUSA COSTA E SILVA - Primeiro Apelante, apresentou Recurso de Apelação, requerendo, em suma, o provimento do recurso para que a sentença seja reformada para a major o valor da indenização por dano moral para R$ 7.000,00 (sete mil reais), a majoração dos honorários de sucumbência para 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, ante as considerações ID 21837732.
Sem preparo ex vi gratuidade de justiça.
BANCO BRADESCO S/A- Segundo Apelante, apresentou Recurso de Apelação, requerendo o conhecimento e provimento do presente apelo, para dar provimento ao recurso de apelação julgando improcedentes os pedidos contidos na exordial e, subsidiariamente, requer seja determinado a devolução simples dos valores, bem como reduzido o valor a título de danos morais, além de autorizada a compensação do valor creditado ao autor a ser apurado em liquidação de sentença, que na hipótese de condenação em danos morais, o termo inicial dos juros de mora e da correção monetária seja a data do arbitramento, conforme fundamentação contida no ID 21837734.
Houve o recolhimento do preparo ID 21837736.
BANCO BRADESCO S/A, devidamente intimado, apresentou Contrarrazões requerendo, que o recurso interposto pela parte autora seja desprovido e seja a sentença mantida nos termos pleiteados no ID 21837740.
GONÇALO DE SOUSA COSTA E SILVA - Primeiro Apelante,, devidamente intimado, apresentou Contrarrazões requerendo, que o recurso interposto pelo banco seja desprovido, conforme fundamentação contida no ID 21837742.
O Ministério Público Superior não fora instado a se manifestar, em atenção à recomendação do Ofício Circular Nº 174/2021 – PJPI/TJPI/PRESIDENCIA/GABJAPRE/GABJAPRES2, por não vislumbrar interesse público que justifique sua atuação. É o relatório.
I.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e formalmente regular.
Preenchidos os demais requisitos de admissibilidade, CONHEÇO do recurso.
II.
MATÉRIA DE MÉRITO Inicialmente, versa o presente caso sobre contrato de empréstimo consignado supostamente firmado entre os litigantes.
Nota-se que o art. 932 do CPC prevê a possibilidade do relator, por meio de decisão monocrática, deixar de conhecer de recurso (inciso III) ou proceder ao seu julgamento, nas seguintes hipóteses: Art. 932.
Incumbe ao relator: IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal.
Em detida análise, verifica-se que o Banco Bradesco S/A, segundo apelante, colacionou cópia do suposto contrato bancário firmado entre as partes (ID 21837463), porém, não juntou a TED referente a contratação do negócio jurídico objeto da lide.
Ou seja, o Banco requerido não apresentou nenhum documento comprobatório da transferência dos valores ou da formalização do contrato supostamente firmado com o autor/apelante.
A respeito desse assunto, é matéria sumulada neste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, nos seguintes termos: "SÚMULA Nº 18 – A ausência de comprovação pela instituição financeira da transferência do valor do contrato para a conta bancária do consumidor/mutuário, garantidos o contraditório e a ampla defesa, ensejará a declaração de nulidade da avença, com os consectários legais." Resta, assim, afastada a perfectibilidade da relação contratual, ensejando a declaração de sua inexistência e a condenação da requerida à repetição do indébito (art. 42, parágrafo único, do CDC) e à indenização por danos morais, nos termos da Súmula 18, deste eg.
Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Com efeito, não há que se falar em necessária prova da má-fé, uma vez que o instituto da repetição de indébito é aplicável tanto no caso de má-fé (dolo) como culpa, sendo suficiente a demonstração da negligência da instituição financeira na efetuação dos descontos indevidos.
No que diz respeito à indenização por Danos Morais, é notório o direito do autor da ação à indenização por danos morais, diante das fundamentações supras, e, consequentemente, pelo nexo de causalidade entre o dano sofrido pela apelada, e o ato lesivo praticado pelo apelante.
Estabelecido o dever de indenizar, analiso o quantum estabelecido, apto a responsabilizar civilmente o banco recorrente, pelos danos morais que tem experimentado a autora da ação em razão da cobrança indevida por serviços e produtos não contratados pelo recorrido.
Nesse sentido, colaciono a seguinte jurisprudência: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – RELAÇÃO DE CONSUMO – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – BANCO – CESTA FÁCIL ECONÔMICA – SENTENÇA REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO : - A apelante, no que se refere a alegação da legalidade dos valores cobrados nas faturas discutidas, não se desincumbiu do seu ônus probatório, nos termos do art. 373, II, do CPC, e do art. 6º, inciso VIII, do CDC - Não constatada a má-fé da empresa na cobrança dos valores, a medida a ser tomada é a reforma da sentença para restituição simples dos valores - O valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de danos morais se mostra razoável e proporcional para indenizar o dano experimentados - Revela-se razoável e proporcional a redução dos astreintes para o patamar de R$ 1.000,00 (mil reais) por mês em que ocorra o desconto indevido, limitado a 5 (cinco) repetições.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-AM - AC: 06294712620208040001 Manaus, Relator: Domingos Jorge Chalub Pereira, Data de Julgamento: 04/11/2022, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 04/11/2022).
Em atenção ao pedido subsidiário do Banco apelante, de redução do quantum indenizatório, defendo que a indenização por dano moral deve ser fixada em observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sendo suficiente para reparar dano, como se extrai do art. 944, caput do Código Civil.
Dessa forma, em observância aos princípios elencados e seguindo o entendimento que esta Câmara vem adotado, mantenho o valor arbitrado pelo magistrado de piso no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de danos morais.
Pelo exposto, demonstrada a ocorrência dos descontos indevidos no benefício previdenciário da autora/apelante primeira resulta o dever de indenizar, dispensando a prova do efetivo prejuízo sofrido em face do evento danoso, na forma do art. 595 do CC e das súmulas n.º 18 e 35 deste e.
Tribunal de Justiça, mantenho a sentença em todos seus termos.
III.
DISPOSITIVO Com estes fundamentos, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO DE APELAÇÃO, interposto pelo autor da ação e CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO pela instituição financeira requerida, mantendo incólume a sentença vergastada.
Em face da sucumbência, condeno a demandado ao pagamento das custas e despesas processuais calculados sobre o valor da causa, bem assim em honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação, nos termos do § 2º do art. 85 do CPC.
Preclusas as vias impugnativas, dê-se baixa na distribuição. É como voto.
Teresina/PI, data registrada no sistema.
Desembargador José James Gomes Pereira RELATOR -
09/12/2024 09:41
Remetidos os Autos (em grau de recurso) para à Instância Superior
-
09/12/2024 09:40
Expedição de Certidão.
-
09/12/2024 09:40
Juntada de Certidão
-
23/09/2024 17:28
Juntada de Petição de contrarrazões da apelação
-
14/09/2024 03:08
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO S.A. em 13/09/2024 23:59.
-
13/09/2024 14:47
Juntada de Petição de contrarrazões da apelação
-
22/08/2024 13:51
Expedição de Outros documentos.
-
22/08/2024 13:51
Ato ordinatório praticado
-
22/08/2024 13:50
Juntada de Certidão
-
02/07/2024 03:15
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO S.A. em 01/07/2024 23:59.
-
27/06/2024 08:18
Juntada de Petição de apelação
-
20/06/2024 12:19
Juntada de Petição de apelação
-
07/06/2024 11:31
Expedição de Outros documentos.
-
07/06/2024 11:31
Expedição de Outros documentos.
-
29/05/2024 16:35
Expedição de Outros documentos.
-
29/05/2024 16:35
Julgado procedente o pedido
-
20/02/2024 10:44
Conclusos para julgamento
-
20/02/2024 10:44
Expedição de Certidão.
-
09/02/2024 04:47
Decorrido prazo de GONCALO DE SOUSA COSTA E SILVA em 08/02/2024 23:59.
-
31/01/2024 05:14
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO S.A. em 30/01/2024 23:59.
-
22/01/2024 08:50
Expedição de Outros documentos.
-
15/01/2024 13:24
Expedição de Outros documentos.
-
15/01/2024 13:24
Outras Decisões
-
09/10/2023 14:05
Conclusos para despacho
-
09/10/2023 14:05
Expedição de Certidão.
-
30/09/2023 03:34
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO S.A. em 29/09/2023 23:59.
-
26/09/2023 11:14
Juntada de Petição de manifestação
-
22/09/2023 20:41
Juntada de Petição de petição
-
08/09/2023 03:04
Decorrido prazo de BANCO BRADESCO S.A. em 06/09/2023 23:59.
-
05/09/2023 15:45
Expedição de Outros documentos.
-
01/09/2023 09:43
Juntada de Petição de petição
-
31/08/2023 16:59
Expedição de Outros documentos.
-
31/08/2023 16:59
Expedição de Outros documentos.
-
31/08/2023 16:59
Proferido despacho de mero expediente
-
31/08/2023 10:52
Conclusos para despacho
-
31/08/2023 10:52
Expedição de Certidão.
-
31/08/2023 10:50
Expedição de Certidão.
-
17/08/2023 11:09
Juntada de Petição de petição
-
16/08/2023 15:09
Juntada de Petição de contestação
-
14/08/2023 13:58
Expedição de Outros documentos.
-
14/08/2023 13:58
Expedição de Outros documentos.
-
07/08/2023 17:56
Outras Decisões
-
14/07/2023 13:33
Conclusos para despacho
-
14/07/2023 13:33
Expedição de Certidão.
-
14/07/2023 13:33
Expedição de Certidão.
-
13/07/2023 00:46
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
13/07/2023
Ultima Atualização
13/06/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Ato Ordinatório • Arquivo
Sentença • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Informações relacionadas
Processo nº 0803521-24.2024.8.18.0123
Maria de Fatima Silva de Araujo
Agibank Financeira S.A. - Credito, Finan...
Advogado: Jose Carlos Vilanova Junior
1ª instância - TJPR
Ajuizamento: 29/07/2024 09:47
Processo nº 0803521-24.2024.8.18.0123
Maria de Fatima Silva de Araujo
Agibank Financeira S.A. - Credito, Finan...
Advogado: Eugenio Costa Ferreira de Melo
2ª instância - TJPR
Ajuizamento: 21/03/2025 09:10
Processo nº 0800898-88.2025.8.18.0078
Francisca Luzinete Alves Ferreira
Banco Pan
Advogado: Ana Pierina Cunha Sousa
1ª instância - TJPR
Ajuizamento: 12/03/2025 14:58
Processo nº 0804043-51.2024.8.18.0123
Raimundo Nonato Nunes Galvao
Banco Bradesco S.A.
Advogado: Klayton Oliveira da Mata
1ª instância - TJPR
Ajuizamento: 29/08/2024 16:25
Processo nº 0804043-51.2024.8.18.0123
Raimundo Nonato Nunes Galvao
Banco Bradesco S.A.
Advogado: Jose Almir da Rocha Mendes Junior
2ª instância - TJPR
Ajuizamento: 09/04/2025 07:06