TJMA - 0803609-80.2021.8.10.0029
2ª instância - Câmara / Desembargador(a) Gabinete Do(A) Desembargador(A) Marcelo Carvalho Silva
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Ativo
Polo Passivo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
- 
                                            11/04/2022 09:05 Baixa Definitiva 
- 
                                            11/04/2022 09:05 Remetidos os Autos (outros motivos) para Instância de origem 
- 
                                            11/04/2022 09:05 Expedição de Certidão de trânsito em julgado. 
- 
                                            01/04/2022 13:57 Juntada de petição 
- 
                                            23/03/2022 12:12 Expedição de Comunicação eletrônica. 
- 
                                            09/03/2022 02:47 Decorrido prazo de BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. em 08/03/2022 23:59. 
- 
                                            09/03/2022 02:47 Decorrido prazo de ANTONIA CARDOSO DA SILVA em 08/03/2022 23:59. 
- 
                                            11/02/2022 04:36 Publicado Decisão (expediente) em 10/02/2022. 
- 
                                            11/02/2022 04:36 Disponibilizado no DJ Eletrônico em 09/02/2022 
- 
                                            08/02/2022 18:34 Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico 
- 
                                            08/02/2022 15:41 Conhecido o recurso de ANTONIA CARDOSO DA SILVA - CPF: *01.***.*78-79 (REQUERENTE) e não-provido 
- 
                                            07/02/2022 08:34 Conclusos ao relator ou relator substituto 
- 
                                            04/02/2022 11:42 Juntada de parecer - falta de interesse (mp) 
- 
                                            31/01/2022 06:29 Expedição de Comunicação eletrônica. 
- 
                                            29/01/2022 09:26 Proferido despacho de mero expediente 
- 
                                            27/01/2022 19:06 Recebidos os autos 
- 
                                            27/01/2022 19:06 Conclusos para despacho 
- 
                                            27/01/2022 19:06 Distribuído por sorteio 
- 
                                            15/11/2021 00:00 Intimação Processo: 0803609-80.2021.8.10.0029 Ação: Ação Declaratória de Inexistência de Negócio Jurídico c/c Indenização por Danos Morais e Materiais, com Repetição de Indébito.
 
 Requerente: Antônia Cardoso da Silva Requerido: Banco Bradesco Financiamentos S/A SENTENÇA: 1.
 
 RELATÓRIO.
 
 Cuida-se de Ação Declaratória de Inexistência de Negócio Jurídico c/c Indenização por Danos Morais e Materiais, com Repetição de Indébito proposto por Antônia Cardoso da Silva em face do Banco Bradesco Financiamentos S/A, pelos fatos e argumentos delineados na exordial.
 
 Argumenta, em síntese, que o banco requerido procedeu a realização de empréstimo consignado no seu benefício previdenciário sem a sua anuência.
 
 Juntou documentos.
 
 A parte ré juntou contestação em ID. 52580870, contrato, documentos pessoais, declaração de residência, print do extrato mensal.
 
 Em seguida a parte autora foi intimada e apresentou réplica conforme petição em ID. 54916978. É o breve relatório.
 
 Decido. 2.DA FUNDAMENTAÇÃO. 2.1.
 
 Do julgamento antecipado DO MÉRITO.
 
 No caso em testilha, não há necessidade de produção de provas em audiência, uma vez que embora o mérito envolva questões de direito e de fato, os elementos probatórios constantes dos autos permitam o julgamento antecipado dado mérito, nos termos do art. 335, inc.
 
 I, do NCPC.
 
 Ademais, a comprovação dos fatos atribuídos ao promovido demanda, essencialmente, prova documental.
 
 Passo ao mérito. 2.2.
 
 MÉRITO – Do caso concreto.
 
 O núcleo da controversa deriva do fato do de cujus ter sido vítima de ato ilícito do demandado, em razão de descontos indevidos em seu beneficio previdenciário, relativo a empréstimo consignado no valor de R$ 650,00 ( seiscentos e cinquenta ), número do contrato: 803312709.
 
 II - Do regime jurídico aplicável.
 
 Cuida-se de hipótese sob a égide da Lei Consumerista, aplicável aos bancos enquanto prestador de serviços, entendimento pacificado desde a Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça1.
 
 Desta perspectiva, julgo que a aferição da responsabilidade da ré está sujeita à regra do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. É, portanto, hipótese de responsabilidade objetiva, que torna despicienda a discussão sobre o elemento subjetivo.
 
 III - Inversão do ônus da prova.
 
 Em relação ao encargo probatório, tradicionalmente, o Diploma Processual Civil brasileiro divide a carga entre os componentes da demanda, ainda que lhes permita a propositura genérica de provas.
 
 Cumpre mencionar que os sistemas específicos que versam sobre a questão do ônus probatório, em diversas hipóteses optam pela inversão do encargo, cujo exemplo clássico é o Código do Consumidor (art. 6º, VIII do CDC).
 
 Esta questão assume relevância nas situações em que são incertos e/ou insuficientes os meios e elementos probatórios nos autos do processo.
 
 Ou ainda, quando existe certa resistência processual das partes em produzir determinado elemento de prova.
 
 Constatadas essas dificuldades, a decisão judicial se orientará pelo encargo probatório, isto é, verificar quem detinha o dever legal de produzir a prova naquela lide específica.
 
 O encargo probatório é uma regra que deve ser sopesada no ato de decidir.
 
 No Novo Código de Processo Civil, a regra geral, está prevista no artigo 373, incisos I e II, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do argumento pretextado por aquele.
 
 Todavia, em que pese a inversão do ônus da prova, aplicada às relações de consumo, incumbe à parte autora comprovar, ainda que de forma mínima, os fatos constitutivos do seu direito, nos termos do artigo 373, I, do NCPC, ônus do qual não se desincumbiu.
 
 Por ocasião do JULGAMENTO do IRDR N.º 53983/2016 O PLENO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, JULGOU PROCEDENTE O INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS PARA FIXAR QUATRO TESES JURÍDICAS RELATIVAS AOS CONTRATOS DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS QUE ENVOLVAM PESSOAS IDOSAS, ANALFABETAS E DE BAIXA RENDA, NOS TERMOS DO VOTO DO DESEMBARGADOR RELATOR.
 
 Eis as TESES APRESENTADAS NO JULGAMENTO DO IRDR N.º 53983/20161ª TESE: "Independentemente da inversão do ônus da prova - que deve ser decretada apenas nas hipóteses autorizadas pelo art. 6º VIII do CDC, segundo avaliação do magistrado no caso concreto -, cabe à instituição financeira/ré, enquanto fato impeditivo e modificativo do direito do consumidor/autor (CPC, art. 373, II), o ônus de provar que houve a contratação do empréstimo consignado, mediante a juntada do instrumento do contrato ou outro documento capaz de revelar a manifestação de vontade do consumidor no sentido de firmar o negócio, permanecendo com o consumidor/autor, quando alegar que não recebeu o valor do empréstimo, o dever de colaborar com a justiça (CPC, art. 6º) e fazer a juntada do seu extrato bancário, podendo, ainda, solicitar em juízo que o banco faça a referida juntada, não sendo os extratos bancários no entanto, documentos indispensáveis à propositura da ação.
 
 Nas hipóteses em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura aposta no instrumento de contrato acostado no processo, cabe à instituição financeira o ônus de provar essa autenticidade (CPC, art. 429 II), por meio de perícia grafotécnica ou mediante os meios de prova". 2ª TESE:"A pessoa analfabeta é plenamente capaz para os atos da vida civil (CC, art. 2º) e pode exarar sua manifestação de vontade por quaisquer meios admitidos em direito, não sendo necessária a utilização de procuração pública ou de escritura pública para a contratação de empréstimo consignado, de sorte que eventual vício existente na contratação do empréstimo deve ser discutido à luz das hipóteses legais que autorizam a anulação por defeito do negócio jurídico (CC, arts. 138, 145, 151, 156, 157 e 158)". 3ª TESE:"É cabível a repetição do indébito em dobro nos casos de empréstimos consignados quando a instituição financeira não conseguir comprovar a validade do contrato celebrado com a parte autora, restando configurada má-fé da instituição, resguardas as hipóteses de enganos justificáveis". 4ª TESE:"Não estando vedada pelo ordenamento jurídico, é lícita a contratação de quaisquer modalidades de mútuo financeiro, de modo que, havendo vício na contratação, sua anulação deve ser discutida à luz das hipóteses legais que versam sobre os defeitos do negócio jurídico (CC, arts. 138, 145, 151, 156, 157 e 158) e dos deveres legais de probidade, boa-fé (CC, art. 422) e de informação adequada e clara sobre os diferentes produtos, especificando corretamente as características do contrato (art. 4º, IV e art. 6º, III, do CDC), observando-se, todavia, a possibilidade de convalidação do negócio anulável, segundo os princípios da conservação dos negócios jurídicos (CC, art. 170)" Diante disso, caberia à parte ré comprovar a relação jurídica efetuada a justificar os descontos realizados.
 
 E, examinando os autos, penso que a ré logrou demonstrar a licitude dos descontos realizados.
 
 Pelos documentos acostados nos autos conclui-se, com facilidade até, que efetivamente que o autor travou relação comercial com a ré e está devidamente comprovada a origem e a licitude dos descontos.
 
 No caso em comento, o réu juntou o contrato, documentos pessoais, declaração de residência, print do extrato mensal, os quais são capazes de revelar a manifestação de vontade do consumidor no sentido de firmar o negócio.
 
 Ainda, permanecendo com o consumidor/autor, quando alegar que não recebeu o valor do empréstimo, o dever de colaborar com a justiça (CPC, art. 6º) e fazer a juntada do seu extrato bancário.
 
 Do cotejo do contrato juntado pela ré, verifica-se que o valor foi disponibilizado para o autor.
 
 Tendo em vista a constatação de que os valores foram disponibilizados em conta de titularidade da autora, considero que a existência do negócio jurídico é inequívoca.
 
 Esse entendimento é, inclusive, respaldado pelas normas decorrentes da cláusula geral da boa-fé.
 
 A esse respeito, válidas são as considerações deduzidas por esta Tribunal em decisão proferida pelo Des.
 
 Paulo Sérgio Velten Pereira por ocasião do julgamento da AC nº 37.393/2012 - João Lisboa.
 
 Vejamos: "Tal circunstância revela inequívoco comportamento concludente da Recorrida que faz exsurgir em favor do Banco Apelante a legítima expectativa de confiança quanto à execução do contrato de empréstimo e que igualmente impede a Apelada de questionar a sua existência, pois, ao aceitar impassivelmente o depósito do numerário na sua conta corrente, a mesma exarou sua declaração de vontade (que independe de forma especial, ex vi dos arts. 107 e 111 do CC), razão pela qual - por aplicação da teoria do venire contra factum proprium - não pode agora contestar os descontos das respectivas parcelas." (j. em 25/06/2013) Saliente-se , ainda, que o Tribunal de Justiça do Maranhão já reconheceu a ausência de fraude em face da prova documental apresentada pela instituição financeira que demonstra o depósito do valor contratado em conta de titularidade do consumidor que o questiona em juízo: CONSUMIDOR.
 
 PROCESSO CIVIL.
 
 EMPRÉSTIMO FRAUDULENTO.
 
 PROVA DA VALIDADE DA CONTRATAÇÃO.
 
 AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DA VALIDADE DO CONTRATO.
 
 PRESUNÇÃO DE VALIDADE.
 
 SENTENÇA INVERTIDA.
 
 APELAÇÃO PROVIDA. 1.
 
 Hipótese em que a entidade bancária prova a validade do contrato de empréstimo, rechaçando a hipótese de fraude, com fotocópia do instrumento contratual devidamente assinada, bem como do comprovante do depósito em conta, e o uso do numerário pelo consumidor. 2.
 
 O instituto da inversão do ônus da prova não alcança o ônus de alegar e provar a falsidade documental, instrumento apto que o prestador do serviço lançou para atestar a higidez do negócio jurídico (STJ, AgRg no REsp 1197521/ES, Rel.
 
 Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em 16/09/2010, DJe 04/10/2010). 3.
 
 A ausência de pugna específica do instrumento contratual por parte do consumidor faz com que se tenha por presumido o negócio jurídico que é o seu substrato (STJ, REsp 908728/SP, Rel.
 
 Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 06/04/2010, DJe 26/04/2010) (CPC, arts. 368; 372, caput; 389, I; 390) 4.
 
 Apelação provida. (AC nº 33550/2014 - São Domingos do Maranhão, Rel.
 
 Des.
 
 Kleber Costa Carvalho, j. em 09/10/2014) Compulsando os autos, seu conjunto probatório, averiguo que o banco requerido logrou êxito em demonstrar que o empréstimo realizado.
 
 Ressalto ainda que, embora não haja impugnação quanto a autenticidade da assinatura aposta no instrumento de contrato acostado no processo, verifico ser o mesmo válido diante da inexistência de qualquer vício na contratação, à luz das hipóteses legais que autorizam a anulação por defeito do negócio jurídico (CC, arts. 138, 145, 151, 156, 157 e 158).
 
 Desse modo, deve-se concluir que os documentos constantes nos autos denotam a existência de negócio jurídico válido e a consequente legalidade dos descontos efetuados no benefício da autora. 3.
 
 DO DISPOSITIVO.
 
 Isto posto, nos termos do art. 487, I, NCPC, JULGO IMPROCEDENTE OS PEDIDOS CONTIDOS NA INICIAL, extinguindo o processo com resolução do mérito (art.269, I, CPC).
 
 Face ao princípio da sucumbência, condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais, bem como dos honorários advocatício no percentual de 10% do valor da causa, com fulcro no art. 85 § 8º do NCPC.
 
 No entanto, suspendo a sua exigibilidade, tendo em vista que o autor é beneficiário da justiça gratuita, nos termos do art. 12 da lei 1060/50.
 
 Por oportuno, determino que, no caso de interposição de apelação, intime-se o apelado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias (art. 1010, §1° do CPC).
 
 Caso o apelado interponha Recurso Adesivo, intime-se o apelante para contrarrazões, no mesmo prazo acima assinalado (art. 1010, §2° do CPC). Após as formalidades previstas nos parágrafos anteriores, independentemente de juízo de admissibilidade, remetam-se os autos ao Tribunal de Justiça.
 
 Não havendo recurso, após o trânsito em julgado, arquive-se com as formalidades de praxe. Publique-se.
 
 Intimem-se.
 
 Registre-se.
 
 Caxias/MA, data do sistema.
 
 Ailton Gutemberg Carvalho Lima.
 
 Juiz de Direito Titular da 2ª Vara Cível.
Detalhes
                                            Situação
                                            Ativo                                        
                                            Ajuizamento
                                            27/01/2022                                        
                                            Ultima Atualização
                                            08/02/2022                                        
                                            Valor da Causa
                                            R$ 0,00                                        
Detalhes
Documentos
DECISÃO (EXPEDIENTE) • Arquivo
DECISÃO • Arquivo
DESPACHO • Arquivo
ATO ORDINATÓRIO • Arquivo
SENTENÇA (EXPEDIENTE) • Arquivo
SENTENÇA (EXPEDIENTE) • Arquivo
SENTENÇA • Arquivo
ATO ORDINATÓRIO • Arquivo
ATO ORDINATÓRIO • Arquivo
DESPACHO • Arquivo
DECISÃO • Arquivo
Informações relacionadas
Processo nº 0868466-98.2016.8.10.0001
Kennardya Medeiros Goncalves
Jose Victor Spindola Furtado
Advogado: William Santos Frazao
1ª instância - TJMA
Ajuizamento: 19/12/2016 23:04
Processo nº 0868466-98.2016.8.10.0001
Jose Victor Spindola Furtado
Kennardya Medeiros Goncalves
Advogado: Athos Barbosa Lima
Tribunal Superior - TJMA
Ajuizamento: 14/11/2024 08:00
Processo nº 0868466-98.2016.8.10.0001
Kennardya Medeiros Goncalves
Kennardya Medeiros Goncalves
Advogado: William Santos Frazao
2ª instância - TJMA
Ajuizamento: 01/11/2021 11:22
Processo nº 0800576-27.2021.8.10.0112
Vicente Pereira Brito
Banco Bradesco Financiamentos S.A.
Advogado: Elton Dennis Cortez de Lima
2ª instância - TJMA
Ajuizamento: 31/05/2022 09:51
Processo nº 0800576-27.2021.8.10.0112
Vicente Pereira Brito
Banco Bradesco Financiamentos S.A.
Advogado: Antonio de Moraes Dourado Neto
1ª instância - TJMA
Ajuizamento: 23/06/2021 22:20