TJCE - 3000311-33.2024.8.06.0170
1ª instância - Vara Unica da Comarca de Tamboril
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Ativo
Polo Passivo
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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08/09/2025 00:00
Intimação
ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL PROCESSO: 3000311-33.2024.8.06.0170 APELANTE: VANDA DE JESUS APELADO: ODONTOPREV S.A. DECISÃO MONOCRÁTICA Cuida-se de Recurso de Apelação Cível interposta por Vanda de Jesus (Id. 24953999), parcialmente irresignada com a sentença exarada pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Tamboril/CE (Id. 24953994), que julgara parcialmente procedente a Ação Declaratória de Inexistência Débito c/c Repetição de Indébito e Indenização por Danos Morais por ela movida em face da Odontoprev S/A.
A apelante, conforme peça recursal (Id. nº 24953999), sustenta que a condenação fixada em seu favor, no montante de R$ 1.000,00 (hum mil reais), a título de danos morais, não corresponde à gravidade da conduta da instituição financeira, tampouco atende ao caráter pedagógico da indenização.
Argumenta que o instituto do dano moral se fundamenta no binômio "valor compensatório" e "valor de desestímulo", de modo que a quantia arbitrada não atinge a finalidade de prevenir a repetição da prática lesiva, nem reflete adequadamente a extensão do prejuízo experimentado.
Ao final, pugna pela majoração do valor indenizatório para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), e que seja aplicada a correção monetária a partir da data da sentença conforme Súmula 362 e 43 do STJ e juros de mora a contar do evento danoso conforme art. 398 do Código Civil e Súmula 54 do STJ.
Em contrarrazões (Id. nº 24954003), o apelado rebate os argumentos, defendendo a manutenção integral da sentença.
Também sustenta a tese de ausência de dialeticidade recursal.
No mérito, pede o desprovimento do apelo autoral.
Instado, o Ministério Público apresentou sua manifestação no Id nº 25789762, opinando pelo conhecimento do presente recurso, porém, não adentrou ao mérito. É o breve relatório.
Decido. 1.
DA PRELIMINAR - DIALETICIDADE RECURSAL Do cotejo entre a sentença hostilizada e do recurso em apreço, verifica-se que a parte apelante se insurgiu diretamente a r. sentença, sendo nítido o diálogo entre ambas as peças, e o intuito de obter o revertério da decisão singular que lhe foi desfavorável.
Isto posto, rejeita-se a preliminar de ofensa à dialeticidade arguida.
Presentes os pressupostos os quais autorizam a admissibilidade dos recursos, recebo-os e passo a apreciá-los nos termos em que estabelece o art. 1.010 e seguintes do Código de Processo Civil. 2.
DA POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO MONOCRÁTICO Especificamente quanto à apelação, o inciso I do art. 1.011 do CPC/2015 abre a possibilidade de o relator julgar monocraticamente o recurso nas hipóteses previstas nos incisos III a V do art. 932 do CPC/2015, quais sejam: Art. 932.
Incumbe ao relator: (…) III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; (…) Além disso, a teor do preceituado pelo art. 926 do CPC, quanto ao dever dos Tribunais de manter íntegra, uniforme, estável e coerente sua jurisprudência, ressalto que a matéria versada nestes autos já foi objeto de reiterados julgamentos nesta Corte de Justiça, o que torna possível o julgamento monocrático segundo interpretação à Súmula 568 do c.
STJ.
Vejamos: Art. 926.
Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente.
O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.(STJ - Súmula 568, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/03/2016, DJe 17/03/2016) É que, havendo orientação consolidada neste Sodalício sobre a matéria aqui em análise, assim como no Superior Tribunal de Justiça, a presente decisão monocrática certamente será a mesma proferida pelo órgão colegiado.
Presentes os pressupostos que autorizam a admissibilidade do recurso, recebo-o e passo a apreciá-lo, nos termos em que estabelece o art. 1.010 e seguintes do Código de Processo Civil. 3.
DO MÉRITO Conforme relatado, a recorrente questiona apenas o valor arbitrado a título de indenização por danos morais, buscando sua majoração para o patamar de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), e aplicação do índice de correção dos juros.
Analisando os termos do recurso, de logo antecipo que razão assiste promovente.
Explico.
O cerne da controvérsia reside no pleito autoral de majoração dos danos morais arbitrados na origem em R$ 1.000,00 (hum mil reais), bem como pela aplicação dos consectários de correção previstos na Súmula 362 e 43 do STJ e juros de mora a contar do evento danoso conforme art. 398 do Código Civil e Súmula 54 do STJ.
Ab initio, insta salientar que transitaram em julgado, a questão da falha na prestação do serviço e restituição do indébito, passando-se a analisar a condenação em danos morais Nesse escólio, colho os seguintes arestos deste e.
Sodalício, vejamos: DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR.
APELAÇÕES CÍVEIS.
AÇÃO DE CANCELAMENTO DE DESCONTOS INDEVIDOS C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
COBRANÇA DE TARIFA SEM A PROVA DA RESPECTIVA CONTRATAÇÃO.
DEVER DE INDENIZAR EM DANOS MORAIS.
DEVOLUÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO. (MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA TESE FIRMADA NO EARESP 676.608/RS).
RECURSO DA INSTITUIÇÃO BANCARIA CONHECIDO E IMPROVIDO.
RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO PARCIALMENTE PROVIDO.
Trata-se de apelações Cíveis interpostas por ambas as partes em face da sentença de fls. 163/170 prolatada pelo juízo da 2ª Vara Cível da comarca de São Benedito, o qual julgou parcialmente procedente o pleito autoral.
O cerne da controvérsia gira em torno dos descontos realizados na conta-salário da demandante referente a ¿TARIFA BANCÁRIA CESTA FACIL SUPER¿ e¿TARIFA BANCÁRIA VR.
PARCIAL CESTA FACIL SUPER¿, o que alega não ter contratado.
Verifica-se a aplicabilidade do CDC junto à matéria, entendimento já firmado conforme as Súmulas 297 e 479 do Superior Tribunal de Justiça.
Quanto a repetição de indébito, deve ocorrer em sua forma simples até 30/03/2021 e em dobro a partir da referida data. É que no julgamento realizado pelo STJ, nos embargos de divergência em agravo emrecurso especial repetitivo paradigma EAREsp nº 676.608/RS, foi firmada tese de que a restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC) independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor que realizou a cobrança indevida, revelando-se cabível quando a referida cobrança consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva.
Contudo, modulou-se os efeitos do entendimento a fim de ser aplicado apenas a partirda publicação do acórdão, 30/03/2021.
Considerando os parâmetros adotados por Corte de Justiça para casos similares, tenho por justo e razoável a majoração dos danos morais para o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Recurso da instituição Bancária conhecido e não provido e Recurso da demandante conhecido e parcialmente provido, reformando a sentença proferida em parte para condenar o banco promovido no pagamento de indenização por danos morais.
Fortaleza,.
JOSÉ EVANDRONOGUEIRA LIMA FILHO Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR JOSÉ EVANDRO NOGUEIRA LIMA FILHO Relator (Apelação / Remessa Necessária - 0200871-97.2023.8.06.0163, Rel.
Desembargador(a) JOSÉ EVANDRO NOGUEIRA LIMA FILHO, 4ª Câmara Direito Privado, data do julgamento: 06/08/2024, data da publicação: 06/08/2024) (grifos acrescidos) APELAÇÕES CÍVEIS.
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR.
AÇÃO ANULATÓRIA DE CONTRATO C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO E CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
SENTENÇA PROCEDENTE.
PRELIMINAR DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
NÃO ACOLHIDA.
RECURSO DO BANCO: 1.
ALEGAÇÃO DE CONTRATO VÁLIDO E REGULAR.
DESCABIMENTO.
AUTOR ANALFABETO.
CONTRATO NÃO OBEDECE ÀS REGULARIDADES EXIGIDAS PARA A CONTRATAÇÃO POR PESSOA ANALFABETA, OU SEJA, SEM ASSINATURA A ROGO.
DESCONTOS INDEVIDOS. 2.
SUBSIDIARIAMENTE, PEDIDO PARA REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA SIMPLES.
APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO FIRMADO NO ERESP 676.608/RS.
RECURSO DO AUTOR: 1.
PEDIDOPARA MAJORAÇÃO DOS DANOS MORAIS.
ACOLHIDO.
QUANTUM MAJORADO PARA CINCO MIL REAIS, CONFORME JURISPRUDÊNCIA DESSA CÂMARA.
PATAMAR PROPORCIONAL E RAZOÁVEL.
Recursos conhecidos e parcialmente providos.
Sentença reformada. 1.
Da preliminar de litigância de má-fé: Agindo a parte autora em exercício regular do direito, não se pode falar em condenação por litigância de má-fé. 2. É cediço que, em situações em que o contrato é firmado por pessoa analfabeta, é essencial a observação da formalidade prevista no art.595 do Código Civil, segundo o qual, ¿No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas¿.
Precedentes. 3.
In casu, a instituição financeira juntou cópia do contrato sem a assinatura a rogo da apelante, observando-se tão somente a aposição de digital, não tendo, assim, se desincumbido do ônus que lhe competia, nos termos do art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, de comprovar a higidez da contratação do empréstimo, o que conduz ao acolhimento da pretensão autoral. 4.
Em relação a repetição do indébito, nos termos do art. 42, do Código de Defesa do Consumidor, seguindo o entendimento firmado no EResp 676.608/RS, tem-se que os descontos que foram realizados antes do marco temporal fixado pelo STJ (31.03.2021), devem ser restituídos de maneira simples, enquanto aqueles posteriores a essa data, de forma dobrada. 5.Quanto à compensação moral, no caso vertente, essa decorre in re ipsa e deve ser motivada pelo princípio da razoabilidade e proporcionalidade, observadas a gravidade e a repercussão do dano, bem como a intensidade e os efeitos do sofrimento e o caráter didático pedagógico, voltado ao desestímulo à conduta lesiva.
Segundo tais critérios este e.
TJCE tem adotado para hipóteses tais como o presente caso a condenação de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de dano moral, valor ora adotado, por atender às circunstâncias do caso, considerando a natureza da conduta e as consequências do ato. 6.
Emrelação a compensação dos valores entre a importância referente à condenação e o crédito disponibilizado pela instituição financeira demandada à parte autora, mantenho a compensação, a fim de evitar enriquecimento ilícito. 7.
Recurso do banco conhecido e parcialmente provido.
Recurso do autor conhecido e parcialmente provido.
Sentença reformada.
ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação nº 0215975-38.2020.8.06.0001, acordam os Desembargadores integrantes da 4ª Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, à unanimidade, em conhecer dos recursos e dar-lhes parcial provimento, nos termos do voto do eminente Relator.
Fortaleza, data constante no sistema.
JOSÉ EVANDRO NOGUEIRA LIMA FILHO Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR FRANCISCO JAIME MEDEIROS NETO Relator (Apelação Cível - 0215975-38.2020.8.06.0001,Rel.
Desembargador(a) FRANCISCO JAIME MEDEIROS NETO, 4ª Câmara Direito Privado, data do julgamento: 06/08/2024, data da publicação: 06/08/2024) (grifos acrescidos) CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL C/C PEDIDO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
IMPROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR.
PESSOA IDOSA E APOSENTADA.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
INCIDÊNCIA DO CDC.
AUSÊNCIA DE ASSINATURA DAS TESTEMUNHAS NO CONTRATO.
IRRELEVANTE PARA O CASO.
RÉU QUE TROUXE O CONTRATO ASSINADO MAS NÃO APRESENTOU PROVA DA TRANSFERÊNCIA DE VALORES EM FAVOR DO MUTUÁRIO.
BANCO APELADO NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS DE COMPROVAR A VALIDADE, A LEGITIMIDADE DA CONTRATAÇÃO E A LICITUDE DAS COBRANÇAS.
DESCONTOS INDEVIDOS.
NULIDADE DO CONTRATO.
NEGLIGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
RELAÇÃO DE CONSUMO.
ART. 14 DO CDC E SÚMULA 479 DO STJ.
AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO NA FORMA SIMPLES.
DANOS MORAIS E MATERIAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO EM CONFORMIDADE AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
SENTENÇA MODIFICADA. 1.
O cerne da controvérsia consiste em perquirir se houve ou não fraude na contratação de empréstimo entre a promovida e a parte promovente, bem como, se constatada tal circunstância, seria devida a condenação da instituição financeira na repetição do indébito em dobro e em reparação por danos morais. 2.
Preliminar.
O colendo Superior Tribunal de Justiça já tem, há algum tempo, o entendimento assente de que o termo inicial para início da contagem do prazo prescricional em processos tais é a data do pagamento, qual seja, a data da última parcela.
Prescrição afastada diante da inocorrência do lapso temporal de cinco anos.
Pretensão do autor que não é de trato sucessivo, o que se renovaria mês a mês.
Precedentes do STJ.. 3.
Mérito.
Esta Corte de Justiça tem entendido cada vez mais que somente aapresentação do instrumento contratual nos moldes elencados, sem a comprovação que o montante fora disponibilizado a parte autora é insuficiente para que seja declarada válida a contratação de empréstimo.
Isso porque é relevante esclarecer que para a regularidade da contratação de empréstimos consignados, vem sendo necessário a cumulação de dois elementos, quais sejam, a existência de contrato formalmente válido e o comprovante de ingresso do valor ajustado ao patrimônio da parte autora.
Precedentes. 4.
Restou comprovado pela apelante que os descontos em seu benefício previdenciário foram indevidos, decorrente do contrato guerreado e, em contrapartida, a instituição financeira não se desincumbiu do encargo de rechaçar as alegações autorais, comprovando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da requerente (art. 373, II, do CPC), uma vez que não produziu prova robusta quanto à regularidade da contratação. 5.
Anulado o contrato, em razão da falha na prestação do serviço, a instituição financeira recorrida assumiu o dever de indenizar.
Esse dever decorre da responsabilidade objetiva do fornecedor, prevista no art. 14 do CDC. 6.
Atual posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, fixado no recurso repetitivo paradigma (EAREsp 676608/RS) é no sentido de que a restituição em dobro independe da natureza volitiva do fornecedor, ou seja, prescinde da comprovação da má-fé quando a cobrança indevida decorrer de serviços não contratados.
Todavia, impende registrar que o entendimento supra foi publicado com modulação dos efeitos, ou seja, a tese fixada somente valerá para os processos ajuizados a partir da publicação do acórdão paradigma, cuja data foi 30/03/2021. 7.
In casu, considerando que não há nos autos prova de má-fé na contratação e também porque a presente demanda foi protocolada em data anterior àquela estipulada pelo STJ para aplicação do novel entendimento jurisprudencial da possibilidade de repetição em dobro em casos da espécie, a devolução dos descontos indevidos deve ser feita na forma simples.
Precedentes. 8.
Debitação direta na conta da consumidora, reduzindo seus proventos, quando reconhecida a nulidade do contrato que amparou tais descontos, caracteriza dano moral in re ipsa, ou seja, presumido, decorrente da própria existência do ato, não exigindo a prova do prejuízo. 9.
Fixa-se o quantum indenizatório no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigido monetariamente a partir deste arbitramento e juros moratórios a partir do evento danoso (data de início dos descontos), nos termos das Súmulas 54 e 362 do STJ, valor este proporcional e razoável para reparar o dano moral sofrido pela apelante, preservando as finalidades educativa e sancionatória do instituto. 10.
Recurso conhecido e provido parcialmente.
Sentença modificada.
ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram as partes acima referidas.
Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade, em conhecer do recurso apresentado para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, tudo nos termos do voto do Desembargador Relator, observadas as disposições de ofício.
Fortaleza, 25 de junho de 2024 JOSÉ EVANDRO NOGUEIRA LIMA FILHO Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE Relator (Apelação Cível - 0000218-38.2019.8.06.0028, Rel.
Desembargador(a) FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE, 4ª Câmara Direito Privado, data do julgamento: 25/06/2024, data da publicação: 25/06/2024) (grifos acrescidos) Por derradeiro, no tocante os consectários legais da condenação dos danos morais, importante destacar que se trata de evidente ilícito extracontratual uma vez que inexiste negócio jurídico válido.
Por conseguinte, trata-se de danos originados de responsabilidade extracontratual, pela violação do princípio geral do neminem laedere.
Assim, incide juros moratórios, na forma do art. 406, do Código Civil, contados a partir da data do ato ilícito ou evento danoso, no presente caso, do primeiro desconto indevido na conta bancária da parte autora, nos termos da súmula 54 do STJ: Súmula 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
E correção monetária pelo IPCA, a partir do arbitramento, ou seja, da presente decisão, conforme entendimento da súmula 362 do STJ: Súmula 362: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.
No que se refere aos honorários sucumbenciais, verifica-se que o Juízo de primeiro grau, com fundamento no art. 85, §2º, do CPC, arbitrou-os em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, observando os critérios legais atinentes ao grau de zelo do profissional, ao lugar de prestação do serviço, à natureza e à importância da causa, bem como ao trabalho desenvolvido pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. É sabido que a fixação da verba honorária deve ser pautada pelo binômio razoabilidade e proporcionalidade, de modo a remunerar condignamente o labor do causídico, mas sem descurar do caráter pedagógico da sucumbência.
No caso em exame, o percentual estabelecido pela sentença mostra-se adequado, na medida em que guarda perfeita correspondência com a simplicidade da demanda e a atuação processual despendida, não havendo elementos que justifiquem sua majoração.
De mais a mais, a interpretação sistemática do art. 85 do CPC revela que os honorários de sucumbência não constituem prêmio desmedido, mas contraprestação pelo serviço prestado.
Assim, a fixação em 10% sobre o valor da condenação revela-se suficiente e equilibrada, evitando enriquecimento sem causa, além de atender ao parâmetro objetivo mínimo traçado pela lei.
Dessarte, a verba honorária arbitrada em primeiro grau deve ser mantida, porquanto se apresenta justa, proporcional e consentânea com os critérios legais, inexistindo razão para qualquer reforma nesse ponto 4.
DISPOSITIVO Ante o exposto, com espeque nas ilações fáticas e nos argumentos fartamente coligidos, conheço do recurso interposto, para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO ao recurso autoral, reformando a sentença de primeiro grau no sentido de arbitrar os danos morais em favor do autor no patamar de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigido monetariamente, pelo IPCA, a partir deste arbitramento e juros moratórios a partir do evento danoso (data de início dos descontos), na forma do art. 406 do Código Civil e nos termos das Súmulas 54 e 362 do STJ.
Mantenho os honorários sucumbenciais conforme decididos na origem, em atenção ao Tema 1.059 do C.
STJ.
Advirto as partes que na eventualidade de interposição de Agravo Interno em face da presente decisão, acaso este seja considerado manifestamente inadmissível ou improcedente em decisão unânime do órgão colegiado, poderá incidir a penalidade de multa prevista no art. 1.021, § 4º do CPC/15. É como decido.
Retirem-se os autos de pauta de julgamento.
Expedientes necessários.
Fortaleza/CE, data da assinatura digital.
FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE DESEMBARGADOR RELATOR -
03/07/2025 10:02
Remetidos os Autos (em grau de recurso) para Instância Superior
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03/07/2025 10:01
Alterado o assunto processual
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03/07/2025 10:01
Juntada de Certidão
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16/06/2025 12:38
Juntada de Petição de Contra-razões
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02/06/2025 00:00
Publicado Intimação em 02/06/2025. Documento: 157549410
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30/05/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 30/05/2025 Documento: 157549410
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30/05/2025 00:00
Intimação
Vara Única da Comarca de Tamboril RUA JESUÍTA ADEODATO, s/n, Centro, TAMBORIL - CE - CEP: 63750-000 PROCESSO Nº: 3000311-33.2024.8.06.0170 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) AUTOR: VANDA DE JESUS REU: ODONTOPREV S.A. ATO ORDINATÓRIO De Ordem do(a) MM(a).
Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Tamboril, e conforme disposição expressa nos arts. 129 a 133 do Provimento nº 02/2021, publicado às fls. 24/99 do DJ-e que circulou em 28/01/2021, emanado da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Ceará, para que possa imprimir andamento ao processo, intime-se a parte requerida para apresentar Contrarrazões à Apelação ID. 157137441, no prazo de 15 (quinze) dias. TAMBORIL/CE, 29 de maio de 2025.
RODRIGO GUEDES CAMARATécnico(a) Judiciário(a)Núcleo Permanente de Apoio às Comarcas do Interior - NUPACI -
29/05/2025 08:50
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 157549410
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29/05/2025 08:50
Ato ordinatório praticado
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29/05/2025 04:31
Decorrido prazo de WALDEMIRO LINS DE ALBUQUERQUE NETO em 28/05/2025 23:59.
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27/05/2025 21:35
Juntada de Petição de Apelação
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12/05/2025 09:22
Juntada de Petição de petição
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07/05/2025 00:00
Publicado Intimação da Sentença em 07/05/2025. Documento: 153178041
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07/05/2025 00:00
Publicado Intimação da Sentença em 07/05/2025. Documento: 153178041
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06/05/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/05/2025 Documento: 153178041
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06/05/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/05/2025 Documento: 153178041
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06/05/2025 00:00
Intimação
SENTENÇA Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c Pedido de Reparação por Danos Morais e Materiais, com pedido de restituição do indébito, ajuizada por VANDA DE JESUS em face de ODONTOPREV S/A, na qual a parte autora alega que foram realizados descontos indevidos em seu benefício previdenciário, no total de R$ 220,94 (duzentos e vinte reais e noventa e quatro centavos), sem a sua autorização, a título de adesão a plano odontológico.
Requereu, por conseguinte, a declaração de inexistência do débito, a restituição do valor descontado, bem como indenização por danos morais.
A parte ré apresentou contestação, aduzindo a regularidade da contratação e alegando que os descontos ocorreram com ciência e autorização da parte autora.
Contudo, não anexou documentos hábeis a demonstrar a existência de contrato firmado de forma válida e consciente pela demandante. É o breve relatório.
Decido.
I - Fundamentação Sem preliminares.
A relação jurídica existente entre as partes é de consumo, nos termos dos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor, aplicando-se, portanto, as normas protetivas previstas nesse diploma legal.
Compete à parte autora comprovar o fato constitutivo do seu direito, nos termos do art. 373, inciso I, do CPC, e ao réu o ônus de comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC).
No caso, a parte autora comprovou, por meio de extratos bancários (Id. 130732184), o desconto mensal realizado sob a rubrica da empresa.
Por outro lado, a demandada não comprovou a existência de qualquer contrato de adesão ou autorização válida, com documentos assinados pela autora, que justificasse a realização dos descontos.
A simples alegação de que a adesão teria sido realizada pela parte autora, desacompanhada de elementos documentais mínimos que atestem a validade formal da contratação, não é suficiente para afastar a ilicitude da cobrança, pois a ausência de demonstração da contratação do serviço impugnado enseja a devolução dos valores e reparação por danos sofridos.
Quanto à restituição do indébito, aplica-se o disposto no art. 42, parágrafo único, do CDC, o qual prevê a repetição em dobro dos valores pagos indevidamente, acrescidos de correção monetária e juros legais.
Acerca do tema, o posicionamento hodierno do Superior Tribunal de Justiça, fixado no recurso repetitivo paradigma (EAREsp 676608/RS), é no sentido de que a restituição em dobro dos valores descontados indevidamente, independe da natureza volitiva do fornecedor, ou seja, prescinde da comprovação da má-fé quando a cobrança indevida decorrer de serviços não contratados, entretanto, o entendimento supra foi publicado com modulação dos efeitos, de sorte que a tese fixada somente será aplicável a valores pagos após a sua publicação, ou seja, 30/03/2021.
Por sua vez, os danos morais restam configurados pelo transtorno causado à parte autora, pessoa idosa e aposentada, que teve sua subsistência comprometida por descontos indevidos.
A jurisprudência tem reconhecido que, em casos de cobrança indevida em benefício previdenciário, o dano moral prescinde de prova, por decorrer da própria ilegalidade do ato.
Todavia, para a fixação do quantum, deve-se considerar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
No presente caso, trata-se de quatro parcelas de valores módicos, todas abaixo de R$ 60,00, que, embora ilicitamente descontadas, não configuraram prejuízo de grande monta nem geraram prova de consequências mais gravosas.
Assim, arbitro os danos morais em R$ 1.000,00 (mil reais), valor que atende ao caráter pedagógico e compensatório da indenização, sem gerar enriquecimento indevido da parte autora.
II - Dispositivo Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, para: a) declarar a inexistência do débito oriundo dos descontos realizados sob a rubrica da ré ODONTOPREV S/A, determinando que eventuais descontos relacionados sejam cessados no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 100,00 (cem reais), limitada ao montante máximo de R$ 1.000,00 (mil reais); b) condenar o réu à repetição dos valores descontados indevidamente, sendo em dobro os realizados a partir de 30/03/2021, com correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês, ambos a partir de cada desconto indevido, a qual está limitada aos últimos 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento da presente demanda; c) condenar a parte ré ao pagamento de R$ 1.000,00 (mil reais) a título de indenização por danos morais, com correção monetária pelo INPC a partir da presente decisão e juros de mora de 1% ao mês desde o evento danoso; d) condenar a parte ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa definitiva.
Tamboril/CE, data da assinatura digital.
Silviny de Melo Barros Juiz Substituto -
05/05/2025 15:43
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 153178041
-
05/05/2025 15:43
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 153178041
-
05/05/2025 14:01
Julgado procedente em parte do pedido
-
11/03/2025 03:04
Decorrido prazo de WALDEMIRO LINS DE ALBUQUERQUE NETO em 10/03/2025 23:59.
-
11/03/2025 02:59
Decorrido prazo de WALDEMIRO LINS DE ALBUQUERQUE NETO em 10/03/2025 23:59.
-
10/03/2025 13:09
Conclusos para julgamento
-
07/03/2025 15:11
Juntada de Petição de réplica
-
20/02/2025 16:58
Juntada de Petição de petição
-
12/02/2025 00:00
Publicado Intimação em 12/02/2025. Documento: 135337127
-
11/02/2025 00:00
Intimação
ATO ORDINATÓRIO Apresentada a contestação pela parte ré, intime-se a parte autora para, querendo, apresentar réplica, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme prevê o artigo 350 do CPC. No mesmo prazo, ambas as partes deverão especificar, de maneira fundamentada, se têm outras provas a produzir, justificando sua relevância e pertinência para o deslinde da controvérsia.
Tamboril, 10 de fevereiro de 2025 Diretora de Secretaria -
11/02/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 11/02/2025 Documento: 135337127
-
10/02/2025 15:47
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 135337127
-
10/02/2025 13:46
Ato ordinatório praticado
-
07/02/2025 20:23
Juntada de Petição de contestação
-
23/01/2025 00:00
Publicado Citação em 23/01/2025. Documento: 132840416
-
22/01/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 22/01/2025 Documento: 132840416
-
21/01/2025 09:47
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 132840416
-
21/01/2025 07:23
Proferido despacho de mero expediente
-
19/12/2024 14:07
Conclusos para despacho
-
17/12/2024 13:53
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
17/12/2024
Ultima Atualização
08/09/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
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