TJMA - 0802279-66.2021.8.10.0120
1ª instância - Vara Unica de Sao Bento
Polo Ativo
Polo Passivo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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19/07/2023 11:13
Arquivado Definitivamente
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19/07/2023 11:13
Transitado em Julgado em 14/04/2023
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19/04/2023 23:22
Decorrido prazo de MUNICIPIO DE PALMEIRANDIA em 10/04/2023 23:59.
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19/04/2023 05:05
Decorrido prazo de JURANDIR TEIXEIRA ABREU FILHO em 09/03/2023 23:59.
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05/04/2023 03:59
Publicado Intimação em 14/02/2023.
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05/04/2023 03:59
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 13/02/2023
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13/02/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO MARANHÃO Vara Única da Comarca de São Bento PROC. 0802279-66.2021.8.10.0120 Requerente : JOSE RAIMUNDO MARTINS DIAS JUNIOR Requerido(a): MUNICÍPIO DE PALMEIRÂNDIA Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120) SENTENÇA Relatório Trata-se de ação de mandado de segurança impetrado por JOSE RAIMUNDO MARTINS DIAS JUNIOR sob a alegação é servidor efetivo do Município.
Alega que exerceu efetivamente suas funções e que o Município teria suspendido o pagamento de seu salário indevidamente e a afastado da função.
O Município apresentou contestação alegando que teria sido verificada várias irregularidades tanto no concurso, quanto nas documentações apresentadas por diversos servidores, que teria sido instaurado Processos Administrativos Disciplinares e Sindicância para apuração das ilegalidades, tendo sido verificado que o autor não teria sido classificado nem como excedente e outras irregularidades na nomeação do autor, sendo suspenso o pagamento do seu salário.
O Ministério Público manifestou pela denegação da segurança. É o relatório.
Fundamentação A questão posta cinge-se em analisar o ato da administração pública que suspendeu o salário do autor de seu cargo de vigia junto ao Município de Palmeirândia.
Revendo os autos, e especialmente considerando os inúmeros processos que advieram sobre o mesmo fato, impõe-se concluir pela ilegalidade na nomeação da parte requerente.
Senão vejamos.
Primeiramente, não se ponha em olvido que ao Poder Executivo é dado o poder de rever seus próprios atos, seja do ponto de vista da legalidade ou, a depender da situação, do ponto de vista da conveniência.
Nesse sentido, são as disposições das vetustas súmulas 473 e 346 do STF, que assim dispõem in verbis: Súmula 346 - A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Como sabido, tal situação não exclui o controle último de legalidade a ser feito pelo Poder Judiciário, ex vi do art. 5°, XXXV, da Constituição Federal, pelo qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Assim, o Poder Executivo tem a dever legal de instaurar procedimento administrativo para correção de ilegalidade nos atos da administração, não se tratando de conduta estranha à função.
Entretanto, deve prezar pelas garantias do contraditório e ampla defesa, e pela observância do procedimento administrativo legal.
Obedecidas todas as formalidades legais e procedimentais, ao Judiciário cumpre apenas decotar eventuais violações à lei e à Constituição.
No caso específico dos autos, ainda que nessa análise prefacial, verifico que, em tese, o procedimento seguiu de forma regular, resguardando-se a garantia de defesa e contraditório, pelo menos em princípio.
Quanto à questão em si, não vejo ilegalidade no afastamento/demissão da requerente, quanto ao reconhecimento de ilegalidade na investidura da parte requerente, pois, como se verifica dos autos, trata-se de nomeação ocorrida muito após a expiração do prazo de validade do concurso público, o que, na prática, equivale à nomeação sem prévio concurso público; ato sabidamente ilegal e nulo de pleno direito.
Em que pese tenha havido uma decisão liminar na ação civil pública de n. 0001468-52.2015.8.10.0120, não foi estabelecido um poder para o gestor da época nomear de forma aleatória qualquer aprovado, mas sim para verificar a questão dos casos em que havia “contratados” em cargos públicos e proceder a nomeação do respectivo excedente. É uma dedução lógica da própria ação, que visava justamente corrigir a ilegalidade de se colocar servidores contratados ao invés de servidores efetivos, quando existentes cargos vagos.
Até porque seria impossível nomear todos os constantes no cadastro de reserva, sem que ficasse demonstrada e efetiva existência do cargo público.
Em suma, a nomeação pressupõe existência do cargo vago. À obviedade, a decisão judicial então proferida não poderia abranger situações a surgirem no futuro, caso contrário ela funcionaria como uma lei e não como uma decisão.
A decisão não tem o condão de prorrogar indefinidamente o prazo de validade do concurso, mas sim de regular as situações nela apreciadas.
Portanto, o âmbito de eficácia da decisão liminar, proferida na respectiva ação civil pública abrange somente aquelas situações existentes à época de sua prolatação.
Não se trata de uma carta branca para o gestor nomear nos vindouros anos quem lhe aprouvesse e quando ele quisesse, mesmo com o concurso já expirado o prazo de validade.
Seria uma violação frontal à Constituição Federal, nos termos do art. 37, incisos I, II e III, in verbis: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; O próprio edital do concurso também é cristalino que ao estabelecer no item 13.1 "Os candidatos aprovados e classificados dentro do número de vagas previstas para cada cargo serão nomeados obedecendo rigorosamente à ordem de classificação".
No item 13.2 também consta "Os candidatos aprovados, constante da lista de classificação definitiva serão convocados para escolha de vagas, segundo a conveniência da Administração e observada, a ordem de classificação no referido concurso." Portanto, em tese, a nomeação somente poderia estar supedaneada na decisão judicial, se fosse ao menos próximo ao tempo de sua prolação, e observasse a questão dos excedentes e a respectiva ordem.
Nomeações avulsas e aleatórias após o prazo de validade do concurso, sem atender especificamente à questão de substituição dos contratados, não estão revestida do manto da legalidade. É fato que o ato administrativo da Portaria de Nomeação geraria em tese uma presunção de legitimidade.
Todavia, em se tratando de procedimento administrativo que tenha suspendido sua eficácia, baseado em indícios concretos de ilegalidade, caberia à parte autora, desse modo, a comprovação de que o ato fora, deveras, legal.
Ou seja, deveria comprovar que foi regularmente aprovada no concurso público, que foi nomeada com a observância das exigências legais, que foi nomeada dentro do prazo de validade do concurso, ou que estava incluída nas situações abrangidas pela decisão judicial mesmo tanto tempo depois, etc.
Entretanto, não há elementos probatórios mínimos acerca desta questão, especialmente desta última, de modo que não é possível vislumbrar o direito alegado em detrimento da presunção de legitimidade dos atos praticados no âmbito do respectivo procedimento administrativo.
No caso dos autos, verifico que a parte requerente, JOSE RAIMUNDO MARTINS DIAS JUNIOR, nem mesmo comprovou ter sido aprovado dentro das vagas oferecidas no edital ou que, estando cadastro de reserva, tenha surgido vagas equivalente à sua classificação dentro do prazo de validade do certame.
Dispositivo Ante o exposto, por estes fundamentos, de acordo com o parecer ministerial, DENEGO A SEGURANÇA.
Desta feita, EXTINGO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil.
Publique-se.
Intime-se.
Em havendo recurso, intime-se a parte contrária para apresentação de resposta e, após os trâmites legais, remetam-se os autos à segunda instância.
Caso transitado em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas legais.
São Bento - MA, data da assinatura Juiz José Ribamar Dias Júnior Titular da Comarca de São Bento (assinatura eletrônica) -
10/02/2023 08:53
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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10/02/2023 08:53
Expedição de Comunicação eletrônica.
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08/02/2023 13:54
Denegada a Segurança a JOSE RAIMUNDO MARTINS DIAS JUNIOR - CPF: *48.***.*24-92 (IMPETRANTE)
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13/01/2023 11:51
Conclusos para julgamento
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12/01/2023 16:26
Proferido despacho de mero expediente
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16/09/2022 17:39
Conclusos para julgamento
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16/09/2022 17:38
Juntada de Certidão
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05/09/2022 21:38
Decorrido prazo de MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO (CNPJ=05.***.***/0001-85) em 30/08/2022 23:59.
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31/08/2022 09:45
Juntada de petição
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21/07/2022 17:55
Expedição de Comunicação eletrônica.
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08/06/2022 11:08
Juntada de contestação
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22/04/2022 10:17
Juntada de termo de declarações
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22/04/2022 03:28
Publicado Intimação em 22/04/2022.
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21/04/2022 05:14
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 20/04/2022
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19/04/2022 12:11
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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19/04/2022 12:11
Expedição de Comunicação eletrônica.
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28/10/2021 16:32
Outras Decisões
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20/10/2021 16:53
Juntada de petição
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09/10/2021 11:43
Conclusos para decisão
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09/10/2021 11:43
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
09/10/2021
Ultima Atualização
19/07/2023
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
Documentos
Sentença • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Documento Diverso • Arquivo
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