TJMA - 0802282-05.2022.8.10.0114
1ª instância - Vara Unica de Riachao
Polo Ativo
Polo Passivo
Partes
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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15/01/2025 23:29
Arquivado Definitivamente
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14/01/2025 17:29
Proferido despacho de mero expediente
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02/01/2025 06:59
Conclusos para despacho
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02/01/2025 06:59
Juntada de Certidão
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18/09/2024 02:20
Publicado Intimação em 18/09/2024.
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18/09/2024 02:20
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 17/09/2024
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16/09/2024 12:17
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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16/09/2024 12:16
Ato ordinatório praticado
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16/09/2024 12:14
Juntada de Certidão
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11/06/2024 09:23
Expedido alvará de levantamento
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06/02/2024 13:07
Conclusos para decisão
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06/02/2024 13:07
Juntada de Certidão
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01/02/2024 02:15
Decorrido prazo de DIEGO MONTEIRO BAPTISTA em 31/01/2024 23:59.
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25/01/2024 10:12
Juntada de petição
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11/01/2024 16:01
Juntada de petição
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09/01/2024 16:47
Juntada de protocolo
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07/12/2023 00:59
Publicado Intimação em 07/12/2023.
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07/12/2023 00:59
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/12/2023
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07/12/2023 00:59
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/12/2023
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05/12/2023 11:17
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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15/11/2023 15:48
Proferido despacho de mero expediente
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15/11/2023 15:00
Evoluída a classe de PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) para CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
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20/10/2023 09:40
Conclusos para despacho
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20/10/2023 09:40
Juntada de Certidão
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20/10/2023 09:38
Transitado em Julgado em 18/09/2023
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19/10/2023 14:57
Juntada de petição
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21/09/2023 07:39
Juntada de petição
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19/09/2023 14:20
Decorrido prazo de DIEGO MONTEIRO BAPTISTA em 18/09/2023 23:59.
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19/09/2023 14:20
Decorrido prazo de ANDRE FRANCELINO DE MOURA em 18/09/2023 23:59.
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25/08/2023 01:26
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 24/08/2023
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25/08/2023 01:24
Publicado Intimação em 25/08/2023.
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25/08/2023 01:24
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 24/08/2023
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24/08/2023 00:00
Intimação
PROCESSO N° 0802282-05.2022.8.10.0114 AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) PARTE AUTORA: LUIZ OLIVEIRA CASTRO ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) AUTOR: ANDRE FRANCELINO DE MOURA - TO2621 PARTE RÉ: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) REU: DIEGO MONTEIRO BAPTISTA - RJ153999-A FINALIDADE: INTIMAÇÃO DAS PARTES acima descritas, através de seus(a) Advogados(as) acima especificado(a) para tomar(em) conhecimento do inteiro teor da SENTENÇA, a seguir transcrito(a): " SENTENÇA
I-RELATÓRIO Trata-se de Ação Declaratória de inexistência de relação jurídica c/c repetição de indébito e dano moral proposta por Luiz Oliveira Castro em face de Banco Bradesco Cartões S/A.
Aduz a parte autora que vem sofrendo descontos efetuados em sua conta bancária, referente a um cartão de crédito que nunca contratou, denominado “CARTAO CREDITO ANUIDADE”, que jamais teria autorizado.
Segundo ele, a conta em questão foi aberta para o fim exclusivo de recebimento de benefício previdenciário.
Requer, assim, a devolução dos valores cobrados indevidamente, em dobro, e condenação em repará-la por danos morais sofridos. À inicial, juntou extratos bancários comprovando os referidos descontos (ID 81383899).
Despacho de citação(ID 83206301).
Em sua defesa, a Instituição Financeira sustenta regularidade na contratação não havendo danos materiais ou morais a serem reparados (ID 85437045).
Despacho de intimação das partes para manifestarem interesse na produção de provas (ID 89800198).
Réplica apresentada pela parte autora(ID 91851582).
Retornaram os autos conclusos.
Eis o relatório.
Decido.
II-FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, destaco que as relações jurídicas ora discutidas devem ser entendidas como de consumo, previstas na Lei nº 8.078/90, envolvendo de um lado, o Consumidor e de outro, o Fornecedor promovido.
No que atine à preliminar de ausência de interesse de agir, este argumenta que o Consumidor poderia ter procurado a Instituição Financeira para solucionar a questão extrajudicialmente e, não o tendo feito, resta demonstrada a ausência de interesse de agir.
O interesse de agir (ou interesse processual) é caracterizado mediante a necessidade da tutela jurisdicional no caso concreto ou através da adequação do meio escolhido para que esta seja efetivada.
Ausente a necessidade ou a adequação, consequentemente, restará configurada a carência de ação.
Com efeito, o exercício do direito de ação pressupõe a existência de uma pretensão resistida, perante a qual poderá o autor provocar a jurisdição a fim de obter a tutela necessária à garantia de seus direitos.
Em consequência, subsistirá a imprescindibilidade da intervenção e uma das nuances do interesse processual (necessidade), conforme exposto acima.
No presente caso, de fato, não existem evidências de que o Consumidor tenha procurado a Instituição Financeira extrajudicialmente para resolver a questão, mas isto, por si só, não é capaz de afastar seu interesse.
Ocorre que a Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 5º, inciso XXXV, o princípio da inafastabilidade da jurisdição, nos seguintes termos: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Nesse contexto, sempre que o Poder Judiciário for provocado, se estiver diante de lesão ou ameaça a algum direito, e puder se prestar a tutela jurisdicional, não existe razão para que a demanda do cidadão não seja atendida por esta via.
A legislação, em nenhum momento, exige o esgotamento das vias extrajudiciais para a solução das demandas, mas tão somente a existência de lesão ou ameaça a direito.
Sendo assim, embora não haja comprovação de que o Consumidor tenha reclamado extrajudicialmente, não existem motivos para que seja reconhecida a carência de ação por isso, pois existe, sim, a resistência da Entidade Bancária.
Tanto é verdade que, mesmo perante o Judiciário, o Banco defendeu a legalidade das cobranças e a improcedência total dos pedidos do Autor.
Se procedeu desta forma perante o Poder Judiciário, certamente que outro não seria o desfecho extrajudicial.
No tocante à falta de comprovante de endereço em nome próprio, entendo não assistir razão ao Requerido.
As hipóteses de inépcia encontram-se elencadas no art. 330, §1º, do CPC, podendo esta ser reconhecida quando: a) faltar pedido ou causa de pedir; b) o pedido for indeterminado, salvo os casos de pedido genérico autorizado em lei; c) da narração dos fato não decorrer conclusão lógica; e/ou, d) contiver pedido incompatíveis.
Nesse ponto, verifico que a petição inicial não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses.
Embora o requerido sustente que não se teria juntado documento essencial a exordial, especificamente comprovante de endereço em nome próprio/recente, a fim de se fixar a competência do juízo, é de se observar que tal documento não é exigido por lei para a busca da tutela jurisdicional.
Ademais, a maior parte da população desta Comarca reside da zona rural, não possuindo o referido documento, de forma que fazer tal exigência inviabilizaria o acesso à justiça.
Estabelece o art. 55 do CPC que reputam-se conexas as ações que tiverem em comum o pedido ou a causa de pedir, bem como aquelas que possam gerar riscos de decisão contraditória ou conflitante, mesmo que não haja a conexão nos termos anteriormente mencionados.
No tocante à alegação de conexão, deve-se ter em mente que o reconhecimento desta, com a consequente reunião de ações, deve ser avaliado pelo magistrado, de acordo com a conveniência para o julgamento, observando-se sobretudo a questão da celeridade e da economia processuais na prestação jurisdicional.
Assim sendo, não é obrigatório que as ações sejam reunidas em qualquer caso, ainda que entre elas haja conexão.
Neste sentido:AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO.
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO DE COBRANÇA DE ALUGUERES.
VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC E CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADOS.
CONEXÃO.
CAUSAS COM VÍNCULO DE IDENTIDADE.
RELAÇÕES JURÍDICAS QUE SE APOIAM EM FATO ÚNICO.
JULGAMENTO SIMULTÂNEO.
ECONOMIA PROCESSUAL E PRESERVAÇÃO DO PRESTÍGIO DAS DECISÕES PROFERIDAS.
DISCRICIONARIEDADE RELATIVA DO JUÍZO.1.
Não há violação ao artigo 535, II do CPC, quando embora rejeitados os embargos de declaração, a matéria em exame foi devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, que emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido contrário à pretensão da recorrente.2.
O art. 330, I, do CPC/1973 esclarece que é facultado ao juízo proferir sentença, desde que não haja necessidade de produzir provas em audiência.
Também, o art. 131 - do mesmo diploma legal - cuida do princípio da livre persuasão racional, que estabelece caber ao magistrado avaliar as provas requeridas e rejeitar aquelas que protelariam o andamento do processo, em desrespeito ao princípio da celeridade processual.3.
Uma causa, mercê de não poder ser idêntica à outra, pode guardar com ela um vínculo de identidade, quanto a um de seus elementos caracterizadores.
Esse vínculo entre as ações por força da identidade de um de seus elementos denomina-se, tecnicamente, de conexão .4.
A conexão é um instituto inspirado na preservação do prestígio do Poder Judiciário, por força da coerência e compatibilidade de suas decisões e atendimento aos postulados da economia processual, ao permitir que, num único processo e através de sentença una, possa o juiz prover sobre várias relações, ampliando o espectro da decisão para imiscuir no seu bojo uma pluralidade de conflitos, aumentando a efetividade da função pacificadora da justiça.5.
A conexão ou a continência, por decorrência da identidade da causa de pedir ou pedido, torna conveniente o julgamento conjunto, não só por medida de economia processual, mas também para evitar a possibilidade de prolação de decisões contraditórias, que trariam desprestígio à Justiça.6.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece certa e relativa margem de discricionariedade na avaliação do julgador, quanto à intensidade da conexão, mas devendo essa avaliação ser sempre orientada pela máxima de que as decisões não devem se contradizer.7.
No caso dos autos, houve reconhecimento da conexão entre a ação de despejo e embargos de terceiro em ação declaratória, pela 1ª Vara Cível, com subsequente determinação de processamento conjunto das conexas.
Em face de referida decisão, não houve interposição de recurso.
Após, houve alegação de incompetência de Juízo, peticionada à 3ª Vara, autuada como Exceção de Incompetência, rejeitada liminarmente, tendo em vista a intransponível preclusão da questão.8.
Não bastasse a preclusão acerca da matéria referente à reunião dos feitos, os fatos revelam a possibilidade de decisões conflitantes nos embargos de terceiro e na ação de cobrança de aluguel, mostrando-se conveniente a reunião das causas para que sejam julgadas simultaneamente.9.
Agravo interno não provido.(STJ, AgInt nos EDcl no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 479.470 - SP, 2014/0039267-9, RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe de 24/09/2019).
Da mesma forma, não haverá reunião quando uma das ações já estiver julgada.
No presente caso, observa-se que, embora todas as ações elencadas pela defesa da parte requerida se originem de questões de trato bancário, há divergência em relação à causa de pedir, pois os fatos narrados na exordial possuem origem em contratos distintos.
Não há, assim, prejuízos no julgamento em separado das ações, motivo pelo qual entendo não ser o caso de sua reunião para julgamento conjunto.
Acerca do pedido do demandado de que seja agendada audiência de instrução, com o fito de se ouvir a parte autora, embora seja uma possibilidade, denoto ser de nenhum interesse à causa, uma vez que a questão cinge-se a análise documental.
Com efeito, acerca da contratação, sua comprovação é feita mediante a juntada de contrato, ainda que não escrito, mas, pelo menos, algum indício que leve a crer que houve a contratação, a exemplo de gravações telefônicas.
Não foi juntado absolutamente nada aos autos, o que se revela como cobrança desprovida de fundamento acordante.
Ademais, a prática tem demonstrado que essas audiências efetivamente a nada se presta, exceto postergar o julgamento da ação, o que se mostra contraproducente à celeridade processual que se espera do Poder Judiciário.
Por fim, o destinatário da prova é o juiz e este magistrado já se encontra convencido da realidade dos autos, não sendo necessária mais nenhuma instrução.
Rejeito, assim, as preliminares.
Com o fim de se garantir ao jurisdicionado o gozo efetivo do direito violado ou na iminência de sê-lo, determinou-se como sendo seu o direito à “razoável duração do processo”, de maneira que institutos outros, tanto de natureza material quanto processual, foram criados com tal desiderato.
Pensando nisso, o legislador pátrio, quando das últimas reformas processuais, elaborou aquilo que se resolveu chamar “JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO” (Capítulo X do Código de Processo Civil – CPC).
Dentre tais previsões, nas quais se autoriza ao juiz, está o JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE, circunstância na qual o magistrado deve proferir sentença quando (art. 355, I e II, CPC/15): I – não houver necessidade de produção de outras provas; II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. (Grifou-se).
Eis o perfeito enquadramento do inciso I ao presente caso, na medida em que é dispensável a colheita de prova oral, além de já haver, nos autos, documentação suficiente para análise da veracidade das alegações das partes.
A parte Autora relata que, arbitrariamente, o Banco requerido vem descontando indevidamente de sua conta benefício tarifas relativas a cartão de crédito com a nomenclatura “CARTAO CREDITO ANUIDADE”.
Requerendo, assim, a devolução dos valores cobrados indevidamente, em dobro, e condenação em repará-la por danos morais sofridos.
O Banco, de seu turno, alega estar amparado pelo exercício regular de direito, restringindo suas alegações a uma suposta contratação de cartão de crédito pela autora.
Cumpre esclarecer ser a situação retratada nestes autos regida pela legislação de proteção ao consumidor, em virtude de estarem presentes todos os requisitos para a caracterização da relação de consumo, discriminados nos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.
Ressalta-se, por oportuno, a disposição veiculada no §2º do art. 3º da legislação consumerista, que explicita estarem incluídas, dentre os fornecedores de serviços submetidos ao Código Consumerista, as instituições de natureza financeira e creditícia.
Nesta senda, tratado o caso ora apreciado sob o manto do CDC, fixa-se a incidência da responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços, na modalidade risco-proveito, ou seja, a responsabilidade do fornecedor é apurada independentemente de sua culpa, sendo suficiente que o consumidor demonstre o vício do produto ou seu defeito e o dano causado.
Como consequência, cabe ao fornecedor comprovar que o vício inexiste, ou que se trata de culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Feitos estes primeiros esclarecimentos, passa-se a tratar das minúcias do caso trazido à apreciação judicial.
O ponto nuclear da demanda consiste na discussão sobre a existência de danos materiais e morais em virtude de cobrança de anuidade de cartão de crédito não solicitado pelo requerente.
Assim, o enquadramento jurídico da discussão é sobre a existência ou não de defeito no serviço realizado pelo Banco Requerido, uma vez que ele supostamente não teria agido com boa-fé e, de forma abusiva e unilateral, passando a cobrar por serviços não solicitados nem utilizados pelo titular da conta e ensejando, por conseguinte, sua responsabilização nos termos do art. 14 do CDC.
Nesse sentido, o dispositivo legal supracitado dispõe que o fornecedor de serviços responde de forma objetiva, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos seus serviços, responsabilidade essa que somente será excluída se comprovada a inexistência do defeito ou a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro ou, ainda, nos casos fortuitos/força maior.
Observa-se, assim, que as provas juntadas pela parte autora não deixam dúvidas quanto aos descontos na conta de sua titularidade junto ao Banco Requerido, sob a nomeclatura de “CARTAO CREDITO ANUIDADE” em diversos meses, conforme demonstram os extratos ID 81383899).
Dentre os documentos juntados pelo Banco Requerido não existe nenhum que demonstre a manifestação de vontade do consumidor em possuir cartão de crédito junto à Instituição.
Logo, presume-se que a conta em questão deveria ter sido aberta como conta-benefício, espécie na qual não incidiriam quaisquer das cobranças de tarifas e outros serviços apontados na exordial, como alegado pela parte autora.
Especificamente em relação às anuidades de cartão de crédito (“CARTAO CREDITO ANUIDADE”), verifico que os extratos juntados somente trazem cobranças de anuidade do cartão mediante débito automático, sem qualquer tipo de consumo do autor, do que se infere que este nunca utilizou o cartão.
Diante disso, observo que o Fornecedor não comprovou a efetiva contratação pelo consumidor dos serviços de cartão de crédito, ônus este que lhe incumbia.
Junto a sua contestação não acrescentou qualquer documento com a assinatura do Requerente ou outro tipo de manifestação de sua vontade, o que, por si só, torna o contrato inexistente.
Consequentemente, é imperioso também o reconhecimento da ilegalidade das cobranças de anuidade de cartão de crédito em sua conta bancária.
Finalmente, corrobora esse entendimento a tese firmada pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, no julgamento do IRDR nº 3.043/2017, nos seguintes termos: “É ilícita a cobrança de tarifas bancárias para o recebimento de proventos e/ou benefícios previdenciários, por meio de cartão magnético do INSS e através da conta de depósito com pacote essencial, sendo possível a cobrança de tarifas bancárias na contratação de pacote remunerado de serviços ou quando excedidos os limites de gratuidade previstos na Res. 3.919/2010 do BACEN, desde que o aposentado seja prévia e efetivamente informado pela instituição financeira.” No presente caso, não existem quaisquer evidências de manifestação de vontade do consumidor, quanto mais da efetiva prestação de informações a esta acerca da cobrança de tarifas e dos demais serviços bancários reclamados.
Nesse passo, o conjunto probatório dos autos dá conta de que o Autor sofreu descontos indevidamente a título de anuidade de cartão de crédito(“CARTAO CREDITO ANUIDADE”), estes descontos tiveram início em 10/01/2022 com parcelas mensais iniciais de R$ 17,75 (dezessete reais e setenta e cinco centavos).
Tais descontos perfazem o importe de R$177,50 (cento e setenta e sete reais e cinquenta centavos), cujo indébito deve ser repetido em dobro totalizando R$ 355,00( trezentos e cinquenta e cinco reais), nos termos do art. 42, parágrafo único do CDC, por não ser justificável o engano decorrente de cobrança sem base legal nem contratual, até mesmo porque o banco sequer se retratou, defendendo, ao contrário, a legitimidade das cobranças ainda que sem qualquer tipo de autorização do consumidor nesse sentido.
Quanto ao ponto, destaca-se, ainda, que nas relações contratuais a boa-fé objetiva deve estar presente em todas as fases da contratação, conforme dispõe o art. 422 do Código Civil, ou seja, não basta aos contratantes ter uma boa intenção (boa-fé subjetiva) ao firmar o negócio jurídico, é preciso também agir com probidade e a lealdade.
Ademais, a cláusula geral de boa-fé objetiva traz aos contratos e aos negócios jurídicos deveres anexos para as partes, sendo eles: de comportarem-se com a mais estrita lealdade, de agirem com probidade, de informarem o outro contratante sobre todo o conteúdo do negócio.
Nesse sentido, nota-se que a parte ré inadimpliu um dos mencionados deveres anexos, ao abrir conta-corrente em nome da parte autora com disponibilização de cartão de crédito, sem a sua efetiva contratação, além de realizar inúmeros descontos inadivertidamente, também sem a sua manifestação de vontade.
Concluo, portanto, que está caracterizada a falha no serviço bancário prestado pela parte Ré, pois agiu com abusividade ao executar o contrato de forma mais onerosa ao consumidor, em desconformidade com o previamente pactuado, não fornecendo, assim, a segurança adequada e legitimamente esperada pelo consumidor e atraindo aplicação da repetição do indébito.
O dano moral, por sua vez, consiste em uma violação a direito da personalidade, não pressupondo, necessariamente, dor e nem sofrimento.
Logo, uma vez comprovada a lesão, a indenização serve como meio para atenuar, em parte, as consequências do prejuízo imaterial sofridos pela vítima.
No caso dos autos, observo contrariedades à autora, que suplantam o mero aborrecimento.
Com efeito, embora em casos semelhantes tenham me manifestado no sentido de não vislumbrar a ocorrência de abalo de natureza moral notadamente quando se trata de cobrança de taxas bancárias não contratadas, o presente caso apresenta um plus distintivo, caracterizado pela inserção de um cartão de crédito na conta da autora, que deveria ser unicamente para recebimento do benefício.
Destaco, ainda, as cobranças realizadas, todas a título de anuidade, sem que tenha havido qualquer situação de uso do produto, demonstrando, conforme dito, sua não contratação voluntária.
Fixo, diante de tudo isso, a quantia de 2.000,00 (dois mil reais) a título de reparação pelos danos morais sofridos.
Desta forma, entende presente danos morais indenizáveis.
III-DISPOSITIVO Ante o exposto, nos termos do art. 487, I, do CPC, resolvendo o mérito JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS da parte Autora, para: 1) Determinar ao requerido o cancelamento do contrato de cartão de crédito supostamente existente, bem como os descontos indevidos feitos na conta da autora, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 200,00 (duzentos reais), limitada ao montante de R$10.000,00 (dez mil reais); 2.
Condenar o requerido ao pagamento em dobro das parcelas adimplidas pela parte demandante, cujo valor importa em R$ 355,00( trezentos e cinquenta e cinco reais), acrescido de juros de legais de mora de 1% a.m. e correção monetária pelo INPC, a partir da data em que foi efetuado cada desconto até a presente data, nos termos do art. 398 do CC/2002; 3.
Condenar o requerido ao pagamento da importância de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a título de danos morais, acrescido de juros legais de mora de 1% a.m. a partir do evento danoso, entendido este como a data do primeiro desconto (Súmula 54 do STJ), e correção monetária pelo INPC, a contar desta data, conforme o disposto na Súmula 362 do Colendo STJ. 4.Condeno, por fim, o Réu ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais no importe de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85 do CPC.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Fica concedido à parte autora os benefícios da justiça gratuita, caso haja interposição de recurso.
Após o trânsito em julgado, abra-se vistas às partes para requererem o que entender de direito.
Não havendo requerimentos, arquivem-se os presentes autos.
Cópia da presente servirá como mandado.
Riachão/MA, Quinta-feira, 17 de Agosto de 2023 FRANCISCO BEZERRA SIMÕES Juiz Titular da Comarca de Riachão/MA" -
23/08/2023 14:20
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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18/08/2023 15:43
Julgado procedente o pedido
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11/05/2023 16:39
Conclusos para julgamento
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11/05/2023 16:37
Juntada de Certidão
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11/05/2023 02:44
Decorrido prazo de DIEGO MONTEIRO BAPTISTA em 10/05/2023 23:59.
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10/05/2023 08:18
Juntada de réplica à contestação
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18/04/2023 19:48
Decorrido prazo de ANDRE FRANCELINO DE MOURA em 13/02/2023 23:59.
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18/04/2023 19:08
Decorrido prazo de DIEGO MONTEIRO BAPTISTA em 13/02/2023 23:59.
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17/04/2023 00:36
Publicado Intimação em 17/04/2023.
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15/04/2023 13:23
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 14/04/2023
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14/04/2023 00:00
Intimação
PROCESSO N° 0802282-05.2022.8.10.0114 AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) PARTE AUTORA: LUIZ OLIVEIRA CASTRO ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) AUTOR: ANDRE FRANCELINO DE MOURA - TO2621 PARTE RÉ: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) REU: DIEGO MONTEIRO BAPTISTA - RJ153999-A FINALIDADE: INTIMAÇÃO DAS PARTES acima descritas, através de seus(a) Advogados(as) acima especificado(a) para tomar(em) conhecimento do inteiro teor do DESPACHO, a seguir transcrito(a): "DESPACHOConsiderando a apresentação de alegação de matéria enumerada no art. 337 do Código de Processo Civil, abro vistas à parte autora para se manifestar em réplica, pelo prazo de 15 (quinze) dias.Na mesma oportunidade, deverá indicar as provas que ainda pretende produzir, especificando-as e justificando a sua necessidade, sob pena de preclusão.Intime-se através de publicação no diário eletrônico de justiça, em nome do advogado constituído.Intime-se também a parte requerida para que indique as provas que pretende produzir, nas mesmas condições e prazo estipulados acima.Em seguida, com ou sem manifestação, retornem os autos conclusos.Riachão (MA), Quarta-feira, 12 de Abril de 2023Francisco Bezerra SimõesJuiz Titular da Comarca de Riachão/MA. -
13/04/2023 23:13
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
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12/04/2023 14:54
Proferido despacho de mero expediente
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09/02/2023 18:00
Conclusos para despacho
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09/02/2023 18:00
Juntada de Certidão
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09/02/2023 16:30
Juntada de contestação
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01/02/2023 15:05
Publicado Intimação em 23/01/2023.
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01/02/2023 15:05
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 13/01/2023
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13/01/2023 00:00
Intimação
PROCESSO N° 0802282-05.2022.8.10.0114 AÇÃO: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) PARTE AUTORA: LUIZ OLIVEIRA CASTRO ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) AUTOR: ANDRE FRANCELINO DE MOURA - TO2621 PARTE RÉ: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: Advogado/Autoridade do(a) REU: DIEGO MONTEIRO BAPTISTA - MA19142-A FINALIDADE: INTIMAÇÃO DAS PARTES acima descritas, através de seus(a) Advogados(as) acima especificado(a) para tomar(em) conhecimento do inteiro teor do DESPACHO/MANDADO, a seguir transcrito(a): " VISTOS EM CORREIÇÃODESPACHO/MANDADO Concedo a gratuidade judiciária à parte autora, exceto para o caso de eventual perícia técnica, devendo, neste caso, o custo pericial ser suportado por quem a requerer, o que o faço nos termos do Art. 98, § 5º do CPC.Considerando a manifestação expressa de desinteresse da parte autora em autocompor a lide na exordial, dispenso a realização de audiência conciliatória.CITE-SE o Requerido.
Caso queira, terá o prazo de 15 (quinze) dias, para ofertar contestação, por petição, contados de sua citação, sob pena de revelia (art. 335 do CPC).Após, com ou sem manifestação, venham os autos conclusos.Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.SERVE ESTE COMO MANDADO PARA TODOS OS FINS.Riachão/MA, Segunda-feira, 09 de Janeiro de 2023FRANCISCO BEZERRA SIMOESJuiz de Direito Titular da Comarca de Riachão/MA -
12/01/2023 16:11
Enviado ao Diário da Justiça Eletrônico
-
12/01/2023 16:08
Expedição de Comunicação eletrônica.
-
09/01/2023 13:35
Proferido despacho de mero expediente
-
22/12/2022 11:43
Juntada de petição
-
28/11/2022 11:30
Conclusos para despacho
-
28/11/2022 11:19
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
28/11/2022
Ultima Atualização
24/08/2023
Valor da Causa
R$ 0,00
Detalhes
Documentos
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