TJCE - 3030995-94.2023.8.06.0001
1ª instância - 10ª Vara da Fazenda Publica da Comarca de Fortaleza
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Polo Ativo
Polo Passivo
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Assistente Desinteressado Amicus Curiae
Advogados
Nenhum advogado registrado.
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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23/05/2025 08:25
Remetidos os Autos (em grau de recurso) para Instância Superior
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23/05/2025 08:25
Alterado o assunto processual
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23/05/2025 08:25
Juntada de Certidão
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18/02/2025 01:00
Decorrido prazo de ESTADO DO CEARA em 17/02/2025 23:59.
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05/12/2024 08:59
Proferido despacho de mero expediente
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05/12/2024 08:23
Conclusos para despacho
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03/12/2024 17:38
Juntada de Petição de contrarrazões da apelação
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25/11/2024 08:26
Expedida/certificada a intimação eletrônica
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20/11/2024 00:35
Decorrido prazo de ESTADO DO CEARA em 19/11/2024 23:59.
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14/11/2024 00:27
Decorrido prazo de PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA em 13/11/2024 23:59.
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02/11/2024 00:05
Decorrido prazo de MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ em 01/11/2024 23:59.
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15/10/2024 09:15
Proferido despacho de mero expediente
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14/10/2024 16:04
Conclusos para despacho
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14/10/2024 09:35
Juntada de Petição de apelação
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01/10/2024 23:33
Juntada de Petição de petição
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26/09/2024 00:00
Publicado Intimação em 26/09/2024. Documento: 105447763
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25/09/2024 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 25/09/2024 Documento: 105447763
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25/09/2024 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ Comarca de Fortaleza 10ª Vara da Fazenda Pública (SEJUD 1º Grau) Rua Desembargador Floriano Benevides Magalhaes nº 220, Água Fria - CEP 60811-690, Fortaleza - CE Fone: 3108-2040 / 3108-2039 E-mail: [email protected] Processo nº:3030995-94.2023.8.06.0001 Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7) Assunto: [Multas e demais Sanções] AUTOR: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
REU: ESTADO DO CEARA SENTENÇA Trata-se de ação anulatória com pedido de tutela de urgência ajuizada por Banco Santander em face do Estado do Ceará, objetivando, em síntese, a declaração judicial de anulação de ato administrativo (Processo Administrativo SAJ MP n. 23.001.001.19-0009254) que culminou em multa no importe de 549.228,00 (quinhentos e quarenta e nove mil duzentos e vinte e oito reais), referentes a 100.000 UFIRCE's, aplicada pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa ao Consumidor (DECON/CE).
Aduz a autora (e-doc. 2, id. 68686065) que fora penalizada em face de denúncia do Ministério Público do Trabalho de que funcionários terceirizados da empresa Serval Serviços e Limpeza LTDA. encontravam-se obrigados a abrir contas-correntes junto à Instituição Financeira.
Afirma que após trâmite processual foi-lhe aplicada a multa de R$ 1.098.456,00 (um milhão e noventa e oito mil quatrocentos e cinquenta e seis reais), referente a 200.000 UFIRCE's.
Após interposição de recurso administrativo, houve revisão do valor fixado em multa para 100.000 UFIRCE's, integralizando o montante de R$ 549,228,00 (quinhentos e quarenta e nove mil e duzentos e vinte e oito reais).
Afirma a parte autora descabimento da multa imposta a qual se impõe desproporcional.
Ademais, afirma ter havido ausência de contraditório e ampla defesa no processo administrativo, que haveria vício na finalidade do ato, instante em que a multa teria caráter confiscatório, que a multa imposta seria exorbitante e que, por fim, teria havido ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. À título de tutela de urgência requereu a suspensão da exigibilidade da multa administrativa, obstando-se que a Fazenda Pública ingresse com a execução fiscal, ou mesmo negue a concessão de certidões negativas de débito.
No mérito, requereu a confirmação da antecipação de tutela concedida e seja a ação julgada procedente para reconhecer a nulidade do ato administrativo impugnado, seja em razão da ausência da motivação do ato ou do desvio de finalidade da penalidade aplicada, atentando-se para sua natureza supostamente confiscatória.
Acostou-se à inicial cópia do processo administrativo (e-doc. 3, id. 68686074), documentos empresariais e aqueles necessários à propositura da ação.
Despacho determinando recolhimento de custas iniciais (e-doc. 8, id. 68693578), cujo cumprimento se deu (e-doc. 18, id. 68831181).
Decisão em que se rejeitou o pleito de tutela provisória de urgência (e-doc. 19, id. 69668675). Contestação apresentada pelo Estado do Ceará (e-doc. 21-23, id. inicial 71857240) arguindo, em apertada síntese, impossibilidade de o Poder Judiciário adentrar no mérito administrativo; da competência para aplicação de sanções; que não houve afronta aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Por fim, requereu a total improcedência dos pedidos, acostando processo administrativo na sua íntegra (e-doc. 23, id. 71260759).
Réplica (e-doc. 26, id. 78684997) reforçando os argumentos iniciais.
Oportunizada dilação probatória, a parte autora colacionou aos autos decisões persuasivas (e-doc. 29-33, id. inicial 80639820) e o Estado do Ceará quedou-se inerte (e-doc. 34, id. 84392093).
Facultadas vistas ao Ministério Público, opinou-se pelo indeferimento da pretensão autora (e-doc. 36, id. 105302685).
Vieram-me os autos conclusos. É o relatório.
Sem preliminares ou prejudiciais a enfrentar, passamos ao mérito.
Tenho sistematicamente decidido que o Judiciário não pode servir como esfera recursal adicional das decisões proferidas na esfera administrativa pelos órgãos de proteção e defesa do consumidor.
Intervenção judicial somente deve ocorrer quando houver ilegalidade no procedimento e/ou desproporcionalidade/abusividade na imposição de multa.
Destaco a competência do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, para, consoante disposição do art. 4º, inciso II da Lei Complementar estadual n.º 30/2002, aplicar sanções administrativas àqueles que buscam impor economicamente no mercado de consumo.
Vejamos: Art. 4º.
Ao Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, no âmbito do Estado do Ceará, compete exercer as atribuições previstas nos artigos 3º e 4º do Decreto nº 2.181/97: (…) II - fiscalizar as relações de consumo, aplicando as sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 1990, e em outras normas pertinentes à Defesa do Consumidor.
A possibilidade de imposição no exercício de poder de polícia de penalidade sancionatória por programa de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor já foi enfrentada pelos Tribunais Superiores.
Vejamos: CONSUMIDOR.
ADMINISTRATIVO.
MULTA APLICADA PELO PROCON.
REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DA MULTA.
SÚMULA 7/STJ. 1.
A sanção administrativa prevista no art. 57 do Código de Defesa do Consumidor é legitimada pelo poder de polícia (atividade administrativa de ordenação) que o Procon detém para cominar multas relacionadas à transgressão dos preceitos da Lei n. 8.078/1990. 2.
A proporcionalidade do valor da referida multa administrativa foi graduada com base no contingenciamento substancial (na gravidade da infração, na eventual vantagem auferida e na condição econômica do fornecedor), de sorte que sua revisão implicaria reexame do conjunto fático-probatório dos autos, atraindo a incidência da Súmula 7/STJ.
Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no AREsp: 386714 ES 2013/0279471-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 21/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/12/2013) ADMINISTRATIVO.
RECURSO ESPECIAL.
PODER DE POLÍCIA.
APLICAÇÃO DE MULTA PELO PROCON À EMPRESA PÚBLICA FEDERAL.
POSSIBILIDADE. 1. O acórdão recorrido está em total harmonia com a jurisprudência desta Corte no sentido de que o PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal em razão de infrações às normas do Código de Defesa do Consumidor, independente da atuação do Banco Central do Brasil. 2.
Recurso especial não provido. (REsp 1366410/AL, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/09/2013, DJe 26/09/2013) Conforme previsto no art. 37 da Constituição Federal de 1988, a Administração Pública direta e indireta de qualquer Poderes da União, dos Estados, do distrito Federal e dos Municípios, deve respeitar e obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
De forma a atender o interesse público, que é a finalidade maior da Administração Pública, a lei confere mecanismos para que, independentemente dos demais poderes, a Administração possa atuar, conforme os princípios acima citados, dotada de poderes vinculados e discricionários.
A respeito do controle jurisdicional do processo administrativo, a jurisprudência dos Tribunais de Justiça alencarino é no sentido de que estaria restrita à possibilidade de verificar a legalidade do ato, o cumprimento da regularidade do procedimento, a verificação do atendimento dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem jamais coadunar com permissão ao Poder Judiciário para adentrar no mérito administrativo a fim de aferir o grau de conveniência e oportunidade, a corroborar: APELAÇÃO CÍVEL.
DIREITO DO CONSUMIDOR.
DIREITO ADMINISTRATIVO.
DESCUMPRIMENTO DA LEI Nº 8.078/90.
MULTA APLICADA PELO DECON/CE.
AÇÃO ANULATÓRIA DO ATO ADMINISTRATIVO.
PROCEDIMENTO REGULAR.
RESPEITADOS O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA.
QUANTUM DENTRO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA. 1.
A multa aplicada pelo DECON em desfavor da parte apelante, no valor de 4.000 UFIRCE, por iniciar atividade empresarial sem o Certificado de Conformidade do Corpo de Bombeiros, é adequada, tendo em vista que, apesar de a extensão do dano causado aos consumidores não ser significativa, considerando que não se tem notícia de incidentes dentro do estabelecimento, é indiscutível que a gravidade da prática infrativa é considerável, diante dos riscos potenciais à incolumidade das pessoas localizadas dentro e fora do prédio. 2.
Lado outro, a vantagem auferida com o ato infrativo é relevante, pois a parte apelante pode empreender e faturar, mesmo sem o aval do órgão competente para garantir a eliminação ou minimização dos riscos de incêndio ou de danos estruturais, ao passo que a condição econômica do infrator também é importante, por se tratar de consolidada rede de lojas da região. 3.
Embora a requerente cite jurisprudência judicial e administrativa no sentido de que a multa deveria ser fixada em valor inferior, não é possível extrair de seu arrazoado elementos de semelhança entre a situação dos estabelecimentos envolvidos nestes julgados e aquele da recorrente.
Ademais, a jurisprudência desta 3ª Câmara de Direito Público, inclusive sobre caso versando sobre unidade da parte recorrente, entende razoável a fixação de multa no patamar de 6.000 UFIRCE em casos análogos. 4.
Apelo conhecido, mas desprovido.
Apelação Cível - 0005588-02.2017.8.06.0114, Rel.
Desembargador(a) WASHINGTON LUIS BEZERRA DE ARAUJO, 3ª Câmara Direito Público, data do julgamento: 24/07/2023, data da publicação: 25/07/2023) PROCESSO CIVIL.
AGRAVO INTERNO.
DIREITO ADMINISTRATIVO.
DIREITO DO CONSUMIDOR.
DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA EM APELAÇÃO CÍVEL.
MULTA ADMINISTRATIVA APLICADA PELO DECON.
ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO.
IMPROCEDÊNCIA.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE VÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO MÉRITO ADMINISTRATIVO, CABÍVEL APENAS EM CASOS DE MANIFESTA ILEGALIDADE.
PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO OBSERVADOS.
SANÇÃO PECUNIÁRIA DEVIDAMENTE MOTIVADA.
VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE.
INOCORRÊNCIA.
AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1.
Trata-se de Agravo Interno interposto em face de decisão monocrática desta relatoria que negou provimento ao recurso de apelação manejado pelo ora agravante, mantendo inalterada a sentença que julgou totalmente improcedentes os embargos à execução fiscal, opostos pelo ora recorrente. 2.
O controle jurisdicional da legalidade das sanções aplicadas por infração à legislação consumerista não se restringe ao exame dos aspectos formais, podendo ser averiguada a consonância da sanção aplicada com o direito material, aspecto atinente ao mérito do ato administrativo, desde que seja analisado sob o seu aspecto jurídico, e para que sejam observados, além da legalidade em sentido amplo do ato, também os princípios e mandamentos constitucionais. 3.
In casu, não se vislumbra qualquer desvio do DECON quanto às garantias constitucionais, quanto ao cumprimento da legalidade do procedimento ou quanto à proporcionalidade da sanção administrativa cominada, observando-se que o órgão fiscalizador agiu de acordo com os ditames legais, inexistindo qualquer violação ao devido processo legal. 4.
No que tange o quantum da multa aplicada a título de sanção pecuniária, constata-se, da análise da decisão administrativa, que o cálculo da pena pelo DECON foi realizado em conformidade com os ditames legais, encontrando-se devidamente fundamentado, não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade nem da proporcionalidade, impondo-se sua manutenção. 5.
Recurso conhecido e desprovido. (Agravo Interno Cível - 0166101-26.2016.8.06.0001, Rel.
Desembargador(a) JOSÉ TARCÍLIO SOUZA DA SILVA, 1ª Câmara Direito Público, data do julgamento: 03/07/2023, data da publicação: 03/07/2023) CONSUMIDOR E ADMINISTRATIVO.
PROGRAMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR.
APLICAÇÃO DE MULTA ADMINISTRATIVA CONTRA FORNECEDOR.
FUNDAMENTO.
INFRAÇÃO DAS NORMAS CONSUMERISTAS.
AÇÃO ANULATÓRIA.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
APELAÇÕES DAS PARTES.
IMPOSSIBILIDADE DO CONTROLE JUDICIAL DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO DO ATO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR.
OBSERVÂNCIA DOS PARÂMETROS DA SANÇÃO PECUNIÁRIA ESTABELECIDOS EM LEI.
DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
NÃO VIOLAÇÃO.
CONHECIMENTO PARCIAL E DESPROVIMENTO DA APELAÇÃO DO AUTOR. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA.
INOBSERVÂNCIA DO CRITÉRIO PREVISTO NA LEI PROCESSUAL.
ATRIBUIÇÃO À CAUSA DO VALOR DA MULTA OBJETO DO PEDIDO DE ANULAÇÃO.
HONORÁRIOS DEVIDOS NO PERCENTUAL PREVISTO EM LEI.
PROVIMENTO DA APELAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ. (Apelação Cível - 0143810-95.2017.8.06.0001, Rel.
Desembargador(a) FRANCISCO GLADYSON PONTES, 2ª Câmara Direito Público, data do julgamento: 17/05/2023, data da publicação: 17/05/2023) ADMINISTRATIVO.
APELAÇÃO.
AÇÃO DECLARATÓRIA.
PRETENSÃO AUTORAL DE ANULAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA PELO DECON QUE CULMINOU EM APLICAÇÃO DE MULTA.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGULAR.
INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DE MULTA.
POSSIBILIDADE.
RAZOABILIDADE NO VALOR DA MULTA ADMINISTRATIVA. 1.
A apelante ajuizou o feito em exame a fim de anular decisão administrativa proferida pelo DECON nos autos do Processo Administrativo Nº 0113.020.941-4 (fls. 245-251), que culminou em aplicação de multa em seu desfavor no valor de 5.000 UFIRs-CE. 2.
O processo administrativo transcorreu em obediência ao contraditório e à ampla defesa, sendo oportunizada dilação probatória, com apresentação de defesa, consoante se verifica dos documentos adunados, e, ao proferir decisão, o DECON, atentando para as peculiaridades do caso, considerou o princípio da vulnerabilidade que norteia o Direito do Consumidor (art. 4º do CDC), bem como mencionou o direito à informação do consumidor (art. 6º, inciso III, do CDC).
O órgão administrativo observou, ainda, que a empresa reclamada não informou sobre a taxa de juros cobrada e nem apresentou na ocasião cópia de contrato para aferimento sobre a abusividade das cláusulas, não cuidando de informar sobre os juros à consumidora.
Acrescentou entendimento jurisprudencial pela possibilidade de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações que desproporcionais o que tornem o contrato excessivamente oneroso ao consumidor. 3.
Descabimento do pleito recursal, posto que voltado a uma reanálise do mérito administrativo, não cuidando de apontar qualquer ilegalidade no trâmite do procedimento administrativo. 4.
O valor da sanção imposta foi aplicado dentro do limite estabelecido no art. 57, parágrafo único, do CDC, de forma razoável e proporcional, apontando as circunstâncias agravantes e atenuantes e considerando a condição econômica do infrator. 5.
Apelação conhecida e desprovida.
Majoração das verbas honorárias em 3%, haja vista o desprovimento recursal. (Apelação Cível - 0133428-43.2017.8.06.0001, Rel.
Desembargador(a) TEREZE NEUMANN DUARTE CHAVES, 2ª Câmara Direito Público, data do julgamento: 16/03/2022, data da publicação: 16/03/2022) Analisando detidamente o caso dos autos, não vislumbro nenhuma ofensa ao princípio do devido processo legal decorrente da aplicação da vergastada sanção administrativa.
Ora, conforme se pode constatar dos documentos coligidos aos autos, o DECON oportunizou contraditório e ampla defesa, fundamentou suas decisões, mencionando a infração praticada pelo promovente e realizando a devida dosimetria da pena aplicada.
No termos do processo administrativo acostado aos autos, por autor (e-doc. 3, id. 68686074) e réu (e-doc. 23, id. 71260759), pude aferir que o DECON/CE agiu dentro do estrito dever legal e do devido processo administrativo.
Houve abertura de processo administrativo de ofício em razão de denúncia formalizada no Ministério Público do Trabalho (notícia de fato n. 000188.2019.07.000/3) com relato e identificação minuciosa de fatos, nome de empresa envolvida e local de onde a infração teria ocorrido oportunizando-se prazo para a defesa por pelo menos 2 vezes, após dilações de prazo consecutivas (e-doc. 3, id. 68686074, p. 41 e 54), não tendo apresentado defesa, sido-lhe decretada revelia (e-doc.3, id. 68686074, p. 151); decisão administrativa (e-doc. 3, id. 68686074, p. 153-160), devidamente fundamentada; notificação realizada junto ao fornecedor, ora Requerente (e-doc. 3, id. 68686074, p. 163); interposição de recurso administrativo (e-doc. 3, id. 68686074, p. 166-220); julgamento do recurso pela JURDECON (e-doc. 3, id. 68686074, p. 222-226).
Friso que o fornecedor, ora Requerente, não apresentou defesa, ainda que lhe tenha sido ofertado prazo, por mais de uma vez.
Foi, por outro turno, apresentado recurso administrativo (e-doc. 3, id. 68686074, p. 166-220), em síntese, reproduzindo os mesmos argumentos jurídicos trazidos na presente ação.
Houve, ademais, durante o processo administrativo, decisão fartamente fundamentada (e-doc. 3, id. 68686074, p. 153-160), após relato processual minucioso, em que sustentou-se cumprimento de requisitos formais e materiais, clara exposição de fatos, reiteradas tentativas de dilação de prazo, sigilo como ato legítimo, revelia e feitos decretados.
Ademais, especificaram-se as afrontas ocorridas e perpetradas pelo Requerente/Fornecedor, tratando acerca da reincidência com frequência dos fatos narrados, considerando a Instituição Financeira e seu porte, assim como a vulnerabilidade financeira dos consumidores atingidos na demanda coletiva.
Por fim, fixou-se a multa, em definitivo, no valor referente a 200.000 UFIrCE's.
Da referida decisão houve interposição de recurso administrativo (e-doc. 3, id. 68686074, p. 166-220), o qual fora provido pela JURDECON, com redução da penalidade para 100.000 UFIRCE's, importando em R$549.228,00 (quinhentos e quarenta e nove mil duzentos e vinte e oito reais).
Observo, portanto, que a decisão administrativa atacada, que findou na aplicação de multa em montante corresponde a 100.000 UFIRCE's, restou devidamente fundamentada, verificando infrações aos arts 4º, IV, 6º, III e IV, 39, I, III e IV, todos da Lei 8.078/90.
Fundamentou-se em não haver prestado as informações precisas e claras aos consumidores, promovido contra os consumidores venda casada, haver entregue aos consumidores serviço e produto não solicitado e, por fim, haver se prevalecido da condição social e de vulnerabilidade dos consumidores para auferir vantagem indevida.
Firmou-se, ainda, acerca da condição de vulnerabilidade dos trabalhadores de baixa renda que foram atingidos pela conduta abusiva da empresa reclamada, ora Requerente, bem como a repercussão coletiva das infrações.
Ainda, e por fim, considerou-se a reincidência da recorrente foi demonstrada, de forma que também incide agravante.
Assim, foi assegurado o devido processo legal, consubstanciado nos princípios da ampla defesa e do contraditório.
Desta forma, não se observa qualquer contrariedade ao princípio constitucional do devido processo legal no contencioso administrativo que culminou na imputação da penalidade ora combatida.
No tocante aos valores fixados a título de penalidade, entendo que a multa deve pautar-se em critérios objetivos, ser razoável e proporcional, de modo a cumprir a sua função social, qual seja, punir e educar o infrator.
E, reforce, tais critérios ficaram devidamente esclarecidos quando da decisão administrativa.
A Lei Complementar Estadual n.º 30/2002, estabelece as normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas no CDC: Art. 1º. Fica criado, na forma desta Lei, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, órgão integrante das Promotorias de Justiça do Consumidor, nos termos previstos na Constituição do Estado do Ceará, para fins de aplicação das normas estabelecidas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor e na legislação correlata às relações de consumo, especialmente o Decreto Federal nº 2.181, de 20 de março de 1997 - Organiza o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. […] Art. 14.
A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078 de 1990, Decreto nº 2.181 de 1997 e das demais normas de defesa do consumidor, constitui prática infrativa e sujeita o fornecedor às penalidades da Lei 8.078/90, que poderão ser aplicadas pelo Secretário-Executivo, isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente a processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas.
Parágrafo único.
As penalidades de que trata o caput serão aplicadas pelo Secretário-Executivo do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, sem prejuízo das atribuições do órgão normativo ou regulador da atividade, na forma e termos da Lei 8.078/90 e do Decreto nº 2.181/97. […] Art. 23.
A decisão administrativa conterá relatório dos fatos, o respectivo enquadramento legal e, se condenatória, a natureza e gradação da sanção administrativa. § 1º.
O Secretário-Executivo ou a autoridade julgadora, antes de julgar o feito, apreciará a defesa e as provas produzidas pelas partes, não estando vinculadas ao relatório de sua consultoria jurídica, assessoria ou órgão similar. § 2º.
Julgado o processo e sendo cominada sanção administrativa de multa, cumulativa ou isoladamente, será o infrator notificado para efetuar seu recolhimento no prazo de dez dias ou apresentar recurso. § 3º.
Em caso de provimento do recurso, os valores recolhidos serão devolvidos ao recorrente na forma estabelecida pelo ordenamento jurídico.
Com efeito, regula os termos do artigo 57 do CDC, que assim dispõe: Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos.
Parágrafo único.
A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
Nesse contexto, estando dentro do limite de duzentas a três milhões de UFIRCE's definido pelo Código de Defesa do Consumidor, entendo razoável o quantum estabelecido, encontrando respaldo em critérios de razoabilidade e proporcionalidade. Não ignoro que o intervalo de valor da multa por ser aplicada é demasiadamente largo.
Nada obstante, tenho que não cabe ao Poder Judiciário, ao menos em princípio, renovar dosimetria da sanção realizada - ressalvados os casos de flagrante desproporcionalidade. A multa fixada nos autos não compromete a sobrevivência de instituição financeira do porte da demandante.
Valor mais módico não teria aptidão para estimular conduta diversa. Face o exposto, por não vislumbrar qualquer motivo que viabilize a pretendida anulação da multa imposta, JULGO TOTALMENTE IMPROCEDENTE a ação, razão pela qual, ponho fim à fase cognitiva do processo em apreço, com resolução de mérito, o que faço com fulcro no art. 487, I do Código de Processo Civil.
Condeno a parte autora ao pagamento de custas e os honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor da causa, o que faço com espeque no art. 85, §2º e 3º, I, do Código de Processo Civil.
Custas já recolhidas (e-doc. 18, id. 68831181).
Tal como decido.
P.
R. e I.
Havendo recurso voluntário, intime-se a parte contrária para contrarrazões e, a seguir, remetam-se os autos ao TJCE, para devidos fins.
Se nenhum recurso houver, certifique-se o trânsito em julgado e, após baixa e anotações de estilo, ao arquivo.
Fortaleza, data lançada pelo sistema.
Emilio de Medeiros Viana Juiz de Direito -
24/09/2024 08:25
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 105447763
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24/09/2024 08:25
Expedida/certificada a intimação eletrônica
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23/09/2024 17:12
Julgado improcedente o pedido
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23/09/2024 16:46
Conclusos para julgamento
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20/09/2024 11:21
Juntada de Petição de parecer
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10/09/2024 11:59
Expedição de Outros documentos.
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09/09/2024 14:47
Proferido despacho de mero expediente
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15/04/2024 18:25
Conclusos para despacho
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12/03/2024 00:47
Decorrido prazo de ESTADO DO CEARA em 11/03/2024 23:59.
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04/03/2024 08:47
Juntada de Petição de petição
-
15/02/2024 00:00
Publicado Intimação em 15/02/2024. Documento: 79065774
-
12/02/2024 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 12/02/2024 Documento: 79065774
-
09/02/2024 18:19
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 79065774
-
09/02/2024 18:19
Expedição de Outros documentos.
-
06/02/2024 15:38
Proferido despacho de mero expediente
-
02/02/2024 14:03
Conclusos para despacho
-
25/01/2024 10:50
Juntada de Petição de réplica
-
05/12/2023 20:09
Expedição de Outros documentos.
-
14/11/2023 15:23
Proferido despacho de mero expediente
-
13/11/2023 13:52
Conclusos para despacho
-
10/11/2023 09:42
Juntada de Petição de contestação
-
12/10/2023 03:06
Decorrido prazo de SUELLEN PONCELL DO NASCIMENTO DUARTE em 11/10/2023 23:59.
-
04/10/2023 00:00
Publicado Intimação em 04/10/2023. Documento: 69668675
-
03/10/2023 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 03/10/2023 Documento: 69668675
-
02/10/2023 09:00
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 69668675
-
29/09/2023 15:45
Expedição de Outros documentos.
-
27/09/2023 19:01
Não Concedida a Antecipação de tutela
-
25/09/2023 17:54
Conclusos para decisão
-
12/09/2023 10:41
Juntada de Petição de petição
-
12/09/2023 10:31
Juntada de Petição de petição
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12/09/2023 10:16
Juntada de Petição de petição
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11/09/2023 00:00
Publicado Intimação em 11/09/2023. Documento: 68693578
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06/09/2023 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/09/2023 Documento: 68693578
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05/09/2023 18:43
Expedida/certificada a comunicação eletrônica
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05/09/2023 18:01
Determinada a emenda à inicial
-
05/09/2023 16:18
Conclusos para decisão
-
05/09/2023 16:18
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
05/09/2023
Ultima Atualização
05/12/2024
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Sentença • Arquivo
Despacho • Arquivo
Documento de Comprovação • Arquivo
Documento de Comprovação • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
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