TJCE - 3000070-80.2021.8.06.0100
1ª instância - 2ª Vara Civel da Comarca de Itapaje
Processos Relacionados - Outras Instâncias
Movimentações
Todas as movimentações dos processos publicadas pelos tribunais
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19/08/2025 00:00
Publicado Decisão em 19/08/2025. Documento: 168888805
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18/08/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 18/08/2025 Documento: 168888805
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15/08/2025 11:14
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 168888805
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15/08/2025 11:13
Recebido o recurso Sem efeito suspensivo
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14/08/2025 06:48
Conclusos para decisão
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14/08/2025 06:48
Juntada de Certidão
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12/08/2025 11:48
Proferido despacho de mero expediente
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12/08/2025 00:00
Publicado Intimação em 12/08/2025. Documento: 167382080
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11/08/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 11/08/2025 Documento: 167382080
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08/08/2025 11:24
Conclusos para despacho
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08/08/2025 11:15
Redistribuído por competência exclusiva em razão de criação de unidade judiciária
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08/08/2025 11:15
Autos incluídos no Juízo 100% Digital
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08/08/2025 11:14
Juntada de Certidão
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08/08/2025 11:13
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 167382080
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04/08/2025 16:47
Determinada a redistribuição dos autos
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26/06/2025 15:44
Conclusos para despacho
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26/06/2025 04:39
Decorrido prazo de ANTONIO LUCAS CAMELO MORAIS em 25/06/2025 23:59.
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18/06/2025 09:44
Juntada de Petição de Petição (outras)
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13/06/2025 17:36
Juntada de Petição de recurso
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10/06/2025 14:53
Juntada de Petição de Petição (outras)
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09/06/2025 00:00
Publicado Intimação da Sentença em 09/06/2025. Documento: 158409166
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06/06/2025 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 06/06/2025 Documento: 158409166
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06/06/2025 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ Comarca de Itapajé-CE 2ª Vara Cível da Comarca de Itapajé Av.
Raimundo Azauri Bastos, s/n, BR 222, KM 122, V.
CEP 62600-000 (85) 3346-1107 | [email protected] | (85) 99139-2353 (Whatsapp Business) Processo: 3000070-80.2021.8.06.0100 Promovente: ANTONIO PEREIRA DO NASCIMENTO Promovido: BANCO MERCANTIL DO BRASIL SA SENTENÇA
Vistos.
Trata-se de Embargos de Declaração interpostos por Banco Bradesco Financiamentos S.A., na condição de sucessor do banco Mercantil de Crédito Financiamentos S.A, apontando erro na sentença proferida no Id. 63255741 - pág. 47, que julgou procedente o pedido autora.
A parte embargante alega, em síntese, que a parte embargada, ora autor, por diversas vezes, já ingressou com ações contra o grupo econômico, alegando a inexistência de contratação de serviços bancários.
Sustenta que a relação contratual é lícita, uma vez que o valor contratado foi efetivamente depositado na conta de titularidade da parte demandante.
Afirma que a sentença incorreu em erro, devendo ter sido julgada improcedente, pois foi demonstrada a prova da suposta contratação do objeto da lide.
Diante disso, requer o acolhimento e provimento dos embargos, com a consequente reforma da sentença proferida no Id. 63255741 A parte autora, ora embargada, apresentou contrarrazões no Id. 104936557, nas quais sustenta que a pretensão da parte requerida é, na verdade, revisar o mérito da sentença.
Ao final, requer a rejeição dos embargos de declaração.
Os autos vieram-me conclusos. É o breve relatório.
DECIDO.
Verifico que o presente recurso foi interposto tempestivamente, dentro do prazo de cinco dias, conforme dispõe o art. 1.023 do CPC, contados da publicação da sentença (Id.63255741).
O art. 1.022 do CPC estabelece que os Embargos de Declaração são cabíveis contra qualquer decisão judicial com o objetivo de esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão ou corrigir erro material.
Ultrapassar tais limites configuraria violação à finalidade do recurso.
Analisando os autos, constato que a parte embargante interpôs Embargos de Declaração com o intuito de rediscutir o mérito da sentença, sob o argumento de que o contrato apresentado seria lícito, uma vez que o valor foi depositado na conta da parte autora.
Todavia, a pretensão deduzida nos presentes embargos não se coaduna com a finalidade legalmente atribuída a esse tipo de recurso.
Os Embargos de Declaração têm cabimento apenas nas hipóteses expressamente previstas no art. 1.022 do Código de Processo Civil: obscuridade, contradição, omissão ou erro material.
Não se trata, portanto, de instrumento adequado para rediscutir o mérito da causa.
A via processual correta para impugnar o conteúdo da sentença seria o recurso de Apelação, e não os Embargos de Declaração.
A esse respeito, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará já sedimentou entendimento: "Súmula 18 do TJCE: são indevidos embargos de declaração que têm por única finalidade o reexame da controvérsia jurídica já apreciada." Portanto, não havendo na Sentença proferida qualquer vício que justifique sua modificação, a rejeição dos Embargos é medida que se impõe.
Ante o exposto, rejeito os Embargos de Declaração opostos pelo Banco Mercantil de Crédito do Brasil S.A, por não verificar a existência de erro na Sentença proferida no Id.63255741, permanecendo inalterada todos os seus termos.
Expedientes necessários.
Itapajé/CE, data da assinatura digital. Marcos Bottin Juiz de Direito -
05/06/2025 10:51
Expedida/certificada a comunicação eletrônica Documento: 158409166
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04/06/2025 15:13
Embargos de Declaração Não-acolhidos
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04/06/2025 10:24
Conclusos para julgamento
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04/06/2025 10:22
Cancelada a movimentação processual Conclusos para decisão
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16/09/2024 18:04
Juntada de Petição de resposta
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06/07/2023 11:22
Juntada de Petição de Petição (outras)
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04/07/2023 08:26
Juntada de Petição de execução / cumprimento de sentença
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03/07/2023 00:00
Publicado Intimação da Sentença em 03/07/2023. Documento: 63255741
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30/06/2023 00:00
Intimação
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ Comarca de Itapajé-CE 2ª Vara Cível da Comarca de Itapajé Av.
Raimundo Azauri Bastos, s/n, BR 222, KM 122, V.
CEP 62600-000 (85) 3346-1107 | [email protected] | (85) 99139-2353 (Whatsapp Business) Processo: 3000070-80.2021.8.06.0100 Promovente: ANTONIO PEREIRA DO NASCIMENTO Promovido: BANCO MERCANTIL DO BRASIL SA SENTENÇA I.
RELATÓRIO Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Negócio Jurídico c/c Indenizatória com Pedido de Liminar ajuizada ANTONIO PEREIRA DO NASCIMENTO, sob o rito da Lei 9.099/95, em face de BANCO MERCANTIL DO BRASIL SA, já qualificados nos presentes autos..
Dispensado o relatório, nos termos do art. 38, da Lei 9.099/95.
II.
FUNDAMENTAÇÃO.
O presente feito deve ser julgado antecipadamente, na forma da regra contida no art. 355, I, do CPC/2015, que assim estabelece: “Art. 355.
O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas;” Não vislumbro necessidade de produção probatória, posto que a prova documental constante dos autos é suficiente para a solução da lide, de modo que não há um único fato alegado que necessite de produção de prova testemunhal ou pericial.
Nesse sentido, o entendimento do STJ é firme quanto à desnecessidade de audiência de instrução em tais hipóteses: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO DE ARBITRAMENTO E COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73.
AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE, OMISSÃO OU CONTRADIÇÃO.
CERCEAMENTO DE DEFESA E OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO.
REVISÃO.
SÚMULA 7/STJ.
DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA.
SÚMULA 284/STF.
OFENSA AOS ARTS. 38 E 401 DO CPC/73, 136, V, E 141, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC/16 E ARTS. 212, IV, E 227, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC/02.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS 282 E 356 DO STF.
ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
REDUÇÃO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL.
POSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA N. 7 DO STJ NÃO APLICÁVEL NA HIPÓTESE DE EXORBITÂNCIA.
AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE PROVIDO. 2.
O reconhecimento de causa madura permite o julgamento antecipado da lide, considerando despicienda a dilação probatória, ainda que uma das partes pretenda a realização de audiência de instrução e julgamento para a oitiva de testemunhas.
Sendo o juiz o destinatário da prova, a reforma do aresto, neste aspecto, implicaria inegável necessidade de reexame de matéria fático-probatória, providência inviável de ser adotada em sede de recurso especial, ante o óbice da Súmula 7 desta Corte. (AgRg no REsp 1345375/PR, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 28/03/2019) (Grifo nosso) Portanto, me utilizando da faculdade contida no art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil, passo ao julgamento antecipado da lide.
DAS PRELIMINARES Contudo, antes de adentrar ao mérito da presente demanda indenizatória, procedo à análise das preliminares apresentadas pela promovida, nos termos que passo a expor: DA ILEGITIMIDADE PASSIVA A preliminar de ilegitimidade passiva ad causam levantada na resposta pela demanda não merece guarida.
Consoante ensinam Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, “é titular de ação apenas a própria pessoa que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede (legitimidade ativa), podendo ser demandado apenas aquele que seja titular da obrigação correspondente (legitimidade passiva)” (Teoria geral do processo. 17. ed.
São Paulo: Malheiros, p. 260).
De se anotar que as condições da ação devem ser verificadas in statu assertiones, ou seja, segundo a narrativa da petição inicial (cf.
BEDAQUE, José Roberto dos Santos.
Poderes instrutórios do juiz. 4. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 52-53).
Nessa esteira, imputando a autora à corré responsabilidade pelos danos materiais e morais sofridos, resta evidente ser o BANCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. parte legítima para figurar no polo passivo da relação jurídico-processual em que veiculada a pretensão, integrando a cadeia de consumo, pois, por força do artigo 7º, parágrafo único, combinado com o artigo 14, caput, ambos do Código de Defesa do Consumidor, a demandada responde solidariamente pelos danos provocados aos consumidores, independentemente de culpa, decorrente do risco da própria atividade.
Ademais, a alegação de ilegitimidade não se encontra corroborada por qualquer comprovação nesse sentido.
Ao contrário, o Extrato do INSS de ID 27372732, evidencia que a promovida indicada na exordial é a responsável pelo empréstimo questionado pela promovente.
Com tal fundamentação, rejeito a preliminar aventada.
DO MÉRITO.
Ab initio, destaco a aplicação do Código de Defesa do Consumidor na relação travada entre as partes, consoante entendimento consolidado na Súmula 297 do STJ, que assim dispõe: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.” No mérito, o pedido é procedente.
No caso em apreço, alega a parte autora que não firmou contrato de empréstimo consignado com o demandado (Contrato n. 017026517, indicado no ID 27372732), sendo certo que, por se tratar de consumidor hipossuficiente, é inviável exigir que apresente prova de fato negativo, isto é, de que não realizou o empréstimo impugnado, cabendo ao réu, na condição de fornecedor do serviço, tal demonstração.
Ressalte-se que, em se tratando de relação de consumo, caberia ao requerido demonstrar se ocorreu a contratação de empréstimo bancário.
A propósito, a responsabilidade do banco réu é objetiva, decorrente do risco da própria atividade.
Ao disponibilizar a contratação de empréstimos assume o banco o risco de causar prejuízos aos consumidores em caso de fraudes no seu sistema.
Esse risco é computado pelo banco e remunerado por meio das inúmeras taxas cobradas dos correntistas.
A jurisprudência tem perfilhado o mesmo entendimento.
Veja-se. “RECURSO INOMINADO.
RESPONSABILIDADE CIVIL.
CONSUMIDOR.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTRATAÇÃO. ÔNUS QUE INCUMBIA AO RÉU.
DESCONTO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
CANCELAMENTO DOS DESCONTOS.
DEVOLUÇÃO DO VALOR DESCONTADO INDEVIDAMENTE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO.
DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. 1.
Afirma a parte autora que foi surpreendida com descontos em seu benefício previdenciário de valores decorrentes de empréstimo consignado, embora não tenha feito nenhuma contratação neste sentido. 2.
A parte requerida não comprovou a regularidade da contratação e dos descontos realizados no benefício previdenciário recebido pela ré. 3.
Situação que demonstra a falha na prestação dos serviços da empresa requerida, não havendo que se falar em exceções previstas no § 3º do art. 14 do CDC (...) SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO IMPROVIDO.
UNÂNIME. (TJRS, Recurso Cível Nº *10.***.*97-09, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,...
Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 22/09/2015).” “DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
CERCEAMENTO DE DEFESA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.
NULIDADE INEXISTENTE DIREITO DO CONSUMIDOR.
CONTRATOS DE EMPRÉSTIMOS FRAUDULENTOS.
DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. ÔNUS DA PROVA DO FORNECEDOR.
DESCONTOS INDEVIDOS EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
RESTITUIÇÃO SIMPLES.
DANO MORAL CARACTERIZADO.
COMPENSAÇÃO.
PROPORCIONALIDADE. (...) II.
Pela teoria do risco do negócio ou da atividade, explicitamente albergada pelo artigo 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor, as instituições bancárias respondem objetivamente pelas vicissitudes empresariais que envolvem a prestação de serviços.
III.
Uma vez negada a contratação de empréstimos bancários, à instituição financeira incumbe comprovar a inexistência de defeito na prestação do serviço, segundo a inteligência do artigo 14, § 3º, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor.
IV.
Se o banco se omite completamente na arena probatória e deixa de demonstrar a integridade dos seus sistemas e operações, não há como aliviar a sua responsabilidade civil.
V.
Descontos de empréstimos não contraídos, ocasionados por contratação proveniente de fraude, longe de representar eximente indenizatória, evidencia falha na prestação dos serviços que testifica de modo insuperável a responsabilidade civil da instituição financeira.
VI.
Devem ser restituídos ao consumidor os valores indevidamente descontados de seu benefício previdenciário. (...) (APC 20.***.***/2269-29 Relator(a):JAMES EDUARDO OLIVEIRA Julgamento: 15/07/2015 Órgão Julgador: 4ª Turma Cível Publicação: Publicado no DJE : 04/09/2015)” “EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL.
NULIDADE CONTRATUAL.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
APOSENTADO DO INSS.
DESCONTOS INDEVIDOS.
PROTEÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -CDC, ART. 42.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO BANCO.
TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES 1.
O ato praticado pelo Apelante em cobrar empréstimo consignado não autorizado em benefício de aposentado não respeitando os ditames da lei, afronta o direito do consumidor em face da inexistência da autorização deste empréstimo, presume-se que a cobrança indevida desses valores faz com que a Ré seja condenada a devolver em dobro, os valores descontados, é assim que apresenta o parágrafo único do art. 42 do CDC.(...)(AC 00001486020128180051 PI 201400010086161 Relator(a): Des.
José James Gomes Pereira Julgamento: 07/04/2015 Órgão Julgador: 2ª Câmara Especializada Cível Publicação: 28/04/2015)” Assim, com supedâneo na inversão do ônus da prova que milita em favor da parte promovente (Art. 6º, VII do CDC), caberia ao requerido comprovar a regularidade do contrato de empréstimo firmado entre as partes.
Ocorre que o requerido assim não procedeu, vez que não acostou nenhuma prova relativa aos contratos em análise.
Com efeito, a parte requerida não trouxe qualquer documentação comprobatória da existência do contrato de empréstimo nº 017026517, que supostamente teria sido firmado com a parte requerente.
Também não juntou cópia de documentos da requerente, que, na suposta contratação, certamente seriam retidos não tendo, portanto, se desincumbido de seu ônus processual de demonstrar a validade da contratação questionada.
Ora, em casos como esse não há como exigir que o autor forneça os documentos que atestem a ausência de nulidade dos negócios jurídicos entre ele e a empresa demandada, eis que é impossível ao demandante produzir prova negativa, no sentido de comprovar que não assinou os documentos referentes ao contrato de empréstimo em questão.
Aqui, o ônus probatório era da empresa ré, que não demonstrou interesse em contestar os argumentos da inicial, trazendo afirmações totalmente genéricas, sem nada especificar sobre o caso dos autos.
Passo a analisar os pedidos trazidos na exordial.
No que se refere ao pedido de condenação em danos morais, entendo que merece prosperar a pretensão do requerente.
Em situações como a dos autos, o dano moral é in re ipsa, ou seja, independe da comprovação do grande abalo psicológico sofrido pela vítima.[1] É inegável que a conduta da requerida é motivo suficiente para responsabilizá-la pelos danos sofridos pela promovente.
Trata-se de dano moral puro, que prescinde de prova e resulta da simples conduta desidiosa e gravosa do agente ofensor, sendo presumidos os prejuízos alegados pela parte autora, que, saliente-se, teve parte de seu benefício previdenciário, verba de natureza alimentícia, descontada indevidamente durante vários meses.
Atinente à fixação do quantum indenizatório, deve o Magistrado se orientar pelo princípio da razoabilidade.
Não se deve fixar um valor a permitir enriquecimento ilícito, como também não se pode condenar em quantia que não represente uma sanção efetiva ao ofensor.
Dessa forma, considerando todo o exposto, fixo em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a indenização por danos morais, dado o curto lapso temporal entre o início dos descontos e à época em que foi ajuizada a demanda.
No que se refere ao pedido de condenação em danos materiais, entendo que também merece prosperar a pretensão do requerente.
Em relação à devolução dos valores indevidamente cobrados, dispõe o parágrafo único do artigo 42 do Código Consumerista que, “o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.
Fazendo uma interpretação sistemática do artigo citado, verifica-se o caráter eminentemente sancionatório da norma, que se revela muito mais que pena civil, prestando-se primordialmente a demonstrar a finalidade educativa da sanção.
Quando a Lei 8.078/90 (CDC) prevê que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, objetiva que o fornecedor ou a ele equiparado não pratique novamente a conduta repudiada pela lei, pela qual fora punido.
O STJ chegou a uma interpretação de que a obrigação de devolver os valores em dobro não depende do elemento volitivo do fornecedor que os cobrou indevidamente.
Basta que seja contrária à boa-fé objetiva, fator que está em todas as relações contratuais e nas normas do CDC.
As teses foram aprovadas no julgamento dos recursos: EAREsp 676.608 (paradigma), EAREsp 664.888, EAREsp 600.663, EREsp 1.413.542, EAREsp 676.608, EAREsp 622.697, a qual ficou sedimentado o seguinte entendimento: 1.
A restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC) independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor que cobrou valor indevido, revelando-se cabível quando a cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva. 2.
A repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não contratados promovida por empresa de telefonia deve seguir a norma geral do lapso prescricional (10 anos, artigo 205 do Código Civil) a exemplo do que decidido e sumulado (Súmula 412/STJ) no que diz respeito ao lapso prescricional para repetição de medida de tarifas de água e esgoto. 3.
Modular os efeitos da presente decisão para que o entendimento aqui fixado seja aplicado aos indébitos não-decorrentes da prestação de serviço público a partir da publicação do acórdão (STJ - Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça - Julgados: EAREsp 676.608 (paradigma); EAREsp 664.888; EAREsp 600.663; EREsp 1.413.542; EAREsp 676.608; EAREsp 622.697 - Data 21/10/2020).
Isso significa que não há necessidade de provar a má-fé, basta que a conduta do fornecedor seja contrária a boa-fé objetiva.
Portanto, somente o engano justificável, cuja prova cabe à parte demandada, tem o condão de afastar a aplicação da norma sancionadora em comento.
In casu, no entanto, não há que se falar em engano justificável, pois o requerido, mesmo tendo a disposição diversos sistemas de consultas, concedeu empréstimo sem antes se certificar da autenticidade das assinaturas firmadas pelo fraudador.
Ou seja, no afã de captar clientes, ignorou os procedimentos de cautela que deveriam ser adotados no momento da concessão do crédito, agindo com total negligência no fornecimento e na prestação de seus serviços.
Nessa linha de pensamento, cito o recente precedente do Eg TJCE: (…) VIII – Ademais, o STJ chegou a uma interpretação de que a obrigação de devolver os valores em dobro não depende do elemento volitivo do fornecedor que os cobrou indevidamente.
Basta que seja contrária à boa-fé objetiva, fator que está em todas as relações contratuais e nas normas do CDC.
Teses firmadas nos julgamentos dos recursos: EAREsp 676.608 (paradigma), EAREsp 664.888, EAREsp 600.663, EREsp 1.413.542, EAREsp 676.608, EAREsp 622.697.
Assim, a devolução dos valores que foram indevidamente descontados do benefício previdenciário da parte promovente, deve ser em dobro e não de forma simples. (...) (TJCE – Apelação nº 0000966-87.2018.8.06.0066, Relator (a): FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE; Comarca: Cedro; Órgão julgador: Vara Única da Comarca de Cedro; Data do julgamento: 02/02/2021; Data de registro: 02/02/2021) Dessa forma, entendo que a devolução dos valores indevidamente cobrados deverá se dar de forma dobrada.
Por fim, havendo nos autos elementos que evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, DEFIRO tutela de urgência de natureza antecipada consistente na suspensão dos descontos no benefício previdenciário da demandante, oriundo do Contrato n. 017026517, indicado no ID 27372732.
III.
DISPOSITIVO DIANTE DO EXPOSTO, e com fundamento no art. 487, I do CPC-2015, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, com resolução do mérito, para: a) Deferir a tutela de urgência de natureza antecipada, consistente na suspensão dos descontos no benefício previdenciário da demandante, oriundo do Contrato n. 017026517, indicado no ID 27372732.
Para tanto, oficie-se, com urgência, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, órgão responsável pelo pagamento e desconto; b) Declarar a inexistência do contrato de empréstimo de nº 017026517, indicado no ID 27372732, para cessarem todos os efeitos dele decorrentes; c) Condenar a parte promovida a restituir, na forma dobrada, todas as parcelas descontadas indevidamente até a efetiva suspensão ou extinção do contrato em apreço no benefício previdenciário da autora.
Tais valores deverão ser acrescidos de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária (INPC), ambos a partir do efetivo desembolso de cada parcela (ressalvada a prescrição parcial quinquenal das parcelas). (súmulas 43 e 54 do STJ), devendo ser observada a prescrição parcial das eventuais parcelas que se venceram há mais de 5 anos do ajuizamento da ação, nos termos do art. 206, §5, I do CC/02. d) Condenar o Banco Demandado ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ao autor a título de indenização por danos morais, com correção monetária (INPC) contada da data desta sentença (sumula 362, STJ) e juros de mora de 1% desde o evento danoso, sumula 54 STJ.
Sem custas e honorários nesta fase (artigo 55, da Lei 9.099/95).
Publique-se.
Registre-se.
Após Intimem-se as partes, por seus causídicos, da presente sentença.
Transitada em julgado, intime-se novamente a parte autora, por seu causídico, para dar início ao cumprimento de sentença, sob pena de arquivamento do feito.
Itapajé/CE, 22 de junho de 2023.
Ney Franklin Fonseca de Aquino Juiz Leigo DESPACHO/DECISÃO
Vistos.
Homologo a Minuta de Sentença elaborada pelo juiz Leigo para que produza os seus jurídicos e legais efeitos, nos termos do Art. 40 da Lei 9.099/95.
Intimem-se.
Registre-se.
Itapajé/CE, 22 de junho de 2023.
Luiz Eduardo Viana Pequeno Juiz de Direito [1] Nesse sentido, o TJCE: Relator(a): FRANCISCO BARBOSA FILHO; Comarca: Cedro; Órgão julgador: 5ª Câmara Cível; Data do julgamento: 09/03/2016; Data de registro: 09/03/2016; Outros números: 6791512014806006650000. -
30/06/2023 00:00
Disponibilizado no DJ Eletrônico em 30/06/2023
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29/06/2023 12:49
Expedida/certificada a comunicação eletrônica
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29/06/2023 09:52
Julgado procedente o pedido
-
28/06/2023 06:01
Conclusos para julgamento
-
21/06/2023 09:27
Juntada de Outros documentos
-
21/06/2023 09:24
Juntada de ata de audiência de conciliação
-
21/06/2023 08:35
Juntada de Petição de substabelecimento
-
20/06/2023 14:43
Juntada de Petição de documento de identificação
-
16/06/2023 12:56
Juntada de Petição de contestação
-
15/06/2023 13:57
Juntada de Petição de contestação
-
07/02/2023 12:16
Expedição de Outros documentos.
-
04/11/2022 16:53
Juntada de documento de comprovação
-
22/10/2022 00:57
Decorrido prazo de BANCO MERCANTIL DO BRASIL SA em 21/10/2022 23:59.
-
14/10/2022 00:42
Decorrido prazo de SARAH CAMELO MORAIS em 13/10/2022 23:59.
-
13/10/2022 12:45
Juntada de documento de comprovação
-
27/09/2022 09:10
Expedição de Outros documentos.
-
27/09/2022 08:52
Desentranhado o documento
-
27/09/2022 08:52
Cancelada a movimentação processual
-
27/09/2022 08:44
Expedição de Aviso de recebimento (AR).
-
26/09/2022 14:07
Expedição de Outros documentos.
-
26/09/2022 13:45
Ato ordinatório praticado
-
23/09/2022 13:44
Audiência Conciliação designada para 21/06/2023 09:00 2ª Vara Cível da Comarca de Itapajé.
-
31/08/2022 11:08
Juntada de Ofício
-
30/08/2022 14:08
Expedição de Ofício.
-
24/08/2022 13:54
Juntada de documento de comprovação
-
23/08/2022 13:11
Expedição de Ofício.
-
22/08/2022 14:37
Ato ordinatório praticado
-
09/05/2022 11:15
Redistribuído por sorteio em razão de criação de unidade judiciária
-
18/02/2022 14:07
Proferido despacho de mero expediente
-
15/02/2022 11:17
Conclusos para despacho
-
15/02/2022 11:17
Audiência Conciliação realizada para 15/02/2022 09:30 1ª Vara da Comarca de Itapajé.
-
24/01/2022 10:47
Proferido despacho de mero expediente
-
08/12/2021 15:01
Juntada de Petição de pedido (outros)
-
07/12/2021 09:25
Conclusos para decisão
-
07/12/2021 09:25
Expedição de Outros documentos.
-
07/12/2021 09:25
Audiência Conciliação designada para 15/02/2022 09:30 1ª Vara da Comarca de Itapajé.
-
07/12/2021 09:25
Distribuído por sorteio
Detalhes
Situação
Ativo
Ajuizamento
09/05/2022
Ultima Atualização
15/08/2025
Valor da Causa
R$ 0,00
Documentos
Decisão • Arquivo
Decisão • Arquivo
Despacho • Arquivo
Decisão • Arquivo
Intimação da Sentença • Arquivo
Sentença • Arquivo
Execução / Cumprimento de Sentença • Arquivo
Execução / Cumprimento de Sentença • Arquivo
Intimação da Sentença • Arquivo
Sentença • Arquivo
Ata de Audiência de Conciliação • Arquivo
Ata de Audiência de Conciliação • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Ato Ordinatório • Arquivo
Despacho • Arquivo
Despacho • Arquivo
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